Teerã recusa apelo de Lula em favor de Sakineh
Os limites da diplomacia Brasil-Irã parecem ter ficado claros diante da resposta de Teerã à proposta de Lula de concessão de abrigo à iraniana Sakineh Ashtiani. O apelo esbarrou na muralha intransponível da teocracia islâmica. Confira a matéria de Rodrigo Craveiro publicada pelo “Correio Braziliense”: “Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia usar a aproximação com o Irã para salvar a vida de uma mulher condenada a apedrejamento, […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2010 às 21h04.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h30.
Os limites da diplomacia Brasil-Irã parecem ter ficado claros diante da resposta de Teerã à proposta de Lula de concessão de abrigo à iraniana Sakineh Ashtiani. O apelo esbarrou na muralha intransponível da teocracia islâmica. Confira a matéria de Rodrigo Craveiro publicada pelo “Correio Braziliense”:
“Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia usar a aproximação com o Irã para salvar a vida de uma mulher condenada a apedrejamento, percebeu que a rigidez do regime teocrático islâmico se sobrepõe a gestos de cordialidade política. “Pelo que sabemos do senhor (Lula) da Silva, ele tem um caráter sensível e humano, e provavelmente não recebeu informações suficientes (sobre o caso)”, declarou Ramin Mehmanparast, porta-vozdo Ministério das Relações Exteriores iraniano, referindo-se à sentença imposta a Sakineh Ashtiani, 43 anos, acusadade adultério. “Podemos dar detalhes do crime dessa pessoa, que foi condenada, e então acho que a questão ficará esclarecida para ele”, emendou.
Lula não preferiu o silêncio. “Primeiro, eu fico feliz que o ministro do Irã tenha percebido que sou um homem emocional. Eu sou muito emocional. Segundo, eu não fiz um pedido formal (de asilo). Eu fiz um pedido mais humanitário”, declarou, durante a cúpula do Mercosul, em San Juan (Argentina). O polêmico apelo ocorreu no último sábado, durante comício em Curitiba. “Eu tenhode respeitar a lei de um país, mas se valem a minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã (Mahmud Agmadinejad) e pelo povo iraniano, se esta mulher está causando incômodo, nós a receberíamos no Brasil”, admitiu.
O asilo foi novamente oferecido ontem. “Pelo que eu soube, ou ela ia morrer por apedrejamento ou por enforcamento, e nenhuma dessas mortes é humanamente aceitável. Obviamente que, se houver a disposiçãodo Irã em conversar sobre esse assunto, nós teremos imenso prazer em conversar e, se for o caso, essa mulher poderia ir ao Brasil”, disse Lula. Mas deixou claro que respeita a soberaniade Teerã. “Eu sei que cada país tem suas leis, sua Constituição, sua religião. Gostando ou não, temos que respeitar o procedimento de cada país”, lembrou.
O Correio apurou que Sakineh Ashtiani recebeu com esperança a tentativa de intercessão de Lula. “Conversei hoje (ontem) com Sajjad, o filho de Sakineh. Ele me contou que a mãe soube da oferta do presidente Lula e estava feliz por isso”, afirmou à reportagem, por e-mail, a iraniana Mina Ahadi, fundadora do Comitê Internacional contra o Apedrejamento. De acordo com Mina, Sakineh divide a cela com 40 condenadas à morte na prisão de Tabriz (noroeste). “Ela está em situação muito ruim. Sente tristeza e depressão.” No iníciode julho, a Justiça comutou a pena de apedrejamento para enforcamento.
Marina Nemat já viveu o drama de Sakineh. Foram dois anos, dois meses e 12 dias atrás das grades, na prisão de Evin, no noroeste de Teerã. “Fui condenada à morte aos 16 anos, mas tive sorte e deixei o local”, relatou ao Correio, por e-mail. Aliberdade veio na forma de um casamento forçado com Ali Moosavi, um dos guardas do presídio. O sofrimento fez com que ela se unisse à dor de Sakineh. “Ashtiani foi açoitada 99 vezes, como parte da sentença. Ela está ciente do apoio internacional e isso lhe dá um fio de esperança”, acrescentou Marina, autora de Prisioneira de Teerã.
