Setembro de novo
Agosto nos deixa esgotados depois de um junho muito úmido e um julho ardente. O consumo de eletricidade sobe, e para dormir ficamos em frente ao ventilador que nos acalma toda a madrugada – com seu zumbido. O calor faz aflorar a intolerância e emergem as críticas em cada esquina. Isso é bem sabido por quem “de lá de cima” também teme o oitavo mês do ano. Por isso abrem […] Leia mais
Publicado em 13 de setembro de 2009 às, 02h32.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h21.
Agosto nos deixa esgotados depois de um junho muito úmido e um julho ardente. O consumo de eletricidade sobe, e para dormir ficamos em frente ao ventilador que nos acalma toda a madrugada – com seu zumbido. O calor faz aflorar a intolerância e emergem as críticas em cada esquina. Isso é bem sabido por quem “de lá de cima” também teme o oitavo mês do ano. Por isso abrem quiosques com rum barato nos bairros mais populosos e evitam cortar a eletricidade nas zonas conflitivas da cidade. De todas as formas, a tensão se apalpa no ar, não só pela temperatura mas também pela crise que detonou temores e apuros. Estive contando os dias que faltavam para que agosto terminasse, esperançosa de que com seu final nos chegaria também o alívio.
Sob essa sensação de saciedade setembro começou, com seu fardo de rotina. Meu filho saiu cedo para a escola e no meio da manhã me fiz a mesma pergunta quando do curso anterior: como encontrar algo para levar-lhe de almoço? A professora lhes anunciou que voltarão as mobilizações no campo – em compensação, imagino, a paulatina extinção das bolsas – e que agora as aulas terão quarenta alunos pois não há professores suficientes. Também o transporte público tornou-se mais complicado, há vários dias, por todos os estudantes e trabalhadores que voltam das férias. Por sorte, nenhum furacão sacudiu este princípio de mês, como há um ano fizeram Ike e Gustav.
Todos os projetos agendados deveriam começar neste setembro, inclusive aquelas novas medidas anunciadas – ainda que não substantivadas – durante a última sessão da Assembleia Nacional. Como escolares aplicados, assim teriam que fazer nossos políticos: apontar os lápis, encapar os cadernos e porem-se a trabalhar em busca da solução da montanha de problemas que nos rodeiam. Lástima que saibam de antemão que não terão que se submeter a um exame, que não serão qualificados de mal, regular ou bem, com um voto deixado numa urna. Que pena que não possamos tomar a caneta vermelha da reprovação e fazer uma enorme marca na folha de sua gestão administrativa. Sendo assim, vão se promovendo eles mesmos ano após ano, começando a cada setembro um curso onde ninguém tem direito a suspendê-los.
Setembro também me trouxe algumas surpresas. Desde sexta-feira passada é impossivel conectar-se a Voces Cubanas, da Ilha. Aplicaram ao Voces Cubanas o mesmo filtro lentificador que já usaram para impedir a conexão a desdecuba.com dos usuários que se conectam dentro de Cuba, a velocidade muito baixa.