A Dança das Correlações e o Preço das Ações
Um detalhe muito importante e pouco observado por quem investe em bolsa de valores é que crises de pânico, como a que o mercado atravessou há poucas semanas, proporcionam, em geral, algumas excelentes oportunidades de investimento em ações. É o resultado do que podemos chamar de a “dança das correlações”. Mas afinal, o que vem a ser isso? Apesar de grupos de ações “obedecerem” a uma lógica específica em seus […] Leia mais
Publicado em 30 de agosto de 2011 às, 08h26.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h55.
Um detalhe muito importante e pouco observado por quem investe em bolsa de valores é que crises de pânico, como a que o mercado atravessou há poucas semanas, proporcionam, em geral, algumas excelentes oportunidades de investimento em ações.
É o resultado do que podemos chamar de a “dança das correlações”. Mas afinal, o que vem a ser isso? Apesar de grupos de ações “obedecerem” a uma lógica específica em seus movimentos, alguns grupos (ou ações individuais pertencentes a esses grupos) podem estar mais correlacionadas (ligadas) ou não ao desempenho do principal referencial/indicador do comportamento da bolsa brasileira – o índice Ibovespa – do que outros.
Isso se deve à lógica da metodologia de cálculo utilizada pelo Ibovespa, conforme explicado em meu post da semana passada: A Tirania do Ibovespa. Nesse indicador de desempenho são privilegiadas as ações de maior liquidez (ou de maneira mais completa, de maior negociabilidade) na Bovespa.
Dessa forma, ações, ou grupo de ações (do mesmo setor de atividade, por exemplo), que sejam mais negociados, têm uma correlação positiva mais estreita com o índice. Isto é, obedecem de maneira mais estreita à direção e intensidade do movimento do Ibovespa ao longo do tempo.
Entretanto, quando a bolsa sofre o impacto de uma crise financeira como a de 2008/2009, ou a que atravessamos no momento, essas correlações se modificam, fazendo com que a maioria das ações (ou grupos de ações/setores de atividade) tenham movimentos muito parecidos e estreitamente ligados ao movimento do Ibovespa – com forte aumento de sua correlação positiva com tal índice -, mesmo que normalmente não se comportem dessa forma. Esse “desajuste” faz com que ativos diferentes sofram as consequências da crise de maneira similar, muito parecida.
Nesse sentido, setores de atividade que têm pouco haver com o movimento do Ibovespa (baixa correlação) se comportam tal qual fizessem parte integrante desse índice e possuíssem alta correlação positiva com ele. Dessa forma, os preços dessas ações sofrem tanto quanto ou até mais que as ações que compõem o Ibovespa, experimentando quedas muito pronunciadas em função do pânico instaurado no mercado – que não respeita as diferenças existentes nas características dessas ações, frente às das ações de maior participação no Ibovespa.
Para exemplificar o fato, foram calculadas as correlações existentes entre vários grupos de ações (setores de atividade – tomados pelos preços de fechamento de vários fundos de investimento ETF’s negociados na BM&FBovespa) e o Ibovespa em dois períodos distintos: 3 meses e 1 mês.
Como se pode perceber pela tabela ao lado, ambos os períodos consideram o período da crise recente. Nota-se que no período mais recente, exatamente aquele referente ao momento da crise (de 1 mês), a correlação positiva de todos os setores com o Ibovespa cresce; atingindo, muitas vezes, índices bastante altos – próximos a 100%.
Isso mostra que no momento de pânico o investidor não diferencia as ações; situação que deve se corrigir na medida em que o pânico passe e o mercado volte a ter um comportamento racional. Portanto, os setores que possuem ativos de qualidade e que atravessam bons momentos do ponto de vista de fundamentos – como os voltados para o mercado interno, entre eles os do setor bancário, construção civil e consumo -, e que foram duramente atingidos pela crise, devem ter recuperação mais rápida e consistente em seus preços, mesmo na hipótese de que a conjuntura macroeconômica internacional não seja das melhores.
Definições dos fundos de investimento ETF fornecidas no site da BM&FBovespa:
Bova11 – Baseado no Ibovespa, índice composto pelas ações emitidas por companhias que respondem por mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro da Bolsa.
BRAX11 – Baseado no Índice Brasil (IBrX 100), que mede o retorno de um investimento em uma carteira teórica composta pelas 100 ações mais negociadas na BM&FBOVESPA, em termos de número de negócios e volume financeiro.
CSMO11 – Baseado no índice BM&FBOVESPA de Consumo, que mede o retorno de um investimento em uma carteira teórica composta pelas ações das empresas representativas dos setores de consumo cíclico e não-cíclico.
MILA11 – Baseado no índice BM&FBOVESPA MidLarge Cap, que mede o retorno de um investimento em uma carteira teórica composta pelas ações emitidas pelas companhias com os maiores Valores de Capitalização listadas na Bolsa.
MOBI11 – Baseado no índice BM&FBOVESPA Imobiliário, que mede o retorno de um investimento em uma carteira teórica composta pelas ações emitidas pelas companhias mais representativas de companhias listadas na BM&FBOVESPA, dos seguintes setores do ramo imobiliário: construção civil, intermediação imobiliária e exploração de imóveis.
SML11 – Baseado no índice BM&FBOVESPA Small Cap, que mede o retorno de um investimento em uma carteira teórica composta pelas ações emitidas pelas companhias com os menores Valores de Capitalização listadas na Bolsa.
FIND11 – O Fundo tem como objetivo de refletir a performance, antes das taxas e despesas, do Índice BM&FBOVESPA Financeiro (IFNC), calculado pela BM&F BMF&BOVESPA, principalmente através do investimento nas ações que compõem a carteira teórica do IFNC, observados os limites de diversificação e composição aplicáveis à carteira do Fundo, conforme estabelecido no Regulamento.