Risco de mercado em aplicações prefixadas
Em tempos de alta da taxa de inflação brasileira, e aumentos da taxa básica de juros da economia (SELIC) para combatê-la, cresce o risco para as aplicações prefixadas: o chamado risco de mercado ou risco de taxa de juros. O site do Tesouro Direto, onde se realizam aplicações em várias modalidades de títulos emitidos pelo tesouro brasileiro, têm o menor risco de crédito do mercado local – risco governo. Lá […] Leia mais
Publicado em 18 de setembro de 2013 às, 13h57.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h50.
Em tempos de alta da taxa de inflação brasileira, e aumentos da taxa básica de juros da economia (SELIC) para combatê-la, cresce o risco para as aplicações prefixadas: o chamado risco de mercado ou risco de taxa de juros.
O site do Tesouro Direto, onde se realizam aplicações em várias modalidades de títulos emitidos pelo tesouro brasileiro, têm o menor risco de crédito do mercado local – risco governo. Lá se encontram títulos de várias maturidades, que podem chegar a mais de 10 anos de prazo – seja na modalidade prefixada ou pós-fixada – normalmente indexada ao IPCA, o índice oficial de inflação.
No caso das aplicações prefixadas, a principal característica é o conhecimento antecipado pelo investidor de quanto renderá sua aplicação, seja em termos de taxa de juros, seja em termos de valores/reais.
Uma informação importante para o investidor em papéis prefixados é saber quanto ele poderia “perder/ganhar” em caso de oscilação da taxa de juros do mercado. É razoável esperar que após uma alteração inesperada dos juros na economia, o preço de mercado de seu título deva mudar para se adequar às novas condições; o que fará com que o valor atual de seu investimento também mude.
Dessa forma, o investidor pode utilizar uma “ferramenta” de gestão de renda fixa que poderá antecipar para ele, de maneira simples e direta, essa alteração no valor de sua aplicação: a Duration Modificada. Vamos imaginar que ele tenha aplicado em um título prefixado (como uma LTN – Letra do Tesouro Nacional) com vencimento em um ano, a uma taxa de 10% aa. E que a aplicação tenha um valor de resgate de R$ 1.000.000,00 na data de vencimento.
O preço do título, e o valor presente da aplicação são, respectivamente: P = 0,909091 e VP = R$ 909.090,91; de sorte que ao se aplicar à taxa de 10% aa. para o período definido, se obtenha o valor de R$ 1.000.000,00 de resgate – bruto de imposto de renda.
Caso o Banco Central eleve inesperadamente a taxa de juros SELIC em 1% aa, é razoável imaginar que a taxa de juros do título que acabou de ser comprado também se eleve na mesma proporção. Ou seja, passe de 10% aa. para 11% aa.. Qual será o efeito dessa mudança no valor presente da aplicação?
Pode-se calcular isso da maneira mais trabalhosa e tradicionalmente empregada por quem não conhece o conceito de “Duration Modificada”. Assim, seria possível calcular a perda recalculando o novo preço do título e comparando-o com o antigo preço para perceber de quanto foi a oscilação em seu valor e, consequentemente, a perda estimada em face do novo valor de mercado do título. Ou pode-se, simplesmente, aplicar a seguinte fórmula.
Variação no preço do título = Valor Presente inicial X [Prazo/(1+ taxa de juros original)] X oscilação da taxa de juros em %. Onde, [Prazo/(1+ taxa de juros original)] é a Duration Modificada do título.
Ou seja: Variação no preço do título = – R$ 909.090,91 X (1/1,10) X 0,01 = – R$ 8.264,46, com sinal negativo, já que o preço do título caiu em 0,008264. A oscilação no preço do título ou no valor presente da aplicação representa uma perda de cerca de 0,9090% em relação ao que ele valia antes do aumento da taxa de juros; que é, exatamente, o valor estimado pela Duration Modificada do título, quando multiplicada pela oscilação estimada da taxa de juros de mercado para aquele prazo.
Entretanto, essa estimativa de perda no valor presente do título só será efetiva se realizada. Isto é, se o investidor tiver que vender o título – por qualquer motivo -, ao novo preço de mercado. Caso ele não precise vendê-lo, e possa “carregá-lo” até o vencimento, essas oscilações – que certamente acontecerão ao longo da vida do papel -, não irão afetar a rentabilidade e o valor de resgate a ser recebido ao final da aplicação.
As oscilações só afetarão os investimentos daqueles que, por qualquer razão, tenham que vender seus títulos antes do vencimento e, em consequência disso, fiquem sujeitos às flutuações nas taxas de juros de mercado.
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