Resistência
A escritora denuncia arbitrariedades envolvendo o caso. “O governo tentou prender o advogado de Sakineh (Mohammad Mostafaei), mas, como ele não estava em casa, levou a mulher e o cunhado. No país onde nasci, as sentençasde morte são cumpridas sem aviso. Já houve situações em que o caso estava sob revisão e o acusado foi executado sem notificação judicial”, lamenta Marina. Segundo ela, o desrespeito aosdireitos humanos não é recente. “Enquanto as autoridades perceberem que o mundo está indiferente a seus crimes, continuarão a cometê-los. Todos aqueles que creem nosdireitos humanos e na democracia têm de enviar ao governo iraniano a mensagem de basta”, disse a ex-prisioneira, que agradeceu o gesto de Lula.Lily Mazahery, uma das mais renomadas advogadas persas, destacou que o brasileiro “respeita os direitos das vítimas, emudecidas pelas leis selvagens”. “Eu não tinha dúvidas de que o regime declinaria a oferta. Lula mostrou uma tremenda coragem, ao estender a oferta de asilo”, admitiu. Para ela, Sakineh Ashtiani “é a vítima mais recente das leis draconianas implementadas desde a Revolução Islâmica, em 1979”. A ativista afirma que o adultério é virtualmente impossívelde ser provado. “O apedrejamento só pode ser aplicado se quatro homens justos tiverem presenciado a relação sexual”, reforça.
Um ritual macabro e bárbaro
O apedrejamento (ou lapidação) foi adotado pelo sistema judiciário do Irã em 1983Legislação
O artigo 104 do Código Penal Iraniano estipula que as pedras usadas para a execução não “deveriam ser grandes o bastante para matar a pessoa em um ou dois ataques, nem devem ser pequenas o bastante que não possam ser definidas como pedras”Julgamento
De acordo com o artigo 74 do mesmo Código Penal, o adultério, se passível de açoite ou de apedrejamento, deve ser provado pelo testemunho de quatro homens justos ou de três homens justos e duas mulheres justas. Tecnicamente, algo considerado impossívelEXECUÇÃO
A preparação
As mulheres sentenciadas têm as mãos presas às costas. Depois, são cobertas por um lençol branco, da cabeça aos pés, antesde serem enterradas até a cintura. O fosso é então preenchido com terra, de forma que a condenada fique apenas com o tórax descobertoA escolha das pedras
As pedras escolhidas são grandes o suficiente para infligir dor, mas não o bastante para matar o condenado imediatamenteOs executores
Os próprios moradores da comunidade da sentenciada são convidados a participar do ritual de apedrejamento. As autoridades do governo fornecem as pedras. Algumas vezes até mesmo crianças lançam as pedras. Ainda que muitos moradores se recusem a fazer parte da execução, o governo envia simpatizantes para exercerem o papelde algozesMorte lenta
A execução dura o tempo que a condenada permanecer viva. As pedras são lançadas geralmente contra o peito e a cabeça. Em média, entre 30 minutos e uma hora é o prazo suficiente para a morteDeu no…
The Washington Post
O colunista Jackson Diehl fez pesadas críticas ao líder brasileiro. “O melhor amigo dos tiranos no mundo democrático — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — mais uma vez foi humilhado por umde seus clientes”, escreveu. Segundo Dielh, o cliente é o iraniano Mahmud Ahmadinejad, “o patrocinador do terrorismo e que nega o Holocausto”. O texto afirma que Lula ofereceu asilo à condenada Sakineh Ashtiani, “sob pressãode manifestantes brasileiros”.CNN
De acordo com o site da rede de TV norte-americana, “apesar da pressão internacional, o Irã afirmou que rejeita a oferta de asilo a uma mulher sentenciada à morte por apedrejamento”. O texto lembra que ativistas de direitos humanos escreveram uma carta a Lula, dizendo que sua oferta de asilo era um “passo importante” para salvar Sakineh Ashtiani.Al-Jazeera
Em seu site, a rede de TV Al-Jazeera repercutiu a declaração do porta-voz da chancelaria iraniana sobre Lula e citou o apelo do presidente brasileiro ao colega, Mahmud Ahmadinejad, feito durante um comício, no sábado passado. O texto também lembrou que a União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido já haviam apelado pela vida da iraniana condenada.BBC
“O Irã afirma que o presidente brasileiro não tinha informação suficiente quando ofereceu refúgio a uma mulher iraniana sentenciada à morte por apedrejamento.” Assim começa o texto publicado ontem no site da emissora britânica BBC, que estampou a fotode um Lula sorridente. A reportagem enfatiza que Brasil e Irã têm “fortes laços”.The guardian
O jornal britânico divulgou que o Irã “desprezou” a oferta de asilo feita por Lula. “Autoridades (iranianas) dizem que o presidente brasileiro, ‘humano e emocional’, pode não ter todos os fatos sobre o caso Sakineh Mohammadi Ashtiani”, afirma o texto que introduz o leitor ao assunto.——————
Três perguntas para Mina Ahadi, fundadora do Comitê Internacional contra o ApedrejamentoComo a senhora vê a oferta de asilo a Sakineh Ashtiani feita pelo governo brasileiro a Teerã?
