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Herança Maldita

Essa é a história de uma família que teve que romper, de maneira drástica, com o status quo para conseguir vislumbrar um novo amanhã para ela. O pai era um sujeito perdulário, que gastava tudo o que a família ganhava; muito além da conta. A família já estava muito endividada e, considerando todos os seus ganhos frente às despesas totais ao longo dos últimos meses, não sobrava dinheiro nem para […] Leia mais

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Investidor em Ação

Publicado em 30 de maio de 2016 às, 08h54.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h38.

Essa é a história de uma família que teve que romper, de maneira drástica, com o status quo para conseguir vislumbrar um novo amanhã para ela.

O pai era um sujeito perdulário, que gastava tudo o que a família ganhava; muito além da conta. A família já estava muito endividada e, considerando todos os seus ganhos frente às despesas totais ao longo dos últimos meses, não sobrava dinheiro nem para pagar uma pequena parcela dos juros mensais devidos sobre a sua pesada dívida com os bancos.

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A família fechava suas contas mensais sempre no vermelho – em déficit. Além disso, devido à insuficiência de recursos para cobrir seu orçamento mensal, ela vinha sacando a descoberto de uma conta de empréstimo que possuía, lastreada na hipoteca de uma casa adquirida pela mãe há poucos anos.

A escola das crianças, assim como as despesas com alimentação, transporte e saúde, representavam proporcionalmente os maiores gastos em seu orçamento. Isto, sem falar na despesa de juros sobre a dívida, que todos os meses consumia boa parte das receitas da família. É claro, que não se pode esquecer daquelas despesas extraordinárias, que já deixaram de se caracterizar como extraordinárias, por serem realizadas frequentemente pelo pai perdulário.

Em desespero, a mãe toma uma decisão radical e se separa do marido, mandando-o “plantar batatas”. Sim, porque além de não colaborar com nada, o sujeito estava levando as finanças da família para o buraco. Pelo menos assim, ela conseguiria estancar aquela sangria desatada de despesas e mais despesas realizadas pelo marido, muitas vezes sem qualquer justificativa – ou com finalidades absolutamente egoístas.

A situação mostrava que chegaria a um limite em breve, porque o banco, onde a família concentrava suas operações, já apresentava resistência em rolar a sua dívida, que era coberta pela garantia dada sobre o imóvel da família.

Caso alguma coisa não fosse feita rapidamente, a continuar a ocorrência do déficit mensal primário da família (aquele, onde se computa apenas o resultado das receitas frente às despesas, sem inclusão dos juros sobre a dívida), ela ficaria inadimplente e, portanto, quebrada, em poucos meses.

A solução encontrada pela mãe foi negociar com o banco a sua dívida hipotecária, já que este se dispunha a aceitar o imóvel dado em garantia e ainda devolver algum dinheiro para ela, o qual seria utilizado para sanear as finanças da família, pagando as despesas deixadas pelo ex-marido e liquidando uma parcela considerável do principal atualizado (e de juros em atraso) da dívida contraída por eles nos últimos anos.

A considerar todos os gastos incorridos nesse ajuste de contas levado a cabo pela mãe – sem computar o valor que estaria sendo gasto para adequar a dívida existente à capacidade de pagamento da família a partir de agora –, registrou-se um déficit primário da ordem de 170 mil reais naquele mês, jamais registrado até então.

Conforme já ressaltado, esse déficit resultou de um ajuste significativo, que serviu para sanear a crise financeira da família, trazendo tanto a trajetória quanto o montante da sua dívida para patamares suportáveis e em linha com o orçamento previsto para os meses seguintes.

Finalmente, a família conseguiu ajustar o seu orçamento de gastos à sua real capacidade de geração de receitas. Entretanto, pode-se afirmar que, apesar da coragem para romper com a situação corrente, a família teve muita sorte ao conseguir negociar com o banco o seu único ativo (o imóvel hipotecado) e, ao mesmo tempo, liquidar a hipoteca existente sobre ele, auferindo, ainda, uma sobra de caixa, que permitiu liquidar parcela expressiva de sua dívida corrente com o banco.

Caso a mãe não tivesse agido rapidamente, em poucos meses a família estaria quebrada, sem qualquer possibilidade de reequilibrar suas finanças de maneira satisfatória.