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Consumidor morto não gasta

A crise está aí. Bateu em nossa porta há um bom tempo e já está confortavelmente instalada na sala de estar de todos os brasileiros. O quadro internacional é complicado para o Brasil. Nos EUA, apesar da recuperação da economia (ou por causa dela), as taxas de juros reguladas pelo FED devem começar a subir logo. Na China, a bolsa de valores experimenta forte queda – após muito tempo de […] Leia mais

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Investidor em Ação

Publicado em 28 de julho de 2015 às, 15h49.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h58.

A crise está aí. Bateu em nossa porta há um bom tempo e já está confortavelmente instalada na sala de estar de todos os brasileiros.

O quadro internacional é complicado para o Brasil. Nos EUA, apesar da recuperação da economia (ou por causa dela), as taxas de juros reguladas pelo FED devem começar a subir logo. Na China, a bolsa de valores experimenta forte queda – após muito tempo de pura especulação -, e a economia apresenta uma aterrissagem mais dura do que o esperado. Já na Europa, o Banco Central Europeu promove o aumento de liquidez para reviver a frágil economia local.

O que esperar do futuro

Mas, de forma alguma, justifica-se o momento crítico vivido pela economia brasileira em função do quadro internacional. A questão é que, infelizmente, parece que a única ferramenta que o governo sabe utilizar com maestria são os juros: aumentar a taxa Selic é sua especialidade – assim como gastar mal o dinheiro arrecadado pelos impostos.

O país foi jogado em uma forte recessão devido ao descontrole de gastos e gestão lastimável do governo nos últimos 4 ou 5 anos. Não dá para negar o fato. Paciência, agora é tarde para chorar sobre o leite derramado.

Nota-se uma “certa” incoerência na gestão do governo: enquanto ele deveria ter mantido uma política de gastos austera, o que ocorreu, na verdade, foi uma festa de gastos. Jogaram a culpa na demanda das pobres famílias… Sim, elas iam para Miami e Nova Iorque porque sabem fazer conta e viam que lá tudo era de melhor qualidade e mais barato do que aqui no Brasil.

Agora, com o tal do ajuste econômico, resolveram trazer o país à realidade em sua capacidade de gastar. Jogaram o câmbio lá para cima, empobrecendo os brasileiros em cerca de 50% em um ano e os salários reais foram detonados, caindo muito devido à forte inflação recente. Conseguiram: as viagens para o exterior diminuíram cerca de 20% no semestre que fechou…

Só falta acabar com a inflação que beira os 10% aa. Isso também deve ser fácil para o governo: o Banco Central já puxou a Selic para 13,75% aa e deverá aumentá-la em mais 0,5 p.p. (meio ponto percentual) essa semana, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).

No entanto, há cerca de uma semana, o governo voltou a trás no percentual de superávit primário proposto em seu ajuste fiscal. Praticamente zerou a economia que iria fazer. Disse que era para compensar as medidas ultra recessivas tomadas anteriormente…

O problema é que para manter a credibilidade do governo, já que do lado fiscal a situação está complicada, ele deverá, ou pelo menos deveria, continuar com a escalada da taxa de juros Selic. Pelo menos assim, a política monetária seria restritiva o suficiente para, literalmente, matar a demanda à porrada.

E parece que é o que pretende: consumidor morto não gasta e, consequentemente, não pressiona a demanda. Assim a inflação cai logo para dentro da meta de inflação fixada. Será esse o nosso futuro? Espero que não… Pretendo ainda aproveitar bastante a vida e, se der, viajar para Miami e Nova Iorque muitas vezes.

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