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Por que recusei ser presidente da Petrobras

“… Pesando os prós e os contras, me parece que o risco de dar errado é bem maior do que o de dar certo. Infelizmente, não vou topar a parada e vou ter que negar o convite da Presidenta. Mas não vou deixá-la totalmente na mão e vou sugerir um nome que, certamente, aceitará esse desafio: … Caberá à Presidenta avaliar se vale a pena convidá-lo…” Estava dormindo em minha […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 09h06.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h09.

“… Pesando os prós e os contras, me parece que o risco de dar errado é bem maior do que o de dar certo. Infelizmente, não vou topar a parada e vou ter que negar o convite da Presidenta. Mas não vou deixá-la totalmente na mão e vou sugerir um nome que, certamente, aceitará esse desafio: … Caberá à Presidenta avaliar se vale a pena convidá-lo…”

Estava dormindo em minha casa na noite de quinta para sexta-feira quando, lá pelas quatro horas da madrugada, toca o meu celular logo ali, no meu criado-mudo. Ao atender, ainda meio tonto, ouço uma voz grave do outro lado da linha: – desculpe acordá-lo a essa hora da noite, mas decidi que você será o presidente da Petrobras. Imediatamente caiu a ficha: era a Presidenta!!!

Embolou o meio de campo

Ela continuou a falar… – Espero você à primeira hora da manhã no Planalto para acertarmos os detalhes. Até amanhã, disse ela, e desligou em seguida. Bom, a partir daquele momento não consegui mais dormir…

Precisava avaliar sob que condições eu poderia aceitar tal convite para não me “queimar” ou, até mesmo, me envolver criminalmente com a corrupção instalada na Petrobras. Não gostaria de ser acusado no futuro de conivência ou qualquer coisa nessa linha pelo ministério público brasileiro, ou grupo de investidores descontentes com prejuízos ocorridos nas ações da companhia.

O primeiro ponto a considerar é qual será a minha autonomia na gestão da empresa? Será que ela poderá ser gerida conforme as melhores práticas de governança corporativa e sob as regras de mercado, ou continuará a sofrer interferência do governo nas suas decisões operacionais (fixação do preço dos combustíveis etc.) e estratégicas (volume de investimentos a ser realizado na exploração do Pré-sal etc.)?

Qual será o ambiente e condições existentes na empresa a partir do momento em que eu tomar posse? Preciso saber quantas e quais são as diretorias que ainda pertencem ao PT; e mais, quantos cargos de confiança e/ou em comissão ainda detém o PT e os partidos que o apoiaram na última eleição? Mesmo que o governo não interfira diretamente na gestão, a política o fará!

É… saber isso é de suma importância para avaliar se a empresa tem capacidade e profissionalismo suficientes que a permitam tocar sua vida empresarial e corporativa de maneira competente e profissional. Não é coincidência que a Petro tenha amealhado cerca de US$ 80 bilhões em ativos podres em seu balanço nos últimos anos… Corrupção à parte, acredito que ainda exista muita incompetência lá dentro.

E por falar em “esqueletos” no balanço da companhia, será que a empresa ainda possui capacidade financeira para carregar (e eventualmente aumentar?!?) a sua dívida bilionária de mais de US$ 300 bi? Onde poderei obter recursos para manter sua solvência? Novos empréstimos? Mas a que custo? E se a Petro perder seu rating de investimento não especulativo, o que acontecerá?

Isso me remete à necessidade de fazer uma nova capitalização da empresa no mercado de capitais, já que sua capacidade de endividamento minguou. E para isso, precisaria de investidores para comprar as ações da companhia… Isso será complicado, pois a credibilidade na empresa despencou – junto com o preço de suas ações. Tanto investidores institucionais quanto pessoas físicas estão no prejuízo desde que compraram suas ações por cerca de R$ 26 reais, na última capitalização realizada pela empresa em 2010.

Dado o quadro internacional e tendência dos preços do petróleo, o Pré-sal ainda é viável, ou terá que ser abandonado abruptamente caso o preço do petróleo chegue a US$ 30/barril? A perspectiva de demanda da commodity aponta para uma queda consistente e a oferta, por outro lado, não para de aumentar.

