Dívida não se paga. Divida se “rola”.
Essa frase é atribuída ao economista Delfim Neto, enquanto ministro todo poderoso de vários governos brasileiros nas décadas de 70 e 80. Ela indica que à época, o Brasil deveria rolar sua dívida externa em vez de pagá-la. A idéia, no caso, era evitar gastar as reservas internacionais (em dólares) escassas do país, se havia possibilidade de pagar os juros e rolar o principal da dívida. Esta era uma estratégia […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2011 às 11h58.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h43.
Essa frase é atribuída ao economista Delfim Neto, enquanto ministro todo poderoso de vários governos brasileiros nas décadas de 70 e 80. Ela indica que à época, o Brasil deveria rolar sua dívida externa em vez de pagá-la. A idéia, no caso, era evitar gastar as reservas internacionais (em dólares) escassas do país, se havia possibilidade de pagar os juros e rolar o principal da dívida.
Esta era uma estratégia que, para ser bem sucedida, implicava que houvesse disponibilidade de recursos para a rolagem da dívida no mercado internacional, além de credibilidade frente aos credores para que estes se dispusessem a manter o crédito para o país. Quando isso não acontecia o país mergulhava em crise no seu balanço de pagamentos, e organizações multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), precisam intervir para que o país não “quebrasse”.
Pode-se traçar um paralelo com o que acontece na Europa nesse momento. Se alguns dos países envolvidos na crise das dívidas soberanas européias pudessem, certamente continuariam a rolar suas dívidas “ad aeternum”… Entretanto, o mercado, que financia essas dívidas, não concordou; e aí a crise estourou.
Veja os dados da figura no detalhe em http://edition.cnn.com/2011/BUSINESS/06/19/europe.debt.explainer/index.html
Na verdade, caso a situação dessas economias fosse saudável, não haveria crise; mas é exatamente porque estão com problemas crônicos de déficit em suas contas públicas, que as dívidas foram se acumulando até tornar o seu financiamento e rolagem impraticáveis. Não se pode atribuir tão somente aos governos locais a responsabilidade sobre o descontrole das finanças públicas desses países, mas também à crise financeira global de 2008 que acabou por levar a situação a um nível insustentável.
Pode-se avaliar pelas tabelas em anexo como vinha a situação financeira de várias das economias européias nos anos de 2006 a 2009. Percebe-se que, no bloco das economias mais fragilizadas atualmente, os déficits públicos eram crescentes, assim como as dívidas públicas tomadas em proporção do PIB de cada país. Acesse o documento completo em http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_PUBLIC/2-22042010-BP/EN/2-22042010-BP-EN.PDF
Dessa forma, a famosa frase atribuída ao ministro Delfim Neto não é solução para todos os casos…
http://twitter.com/investcerto
Essa frase é atribuída ao economista Delfim Neto, enquanto ministro todo poderoso de vários governos brasileiros nas décadas de 70 e 80. Ela indica que à época, o Brasil deveria rolar sua dívida externa em vez de pagá-la. A idéia, no caso, era evitar gastar as reservas internacionais (em dólares) escassas do país, se havia possibilidade de pagar os juros e rolar o principal da dívida.
Esta era uma estratégia que, para ser bem sucedida, implicava que houvesse disponibilidade de recursos para a rolagem da dívida no mercado internacional, além de credibilidade frente aos credores para que estes se dispusessem a manter o crédito para o país. Quando isso não acontecia o país mergulhava em crise no seu balanço de pagamentos, e organizações multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), precisam intervir para que o país não “quebrasse”.
Pode-se traçar um paralelo com o que acontece na Europa nesse momento. Se alguns dos países envolvidos na crise das dívidas soberanas européias pudessem, certamente continuariam a rolar suas dívidas “ad aeternum”… Entretanto, o mercado, que financia essas dívidas, não concordou; e aí a crise estourou.
Veja os dados da figura no detalhe em http://edition.cnn.com/2011/BUSINESS/06/19/europe.debt.explainer/index.html
Na verdade, caso a situação dessas economias fosse saudável, não haveria crise; mas é exatamente porque estão com problemas crônicos de déficit em suas contas públicas, que as dívidas foram se acumulando até tornar o seu financiamento e rolagem impraticáveis. Não se pode atribuir tão somente aos governos locais a responsabilidade sobre o descontrole das finanças públicas desses países, mas também à crise financeira global de 2008 que acabou por levar a situação a um nível insustentável.
Pode-se avaliar pelas tabelas em anexo como vinha a situação financeira de várias das economias européias nos anos de 2006 a 2009. Percebe-se que, no bloco das economias mais fragilizadas atualmente, os déficits públicos eram crescentes, assim como as dívidas públicas tomadas em proporção do PIB de cada país. Acesse o documento completo em http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_PUBLIC/2-22042010-BP/EN/2-22042010-BP-EN.PDF
Dessa forma, a famosa frase atribuída ao ministro Delfim Neto não é solução para todos os casos…