O Irã rejeitou essa oferta e, com isso, demonstrou como esse regime é brutal e desumano. Os donos do poder por lá não têm sentimentos e gostariam que todos os governantes fossem como (Mahmud) Ahmadinejad e (o aiatolá Ali) Khamenei.Por que Teerã rejeitou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Conversei hoje com Sajjad, o filho de Sakineh. Ele me disse que sua mãe soube da oferta do presidente Lula e que estava feliz por isso. O regime islâmico rejeitou a oferta (de Lula) porque o apedrejamento é uma coisa muito importante para este regime, que sempre usou esse método e outras execuções para semear o medo e assegurar o poder. NoIrã, o apedrejamento é uma questão política.Existe alguma forma de salvar a vida dela?
Apenas com a pressão internacional e com os protestos de governos como da Alemanha, da Turquia e da Suécia poderemos salvar Sakineh.——————–
“Sakineh não é a única iraniana condenada ao apedrejamento. Nesse exato momento, outras 12 encaram a sentença. Ser condenada à morte por adultério é inaceitável, seja por apedrejamento ou enforcamento. Sou contra a penade morte. Deus é o único que dá a vida. E o único capaz de tirá-la” (Marina Nemat, 44 anos, escritora e ex-prisioneira condenada à morte no Irã)
Os limites da diplomacia Brasil-Irã parecem ter ficado claros diante da resposta de Teerã à proposta de Lula de concessão de abrigo à iraniana Sakineh Ashtiani. O apelo esbarrou na muralha intransponível da teocracia islâmica. Confira a matéria de Rodrigo Craveiro publicada pelo “Correio Braziliense”:
“Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia usar a aproximação com o Irã para salvar a vida de uma mulher condenada a apedrejamento, percebeu que a rigidez do regime teocrático islâmico se sobrepõe a gestos de cordialidade política. “Pelo que sabemos do senhor (Lula) da Silva, ele tem um caráter sensível e humano, e provavelmente não recebeu informações suficientes (sobre o caso)”, declarou Ramin Mehmanparast, porta-vozdo Ministério das Relações Exteriores iraniano, referindo-se à sentença imposta a Sakineh Ashtiani, 43 anos, acusadade adultério. “Podemos dar detalhes do crime dessa pessoa, que foi condenada, e então acho que a questão ficará esclarecida para ele”, emendou.
Lula não preferiu o silêncio. “Primeiro, eu fico feliz que o ministro do Irã tenha percebido que sou um homem emocional. Eu sou muito emocional. Segundo, eu não fiz um pedido formal (de asilo). Eu fiz um pedido mais humanitário”, declarou, durante a cúpula do Mercosul, em San Juan (Argentina). O polêmico apelo ocorreu no último sábado, durante comício em Curitiba. “Eu tenhode respeitar a lei de um país, mas se valem a minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã (Mahmud Agmadinejad) e pelo povo iraniano, se esta mulher está causando incômodo, nós a receberíamos no Brasil”, admitiu.