Pesando os prós e os contras, me parece que o risco de dar errado é bem maior do que o de dar certo. Infelizmente, não vou topar a parada e vou ter que negar o convite da Presidenta. Mas não vou deixá-la totalmente na mão e vou sugerir um nome que, certamente, aceitará esse desafio: Eike Batista. Caberá à Presidenta avaliar se vale a pena convidá-lo…

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“… Pesando os prós e os contras, me parece que o risco de dar errado é bem maior do que o de dar certo. Infelizmente, não vou topar a parada e vou ter que negar o convite da Presidenta. Mas não vou deixá-la totalmente na mão e vou sugerir um nome que, certamente, aceitará esse desafio: … Caberá à Presidenta avaliar se vale a pena convidá-lo…”

Estava dormindo em minha casa na noite de quinta para sexta-feira quando, lá pelas quatro horas da madrugada, toca o meu celular logo ali, no meu criado-mudo. Ao atender, ainda meio tonto, ouço uma voz grave do outro lado da linha: – desculpe acordá-lo a essa hora da noite, mas decidi que você será o presidente da Petrobras. Imediatamente caiu a ficha: era a Presidenta!!!

Embolou o meio de campo

Ela continuou a falar… – Espero você à primeira hora da manhã no Planalto para acertarmos os detalhes. Até amanhã, disse ela, e desligou em seguida. Bom, a partir daquele momento não consegui mais dormir…

Precisava avaliar sob que condições eu poderia aceitar tal convite para não me “queimar” ou, até mesmo, me envolver criminalmente com a corrupção instalada na Petrobras. Não gostaria de ser acusado no futuro de conivência ou qualquer coisa nessa linha pelo ministério público brasileiro, ou grupo de investidores descontentes com prejuízos ocorridos nas ações da companhia.

O primeiro ponto a considerar é qual será a minha autonomia na gestão da empresa? Será que ela poderá ser gerida conforme as melhores práticas de governança corporativa e sob as regras de mercado, ou continuará a sofrer interferência do governo nas suas decisões operacionais (fixação do preço dos combustíveis etc.) e estratégicas (volume de investimentos a ser realizado na exploração do Pré-sal etc.)?

Qual será o ambiente e condições existentes na empresa a partir do momento em que eu tomar posse? Preciso saber quantas e quais são as diretorias que ainda pertencem ao PT; e mais, quantos cargos de confiança e/ou em comissão ainda detém o PT e os partidos que o apoiaram na última eleição? Mesmo que o governo não interfira diretamente na gestão, a política o fará!

É… saber isso é de suma importância para avaliar se a empresa tem capacidade e profissionalismo suficientes que a permitam tocar sua vida empresarial e corporativa de maneira competente e profissional. Não é coincidência que a Petro tenha amealhado cerca de US$ 80 bilhões em ativos podres em seu balanço nos últimos anos… Corrupção à parte, acredito que ainda exista muita incompetência lá dentro.

E por falar em “esqueletos” no balanço da companhia, será que a empresa ainda possui capacidade financeira para carregar (e eventualmente aumentar?!?) a sua dívida bilionária de mais de US$ 300 bi? Onde poderei obter recursos para manter sua solvência? Novos empréstimos? Mas a que custo? E se a Petro perder seu rating de investimento não especulativo, o que acontecerá?

Isso me remete à necessidade de fazer uma nova capitalização da empresa no mercado de capitais, já que sua capacidade de endividamento minguou. E para isso, precisaria de investidores para comprar as ações da companhia… Isso será complicado, pois a credibilidade na empresa despencou – junto com o preço de suas ações. Tanto investidores institucionais quanto pessoas físicas estão no prejuízo desde que compraram suas ações por cerca de R$ 26 reais, na última capitalização realizada pela empresa em 2010.

Dado o quadro internacional e tendência dos preços do petróleo, o Pré-sal ainda é viável, ou terá que ser abandonado abruptamente caso o preço do petróleo chegue a US$ 30/barril? A perspectiva de demanda da commodity aponta para uma queda consistente e a oferta, por outro lado, não para de aumentar.

Pesando os prós e os contras, me parece que o risco de dar errado é bem maior do que o de dar certo. Infelizmente, não vou topar a parada e vou ter que negar o convite da Presidenta. Mas não vou deixá-la totalmente na mão e vou sugerir um nome que, certamente, aceitará esse desafio: Eike Batista. Caberá à Presidenta avaliar se vale a pena convidá-lo…

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