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Seleção Canarinho S.A.

Há alguns dias, vi um homem puxando uma dessas carrocinhas pela rua, próximo à minha residência. Ele era jovem, e estava vestido à caráter para a Copa, com uma enorme peruca de nylon nas cores verde e amarelo. Sua expressão era de pura alegria, apesar da flagrante exclusão socioeconômica de que é vítima. Tanta alegria só pode ser explicada pela realização da Copa em poucos dias. A imprensa tem noticiado, […] Leia mais

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Investidor em Ação

Publicado em 12 de junho de 2014 às, 18h59.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h26.

Há alguns dias, vi um homem puxando uma dessas carrocinhas pela rua, próximo à minha residência. Ele era jovem, e estava vestido à caráter para a Copa, com uma enorme peruca de nylon nas cores verde e amarelo. Sua expressão era de pura alegria, apesar da flagrante exclusão socioeconômica de que é vítima. Tanta alegria só pode ser explicada pela realização da Copa em poucos dias.

Pobre economia brasileira em 2013

A imprensa tem noticiado, com algum destaque, a situação sui generis da organização da Copa no Brasil – seus gastos bilionários e supérfluos, promovidos pelo governo -, além de questões relativas ao negócio encaminhado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) e pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que, apesar de não parecerem, são organizações privadas e visam ao lucro.

Ou seja, a Copa do Mundo é um “business” como qualquer outro. Dessa forma, a seleção Canarinho, constituída pela CBF, não passa de um time de executivos de uma “empresa” – comissão técnica e, principalmente, jogadores – brigando pelo sucesso (levar a taça para casa e faturar milhões de dólares) entre todas as outras seleções classificadas.

Deixando aspectos emocionais e patrióticos de lado – sei que é difícil, dada a cultura do futebol reinante no país -; e avaliando a situação do ponto de vista estritamente racional faço a seguinte pergunta:

– quem de vocês costuma acompanhar, ou mesmo torcer pelo sucesso financeiro e operacional de companhias globais – como Apple, Pepsico, McDonald’s, Ford -, ou mesmo das nacionais, se não houver uma razão muito específica para isso?

Ou seja, se você for um consumidor de produtos da Apple ou mesmo, seu acionista, você terá todos os motivos para torcer por ela – e pelo sucesso de seus executivos, que deverá se traduzir no sucesso da companhia -, tanto do ponto de vista de melhoria e inovação de seus produtos, quanto pelo aumento do valor da companhia cotada em bolsa.

Dessa forma, você desejará monitorar tanto o desempenho financeiro e operacional da companhia ao longo do tempo, quanto os novos lançamentos efetuados e que estão por vir, e talvez até saiba o nome do CEO e/ou do presidente da companhia, assim como de seu time de principais executivos.

No caso da seleção Canarinho, todo brasileiro sabe os nomes de seus principais executivos/jogadores; mas cabe perguntar, que tipo de benefício e/ou vantagem real e efetiva será obtido pelos torcedores brasileiros – e por aquele pobre coitado puxador de carrocinha em particular – com a conquista da Copa? Possivelmente nenhum.

Conforme mencionei, é sabido que o time será regiamente compensado em caso de vitória. Bom para eles… Mas essa conquista será, de fato, importante para nós, brasileiros?

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