O asilo foi novamente oferecido ontem. “Pelo que eu soube, ou ela ia morrer por apedrejamento ou por enforcamento, e nenhuma dessas mortes é humanamente aceitável. Obviamente que, se houver a disposiçãodo Irã em conversar sobre esse assunto, nós teremos imenso prazer em conversar e, se for o caso, essa mulher poderia ir ao Brasil”, disse Lula. Mas deixou claro que respeita a soberaniade Teerã. “Eu sei que cada país tem suas leis, sua Constituição, sua religião. Gostando ou não, temos que respeitar o procedimento de cada país”, lembrou.
O Correio apurou que Sakineh Ashtiani recebeu com esperança a tentativa de intercessão de Lula. “Conversei hoje (ontem) com Sajjad, o filho de Sakineh. Ele me contou que a mãe soube da oferta do presidente Lula e estava feliz por isso”, afirmou à reportagem, por e-mail, a iraniana Mina Ahadi, fundadora do Comitê Internacional contra o Apedrejamento. De acordo com Mina, Sakineh divide a cela com 40 condenadas à morte na prisão de Tabriz (noroeste). “Ela está em situação muito ruim. Sente tristeza e depressão.” No iníciode julho, a Justiça comutou a pena de apedrejamento para enforcamento.
Marina Nemat já viveu o drama de Sakineh. Foram dois anos, dois meses e 12 dias atrás das grades, na prisão de Evin, no noroeste de Teerã. “Fui condenada à morte aos 16 anos, mas tive sorte e deixei o local”, relatou ao Correio, por e-mail. Aliberdade veio na forma de um casamento forçado com Ali Moosavi, um dos guardas do presídio. O sofrimento fez com que ela se unisse à dor de Sakineh. “Ashtiani foi açoitada 99 vezes, como parte da sentença. Ela está ciente do apoio internacional e isso lhe dá um fio de esperança”, acrescentou Marina, autora de Prisioneira de Teerã.
Resistência
A escritora denuncia arbitrariedades envolvendo o caso. “O governo tentou prender o advogado de Sakineh (Mohammad Mostafaei), mas, como ele não estava em casa, levou a mulher e o cunhado. No país onde nasci, as sentençasde morte são cumpridas sem aviso. Já houve situações em que o caso estava sob revisão e o acusado foi executado sem notificação judicial”, lamenta Marina. Segundo ela, o desrespeito aosdireitos humanos não é recente. “Enquanto as autoridades perceberem que o mundo está indiferente a seus crimes, continuarão a cometê-los. Todos aqueles que creem nosdireitos humanos e na democracia têm de enviar ao governo iraniano a mensagem de basta”, disse a ex-prisioneira, que agradeceu o gesto de Lula.Lily Mazahery, uma das mais renomadas advogadas persas, destacou que o brasileiro “respeita os direitos das vítimas, emudecidas pelas leis selvagens”. “Eu não tinha dúvidas de que o regime declinaria a oferta. Lula mostrou uma tremenda coragem, ao estender a oferta de asilo”, admitiu. Para ela, Sakineh Ashtiani “é a vítima mais recente das leis draconianas implementadas desde a Revolução Islâmica, em 1979”. A ativista afirma que o adultério é virtualmente impossívelde ser provado. “O apedrejamento só pode ser aplicado se quatro homens justos tiverem presenciado a relação sexual”, reforça.
