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O samba do crioulo doido e os fundamentos perdidos da economia

Costuma-se dizer que a bolsa de valores é o termômetro da economia. E, de fato, o é. Alguns podem pensar que a atuação de especuladores nesse mercado mascara essa avaliação. Mas a verdade é que essa turma de especuladores garante maior liquidez e transparência aos mercados, pois eles tomam o risco que outros agentes não querem assumir. Ao se tomar a bolsa como referência, pode-se avaliar como a economia do […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 20h37.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h18.

Costuma-se dizer que a bolsa de valores é o termômetro da economia. E, de fato, o é. Alguns podem pensar que a atuação de especuladores nesse mercado mascara essa avaliação. Mas a verdade é que essa turma de especuladores garante maior liquidez e transparência aos mercados, pois eles tomam o risco que outros agentes não querem assumir.

O samba do crioulo doido e os fundamentos perdidos da economia

Ao se tomar a bolsa como referência, pode-se avaliar como a economia do país tem se comportado nos últimos tempos. O “samba do crioulo doido”, sinônimo da alta volatilidade experimentada pela bolsa, reflete o alto grau de incerteza existente nos rumos da economia brasileira.

Dessa forma, é natural que os empresários não invistam em um ambiente de alto risco como o atual. Fala-se que a economia parou; e é a pura verdade. A taxa de investimentos caiu e todo mundo tem esperado o resultado da eleição para presidente para avaliar quais serão os novos rumos da economia do país – se é que existirão novos rumos…

A única certeza que se tem é que a economia do país vai mal das pernas. Em todas as áreas: setor externo (déficit em conta corrente altíssimo); setor interno (recessão e queda na produção industrial); inflação beirando o teto superior do intervalo da meta de 4,5% aa; crise fiscal (déficit crônico nas contas do governo) entre outras mazelas.

Pergunto: qual pessoa, em sã consciência, assumiria o risco de investir (na economia real) em um momento desses? Seja abrindo um novo negócio, ou expandindo o já existente, comprando um imóvel, ou tomando qualquer decisão que implique em alto desembolso de recursos e/ou em assunção de dívida expressiva.

Ninguém, com um pouco de bom senso, faria isso – ou teria feito nos últimos meses. Simplesmente porque ninguém sabe o que poderá acontecer em futuro próximo. Isso decorre da percepção de que passada a eleição, a política econômica poderá sofrer fortes ajustes para que tenha condições de voltar aos eixos e recuperar seus fundamentos perdidos.

Quando se fala em ajustes, pode-se imaginar a aceleração da desvalorização atual do real frente ao dólar e outras moedas fortes, um “tarifaço” nos preços públicos, a elevação, ainda maior, da taxa de juros Selic entre outras medidas de contenção fiscal e monetária pelo governo e Banco Central.

Por outro lado, a não realização desse tipo de medidas de ajuste pode, simplesmente, adiar o problema por mais algum tempo. Mas a hora da verdade virá logo e a economia irá cobrar dos gestores econômicos (e da população) um ajuste muito mais dolorido e profundo, e que será realizado pelo próprio mercado na “porrada”.

Portanto, quem pensa que a bolsa de valores não é um bom termômetro da economia se engana. E quem critica os empresários por não investirem em novas fábricas e negócios, simplesmente, não se colocou no lugar deles. O momento econômico do país é muito delicado. Colocar a economia de volta no rumo do crescimento sustentado com inflação controlada, baixa taxa de juros e moeda estável representa um tremendo desafio para o próximo presidente.

Desafio esse que não se refere apenas à gestão da política econômica brasileira mas, sobretudo, ao desafio político que a situação impõe; de maneira que tudo que tem que ser feito para que isso aconteça ocorra dentro de um clima organizado e dentro dos princípios da democracia a que o país está acostumado.

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Costuma-se dizer que a bolsa de valores é o termômetro da economia. E, de fato, o é. Alguns podem pensar que a atuação de especuladores nesse mercado mascara essa avaliação. Mas a verdade é que essa turma de especuladores garante maior liquidez e transparência aos mercados, pois eles tomam o risco que outros agentes não querem assumir.

O samba do crioulo doido e os fundamentos perdidos da economia

Ao se tomar a bolsa como referência, pode-se avaliar como a economia do país tem se comportado nos últimos tempos. O “samba do crioulo doido”, sinônimo da alta volatilidade experimentada pela bolsa, reflete o alto grau de incerteza existente nos rumos da economia brasileira.

Dessa forma, é natural que os empresários não invistam em um ambiente de alto risco como o atual. Fala-se que a economia parou; e é a pura verdade. A taxa de investimentos caiu e todo mundo tem esperado o resultado da eleição para presidente para avaliar quais serão os novos rumos da economia do país – se é que existirão novos rumos…

A única certeza que se tem é que a economia do país vai mal das pernas. Em todas as áreas: setor externo (déficit em conta corrente altíssimo); setor interno (recessão e queda na produção industrial); inflação beirando o teto superior do intervalo da meta de 4,5% aa; crise fiscal (déficit crônico nas contas do governo) entre outras mazelas.

Pergunto: qual pessoa, em sã consciência, assumiria o risco de investir (na economia real) em um momento desses? Seja abrindo um novo negócio, ou expandindo o já existente, comprando um imóvel, ou tomando qualquer decisão que implique em alto desembolso de recursos e/ou em assunção de dívida expressiva.

Ninguém, com um pouco de bom senso, faria isso – ou teria feito nos últimos meses. Simplesmente porque ninguém sabe o que poderá acontecer em futuro próximo. Isso decorre da percepção de que passada a eleição, a política econômica poderá sofrer fortes ajustes para que tenha condições de voltar aos eixos e recuperar seus fundamentos perdidos.

Quando se fala em ajustes, pode-se imaginar a aceleração da desvalorização atual do real frente ao dólar e outras moedas fortes, um “tarifaço” nos preços públicos, a elevação, ainda maior, da taxa de juros Selic entre outras medidas de contenção fiscal e monetária pelo governo e Banco Central.

Por outro lado, a não realização desse tipo de medidas de ajuste pode, simplesmente, adiar o problema por mais algum tempo. Mas a hora da verdade virá logo e a economia irá cobrar dos gestores econômicos (e da população) um ajuste muito mais dolorido e profundo, e que será realizado pelo próprio mercado na “porrada”.

Portanto, quem pensa que a bolsa de valores não é um bom termômetro da economia se engana. E quem critica os empresários por não investirem em novas fábricas e negócios, simplesmente, não se colocou no lugar deles. O momento econômico do país é muito delicado. Colocar a economia de volta no rumo do crescimento sustentado com inflação controlada, baixa taxa de juros e moeda estável representa um tremendo desafio para o próximo presidente.

Desafio esse que não se refere apenas à gestão da política econômica brasileira mas, sobretudo, ao desafio político que a situação impõe; de maneira que tudo que tem que ser feito para que isso aconteça ocorra dentro de um clima organizado e dentro dos princípios da democracia a que o país está acostumado.

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