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Vargas Llosa discute democracia latino-americana em evento no Rio

O escritor peruano Mario Vargas Llosa afirmou que as sociedades latino-americanas estão no caminho certo rumo à consolidação do regime democrático. Durante a palestra “A nova era da incerteza” realizada dia 18 de abril, pelo Ibmec e Instituto Millenium, no Cine Odeon, na Cinelândia, Llosa ressaltou que a democracia sul-americana não é mais uma figura frágil como na época da instauração dos regimes autoritários. Nesse contexto, o vencedor do Nobel de literatura […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 19 de abril de 2013 às, 21h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h03.

Mario Vargas Llosa

O escritor peruano Mario Vargas Llosa afirmou que as sociedades latino-americanas estão no caminho certo rumo à consolidação do regime democrático. Durante a palestra “A nova era da incerteza” realizada dia 18 de abril, pelo Ibmec e Instituto Millenium, no Cine Odeon, na Cinelândia, Llosa ressaltou que a democracia sul-americana não é mais uma figura frágil como na época da instauração dos regimes autoritários.

Nesse contexto, o vencedor do Nobel de literatura acredita que os governos latino-americanos não podem aceitar o resultado das eleições da Venezuela.  Ele classificou a vitória de Nicolás Maduro, que será empossado hoje em Caracas, como uma “fraude eleitoral”.

Llosa chamou atenção para a importância do epsisódio, pois mesmo usando o aparato estatal – Maduro teve direito a 17 horas de propaganda na TV contra cinco minutos do oposicionista Henrique Capriles – o candidato do ex-presidente Hugo Chávez obteve 50,66% dos votos, contra 49,07% de Capriles. “Em uma eleição com uma desproporção de forças absolutamente monstruosa, pelo menos metade da população venezuelana votou contra. Isso é final do socialismo do século XXI”, destacou.

Em nível global, o escritor citou os regimes políticos da Coreia do Norte e de Cuba como exemplos do fracasso do socialismo no século XXI.  Llosa afirmou que as experiências cubana e norte-coreana são “patéticas”.

A trajetória política de Mario Vargas Llosa

A plateia que compareceu ao Cine Odeon conheceu um pouco da trajetória política de Mario Vargas Llosa. Ele falou sobre a desilusão com a Revolução Cubana e com o regime da extinta União Soviética. “A partir de meados dos anos 60, comecei a sentir que a realidade não era tão bela como pintavam nossas ilusões e nossos desejos. Atrás da imagem da revolução libertária havia injustiças e abusos”.

Llosa contou que sua primeira crise política aconteceu em 1966 quando foram criadas as unidades mobilizáveis para a produção que, segundo ele, foram verdadeiros campos de concentração. Nesses lugares, foram aprisionados contra-revolucionários, homossexuais e criminosos comuns.

O autor de “Conversa na Catedral” contou sobre sua conversão ao liberalismo e destacou a influência de teóricos liberais como Albert Camus na sua formação política.

“Há uma frase de Camus que sempre me acompanha. A ideia de que a eliminação da moral da vida política resulta inevitavelmente na barbárie e a instalação da teoria de que os fins justificam os meios. Camus diz que os fins nunca justificam os meios. São os meios que justificam os fins”, concluiu o escritor.

Para Llosa, a política deve prescindir da utopia que deve se restringir ao campo das artes plásticas, da literatura e da música. Durante todo o seu discurso, o escritor defendeu as liberdades individuias e a tolerância como o valor essencial para o progresso social.