Um ritual macabro e bárbaro
O apedrejamento (ou lapidação) foi adotado pelo sistema judiciário do Irã em 1983Legislação
O artigo 104 do Código Penal Iraniano estipula que as pedras usadas para a execução não “deveriam ser grandes o bastante para matar a pessoa em um ou dois ataques, nem devem ser pequenas o bastante que não possam ser definidas como pedras”Julgamento
De acordo com o artigo 74 do mesmo Código Penal, o adultério, se passível de açoite ou de apedrejamento, deve ser provado pelo testemunho de quatro homens justos ou de três homens justos e duas mulheres justas. Tecnicamente, algo considerado impossívelEXECUÇÃO
A preparação
As mulheres sentenciadas têm as mãos presas às costas. Depois, são cobertas por um lençol branco, da cabeça aos pés, antesde serem enterradas até a cintura. O fosso é então preenchido com terra, de forma que a condenada fique apenas com o tórax descobertoA escolha das pedras
As pedras escolhidas são grandes o suficiente para infligir dor, mas não o bastante para matar o condenado imediatamenteOs executores
Os próprios moradores da comunidade da sentenciada são convidados a participar do ritual de apedrejamento. As autoridades do governo fornecem as pedras. Algumas vezes até mesmo crianças lançam as pedras. Ainda que muitos moradores se recusem a fazer parte da execução, o governo envia simpatizantes para exercerem o papelde algozesMorte lenta
A execução dura o tempo que a condenada permanecer viva. As pedras são lançadas geralmente contra o peito e a cabeça. Em média, entre 30 minutos e uma hora é o prazo suficiente para a morteDeu no…
The Washington Post
O colunista Jackson Diehl fez pesadas críticas ao líder brasileiro. “O melhor amigo dos tiranos no mundo democrático — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — mais uma vez foi humilhado por umde seus clientes”, escreveu. Segundo Dielh, o cliente é o iraniano Mahmud Ahmadinejad, “o patrocinador do terrorismo e que nega o Holocausto”. O texto afirma que Lula ofereceu asilo à condenada Sakineh Ashtiani, “sob pressãode manifestantes brasileiros”.CNN
De acordo com o site da rede de TV norte-americana, “apesar da pressão internacional, o Irã afirmou que rejeita a oferta de asilo a uma mulher sentenciada à morte por apedrejamento”. O texto lembra que ativistas de direitos humanos escreveram uma carta a Lula, dizendo que sua oferta de asilo era um “passo importante” para salvar Sakineh Ashtiani.Al-Jazeera
Em seu site, a rede de TV Al-Jazeera repercutiu a declaração do porta-voz da chancelaria iraniana sobre Lula e citou o apelo do presidente brasileiro ao colega, Mahmud Ahmadinejad, feito durante um comício, no sábado passado. O texto também lembrou que a União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido já haviam apelado pela vida da iraniana condenada.BBC
“O Irã afirma que o presidente brasileiro não tinha informação suficiente quando ofereceu refúgio a uma mulher iraniana sentenciada à morte por apedrejamento.” Assim começa o texto publicado ontem no site da emissora britânica BBC, que estampou a fotode um Lula sorridente. A reportagem enfatiza que Brasil e Irã têm “fortes laços”.The guardian
O jornal britânico divulgou que o Irã “desprezou” a oferta de asilo feita por Lula. “Autoridades (iranianas) dizem que o presidente brasileiro, ‘humano e emocional’, pode não ter todos os fatos sobre o caso Sakineh Mohammadi Ashtiani”, afirma o texto que introduz o leitor ao assunto.——————
Três perguntas para Mina Ahadi, fundadora do Comitê Internacional contra o ApedrejamentoComo a senhora vê a oferta de asilo a Sakineh Ashtiani feita pelo governo brasileiro a Teerã?
O Irã rejeitou essa oferta e, com isso, demonstrou como esse regime é brutal e desumano. Os donos do poder por lá não têm sentimentos e gostariam que todos os governantes fossem como (Mahmud) Ahmadinejad e (o aiatolá Ali) Khamenei.Por que Teerã rejeitou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Conversei hoje com Sajjad, o filho de Sakineh. Ele me disse que sua mãe soube da oferta do presidente Lula e que estava feliz por isso. O regime islâmico rejeitou a oferta (de Lula) porque o apedrejamento é uma coisa muito importante para este regime, que sempre usou esse método e outras execuções para semear o medo e assegurar o poder. NoIrã, o apedrejamento é uma questão política.Existe alguma forma de salvar a vida dela?
Apenas com a pressão internacional e com os protestos de governos como da Alemanha, da Turquia e da Suécia poderemos salvar Sakineh.——————–
“Sakineh não é a única iraniana condenada ao apedrejamento. Nesse exato momento, outras 12 encaram a sentença. Ser condenada à morte por adultério é inaceitável, seja por apedrejamento ou enforcamento. Sou contra a penade morte. Deus é o único que dá a vida. E o único capaz de tirá-la” (Marina Nemat, 44 anos, escritora e ex-prisioneira condenada à morte no Irã)