Samuel Pessôa acredita numa reforma do Estado “de dentro para fora”
O incômodo do mercado frente à política econômica do governo não é infundada. Para Samuel Pessôa, especialista do Instituto Milenium e chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), a desaceleração do crescimento brasileiro se deve à adoção de uma agenda nacional-desenvolvimentista para o país. Contrário ao discurso oficial que aponta a crise econômica mundial como causa dos problemas internos, o pesquisador […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2014 às 14h30.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h36.
O incômodo do mercado frente à política econômica do governo não é infundada. Para Samuel Pessôa, especialista do Instituto Milenium e chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), a desaceleração do crescimento brasileiro se deve à adoção de uma agenda nacional-desenvolvimentista para o país. Contrário ao discurso oficial que aponta a crise econômica mundial como causa dos problemas internos, o pesquisador diz que o orçamento brasileiro não comporta um Estado de bem-estar que financie, via BNDES, o desenvolvimento econômico e social. Leia a entrevista:
Instituto Millenium – O senhor afirma que o Brasil, desde 1980, foi capturado por uma “armadilha da renda média”. Países nessa situação têm dificuldade de competir com nações de renda mais baixa e com países mais ricos, seja com produtos de baixo valor agregado, seja com sofisticação de produtos e serviços. Como atualmente o Brasil se enquadra nessa questão?
Samuel Pessôa – Nós continuamos na renda média e temos uma exportação de baixa e média tecnologia, com exceção da Embraer. Em 20 anos, nesse quesito, não houve muitas mudanças.
Imil – O senhor enxerga possibilidades para escaparmos dessa armadilha?
Pessôa – Vai ser um processo gradativo que levará algumas décadas. Não sairemos dessa situação nem a médio prazo. O atraso do Brasil com relação às nações líderes é um fenômeno do século 19. Na virada do século 18 para o século 19, o PIB brasileiro marcava aproximadamente 70% ou 80% do PIB americano. Do século 19 para o século 20, caímos para cerca de 20% do PIB dos EUA e hoje mantivemos esse percentual. Estamos ainda no mesmo patamar. No século 21, vamos ganhar mais terreno frente aos países líderes, mas não seremos tão rápidos como foram Coreia do Sul, Japão e até mesmo a China. O processo que acabará com nosso atraso brutal de produtividade de trabalho vai ser longo. Se hoje somos 20% dos EUA, acho que no final do século seremos cerca de 60%, 70%.
O incômodo do mercado frente à política econômica do governo não é infundada. Para Samuel Pessôa, especialista do Instituto Milenium e chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), a desaceleração do crescimento brasileiro se deve à adoção de uma agenda nacional-desenvolvimentista para o país. Contrário ao discurso oficial que aponta a crise econômica mundial como causa dos problemas internos, o pesquisador diz que o orçamento brasileiro não comporta um Estado de bem-estar que financie, via BNDES, o desenvolvimento econômico e social. Leia a entrevista:
Instituto Millenium – O senhor afirma que o Brasil, desde 1980, foi capturado por uma “armadilha da renda média”. Países nessa situação têm dificuldade de competir com nações de renda mais baixa e com países mais ricos, seja com produtos de baixo valor agregado, seja com sofisticação de produtos e serviços. Como atualmente o Brasil se enquadra nessa questão?
Samuel Pessôa – Nós continuamos na renda média e temos uma exportação de baixa e média tecnologia, com exceção da Embraer. Em 20 anos, nesse quesito, não houve muitas mudanças.
Imil – O senhor enxerga possibilidades para escaparmos dessa armadilha?
Pessôa – Vai ser um processo gradativo que levará algumas décadas. Não sairemos dessa situação nem a médio prazo. O atraso do Brasil com relação às nações líderes é um fenômeno do século 19. Na virada do século 18 para o século 19, o PIB brasileiro marcava aproximadamente 70% ou 80% do PIB americano. Do século 19 para o século 20, caímos para cerca de 20% do PIB dos EUA e hoje mantivemos esse percentual. Estamos ainda no mesmo patamar. No século 21, vamos ganhar mais terreno frente aos países líderes, mas não seremos tão rápidos como foram Coreia do Sul, Japão e até mesmo a China. O processo que acabará com nosso atraso brutal de produtividade de trabalho vai ser longo. Se hoje somos 20% dos EUA, acho que no final do século seremos cerca de 60%, 70%.