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Devo investir no Tesouro IPCA + 2024 (NTNB Principal)?

"... caso ainda assim prefira a proteção do pós-fixado, considere aplicar uma parcela de sua carteira no prefixado, que pode ser uma alternativa"...

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Investidor em Ação

Publicado em 17 de abril de 2017 às, 18h16.

Última atualização em 26 de abril de 2017 às, 14h31.

Investidor, pense duas vezes antes de investir no Tesouro IPCA + 2024 (NTNB Principal) pelo Tesouro Direto (TD). Pode ser uma furada...

O principal apelo do título em questão é que ele traz proteção contra uma inflação - medida pelo IPCA - acima do esperado no futuro. Entretanto, será que essa garantia justifica o risco de obter uma rentabilidade inferior à que um prefixado, por exemplo, o Tesouro Prefixado para Janeiro/2023 pode render? Escolhi o vencimento de 2023 para o prefixado por ser mais próximo do vencimento de 2024 para o Tesouro IPCA +.

Concordo que fica complicado (e difícil) projetar a inflação - IPCA - para prazo tão longo. Mas a indicação dada pela economia nos últimos tempos é a de que a inflação está bem contida - ancorada, como os economistas gostam de afirmar. O último relatório Focus, sinaliza um IPCA de apenas 3,73% para 2017 e 4,25% para 2018 - tomando-se os "Top 5" que são as instituições que mais acertam em suas projeções.

Trazendo a discussão para termos mais técnicos, pode-se projetar que a taxa de juros real pela qual o TD vende o Tesouro IPCA de 2024 hoje (5,16% aa) precisa que o IPCA seja de 4,86% aa para todos os anos até o vencimento do título para que o seu rendimento líquido se iguale ao que renderia um prefixado de mesmo prazo à taxa de 10,27% aa (como é negociado o DI futuro de 2025 na BM&F).

Além disso, ao considerar que em 2017 o IPCA será de 3,73%  e o de 2018 de 4,25%, conforme ressaltado acima, o IPCA para 2019 até 2024, inclusive, deverá ser de 5,07% aa para que se chegue ao mesmo rendimento líquido de equilíbrio entre os dois tipos de título: pós-fixado e prefixado.

Por outro lado, se a inflação for inferior a essas projeções, o título Tesouro IPCA + trará uma surpresa desagradável, ao render menos que o prefixado... Ou, de outro modo, deverá ter que acontecer um ajuste para cima na taxa de juros real oferecida para que esse equilíbrio se mantenha.

Como exemplo, se imaginarmos um IPCA médio de 4,75% aa a partir de 2019 até 2024, inclusive, o título pós-fixado deveria render uma taxa de juros real de 5,41% aa (e não 5,16% aa como negociada pelo TD) para equilibrar com o prefixado a 10,27% aa para Janeiro de 2025.

Caso o IPCA seja ainda menor, a perda aumentará mais. Se o IPCA for de 4,60%aa, o equilíbrio entre o prefixado e o pós-fixado para 2024, se daria a uma taxa real de juros de 5,53% aa.

Pode-se argumentar que a inflação está baixa agora, mas que irá subir no futuro. Ok! Mas ela pode permanecer baixa também... E aí? O problema é que o mercado é dinâmico e se a inflação persistir em baixa por mais tempo, os investidores tenderão a ajustar para baixo suas apostas no IPCA e, consequentemente, para cima na taxa de juros real do título Tesouro IPCA +. E você poderá ser pego no contra-pé, assumindo perdas altas caso resolva sair de sua posição no título pós-fixado.

Vale lembrar que para ajustes tão fortes de taxa de juros real (de 5,16% aa para 5,41% aa ou 5,53% aa), a longa duration dos títulos irá determinar perdas percentuais no valor do principal aplicado no título pós-fixado da ordem de 1,65% no primeiro caso e de 2,45% no segundo.

Como se costuma aplicar volumes de dinheiro mais expressivos na renda fixa do que na renda variável, basta multiplicar esses percentuais de perda estimados pelo capital investido no título (seu valor presente antes de qualquer ajuste) para se ter uma ideia do prejuízo financeiro potencial para o investidor.

Como última sugestão, caso ainda assim prefira a proteção do pós-fixado, considere aplicar uma parcela de sua carteira no prefixado, que pode ser uma alternativa interessante nos patamares atuais de taxas de juros prefixadas e pós-fixadas.

 

Bons investimentos!