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Um carnaval de mudanças se aproxima

A mundo está experimentando mudanças aceleradas devido à adoção de novas tecnologias e à digitalização

o mundo está experimentando mudanças aceleradas devido à adoção de novas tecnologias e à digitalização (Rawpixel.com/Freepik/Reprodução)
o mundo está experimentando mudanças aceleradas devido à adoção de novas tecnologias e à digitalização (Rawpixel.com/Freepik/Reprodução)

Fevereiro de 2024 a todo vapor e já se desenha um ano repleto de intensas emoções. Vivemos uma era de transições tecnológicas marcantes, destacando-se a aprovação, pela FDA (equivalente à Anvisa nos Estados Unidos), da instalação do primeiro chip cerebral em um ser humano pela Neuralink. Este avanço promete uma interação inédita entre homem e máquina, utilizando apenas o poder do pensamento para gerar comandos em computadores, funcionando como um "mouse e teclado" mental. Esse desenvolvimento tem o potencial de transformar a vida de milhares de pessoas com limitações de acesso às tecnologias. 

No entanto, não podemos ignorar a possibilidade de um futuro distópico, onde o padrão social exija a instalação de uma interface neural, relegando ao passado quem ainda utilize tecnologias consideradas “ultrapassadas”, como os laptops ou mesmo o recém-lançado óculos de realidade virtual (VR) e aumentada (AR) da Apple, o Vision Pro. Apesar dos vídeos que oscilam entre o hilário e o preocupante (como o de um jovem de 21 anos que, dirigindo seu Tesla em piloto automático, se entretém com seu novo gadget de 3.500 dólares), esse lançamento marca um ponto de virada na adoção da tecnologia VR/AR, prenunciando um futuro de jovens ainda mais solitários e isolados? 

Uma coisa é incontestável: o mundo está experimentando mudanças aceleradas devido à adoção de novas tecnologias e à digitalização. O surgimento de inteligências artificiais (IA) realmente úteis e acessíveis ao grande público está começando a subverter a maneira tradicional de interagir com “programas de computador” e realizar buscas no Google. Com a chegada dos modelos linguísticos de grande escala (LLMs), a hegemonia dos aplicativos e do Google vê-se ameaçada por “agentes” de inteligência artificial especializados, como é o caso da Perplexity AI, que acaba de receber um aporte significativo para desafiar o gigante das buscas, oferecendo pesquisas baseadas exclusivamente em fontes confiáveis. 

Estamos vivenciando uma nova “revolução industrial”, na qual, mais do que em qualquer outro momento da história, profissões consolidadas enfrentam o risco de obsolescência. Frequentemente me questionam se as IAs, ao estilo “Skynet” do filme O Exterminador do Futuro, acabarão com a humanidade ou, mais recentemente, com os empregos. A resposta é que, embora as IAs não representem uma ameaça iminente à humanidade, certas profissões estão, sim, cada vez mais vulneráveis. Por exemplo, programadores, até então um recurso escasso, veem sua relevância diminuir à medida que as IAs começam a abstrair a necessidade de codificação. Programadores menos qualificados, em particular, estão perdendo sua utilidade e espaço no mercado. 

E quanto às centrais de atendimento ao cliente? Este setor, tradicionalmente intenso em mão de obra, também enfrenta a ameaça de extinção, dada a evolução dos chatbots que utilizam IA para resolver uma variedade de problemas de maneira cada vez mais rápida e eficiente. Da mesma forma, empregos administrativos e no setor financeiro encontram-se em rota de colisão com a automação de numerosos processos. Imagine um assessor de investimentos independente, dotado de IA, com acesso instantâneo a todo o conhecimento sobre gestão de patrimônios, dados atualizados e regulações vigentes, capaz de interpretar as demandas do cliente de forma racional e imparcial, eliminando o risco de conflitos de interesse. 

O carnaval se aproxima o Brasil vai parar por uma semana mas as AIs continuarão trabalhando a todo vapor e para sobrevivermos a essa transformação será necessário entender que precisaremos nos tornar seres humanos amplificados por AIs, sensores e gadgets futuristas. O antigo continua dando o lugar ao novo e o desfile das inovações não tem hora pra acabar.