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E agora José?

Há alguns dias atrás eu estava ouvindo ao rádio e foi noticiado que mais um golpista (de colarinho branco) iria se entregar à justiça, após ter ficado foragido durante meses fora do Brasil – mais precisamente, na Bolívia. Nós já estamos acostumados a ouvir esse tipo de estória. Ou o sujeito dá um tombo no Estado, ou engana a várias pessoas e, em seguida, some com a “grana”. Fato corriqueiro […] Leia mais

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Investidor em Ação

Publicado em 15 de dezembro de 2010 às, 10h48.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 10h40.

Há alguns dias atrás eu estava ouvindo ao rádio e foi noticiado que mais um golpista (de colarinho branco) iria se entregar à justiça, após ter ficado foragido durante meses fora do Brasil – mais precisamente, na Bolívia. Nós já estamos acostumados a ouvir esse tipo de estória. Ou o sujeito dá um tombo no Estado, ou engana a várias pessoas e, em seguida, some com a “grana”. Fato corriqueiro em nosso país.

Entretanto, nesse caso específico, o golpe ocorreu no mercado financeiro. O malandro prometia rentabilidade pré-fixada de 5% ao mês para os investidores que aplicassem dinheiro com ele. Como ele fazia para conseguir e, principalmente, dar a garantia de tal rentabilidade para os aplicadores? Ele aplicava algum modelo matemático/probabilístico infalível na gestão do dinheiro que lhe era confiado? Conhecia os números de Fibonacci mais do que o próprio Fibonacci? Descobriu alguma estratégia com opções que lhe dava retorno certo na faixa dos 5% ao mês prometidos?

Nada disso! Era golpe puro. Um “esquema Ponzi”, onde o dinheiro que é sacado por alguns aplicadores ao longo do processo é bancado pelas novas entradas de recursos; o que permite que a bicicleta continue a rodar. Funciona como o esquema de pirâmide, onde a base sustenta os saques de recursos que acontecem no topo da pirâmide. No entanto, em algum momento, a “corrente da felicidade” é quebrada; seja por um evento inesperado que venha a causar saques maciços – como por exemplo, uma crise no mercado -, ou devido a denúncias em decorrência do não atendimento dos pedidos de resgates para as aplicações; o que ocorrer primeiro!

Muito bem, o sujeito manteve a bicicleta em movimento por cerca de 2 anos, tendo conseguido captar mais de R$ 80 milhões de cerca de 2 mil pessoas que agora tentam reaver o seu dinheiro por meio da justiça. Pode-se enumerar dezenas de casos parecidos com esse ao longo das últimas décadas no Brasil. É impressionante a quantidade de pessoas de bom nível cultural e de formação educacional/profissional sólida que se deixa levar pelo “canto da sereia”.

Apesar da atuação e dos alertas feitos pelas autoridades fiscalizadoras e reguladoras do mercado como, por exemplo, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as pessoas continuam a acreditar nesse tipo de promessa que, deve-se ressaltar, é ilegal na sua origem. É proibido por lei que um gestor de recursos, fundo de investimento, ou qualquer outro participante do sistema de distribuição de valores mobiliários brasileiro prometa rendimento pré-fixado para aplicações de renda variável – que por definição, possuem rendimento variável.

Dessa forma, acreditar em soluções milagrosas, fórmulas mágicas, e sucesso infalível nesse tipo de investimento é a mesma coisa que acreditar nas histórias da carochinha. Vocês se lembram delas? “Alice no país das maravilhas”, “João e Maria”, “O lobo mau e os três porquinhos”… Coisa que só mesmo uma criança consegue; isto é, ter a capacidade de se desprender da realidade e viver esse mundo encantado.

Pois é isso mesmo que acontece com certas pessoas – para não dizer muitas pessoas – em matéria financeira. A facilidade com que se cai nesse tipo de golpe, de maneira recorrente e sistemática, mostra o baixo estágio em que se encontra a educação financeira nesse país. Enquanto as pessoas não perceberem que em matéria de dinheiro e investimentos financeiros não existem fórmulas mágicas de sucesso, ou que o “milagre da multiplicação dos pães” não se aplica, espertalhões sem caráter (para não dizer bandidos), vão continuar a se aproveitar da credulidade das pessoas. E novos golpes virão pela frente.

Nos EUA (Estados Unidos da América do Norte), todos os estudantes da High School – o equivalente ao nível do ensino médio aqui no Brasil – aprendem a matéria Educação Financeira, que faz parte do currículo básico das escolas públicas do país. Além disso, quando nos referimos ao processo de investimento de nossa poupança em ativos financeiros, deve-se tomar cuidado especial. Procurar ler bons livros editados para a área, assim como frequentar bons cursos ministrados por profissionais de reconhecida competência é fundamental. No campo da educação financeira ligada aos investimentos não se deve economizar, pois o dito popular “o barato pode sair caro” cabe como uma luva. Vamos discutir com mais detalhes como obter o máximo de um programa de educação voltado para a área de investimentos em uma próxima oportunidade; não perca!

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