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"Não sei o que é viver sem censura"

Wendy Guerra, autora cubana que está no Brasil para a Feira Literária de Paraty (FLIP), considera-se privilegiada por conseguir entrar e sair do país e diz que é sempre a última a saber das coisas em Cuba. Na reportagem de Fabio Victor para a “Folha de S. Paulo”, Wendy também tece comentários sobre seu conterrâneo, o escritor Pedro Juán Gutiérrez: “A escritora cubana Wendy Guerra, que participa da Flip, foi […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2010 às 18h28.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h28.

Wendy Guerra, autora cubana que está no Brasil para a Feira Literária de Paraty (FLIP), considera-se privilegiada por conseguir entrar e sair do país e diz que é sempre a última a saber das coisas em Cuba. Na reportagem de Fabio Victor para a “Folha de S. Paulo”, Wendy também tece comentários sobre seu conterrâneo, o escritor Pedro Juán Gutiérrez:

“A escritora cubana Wendy Guerra, que participa da Flip, foi irônica e mordaz ao falar sobre o seu país durante entrevista ontem à tarde.
“Vocês [jornalistas] têm mais informações do que eu sobre o meu país. Acho que, se houver uma mudança muito grande em Cuba, vocês vão me ligar e eu direi: “O que houve? Quem morreu?”. Sou sempre a última a saber das coisas de Cuba.”
Wendy -que participa de mesa no domingo na festa de Paraty- evita atacar explicitamente o regime cubano, mas sua fala rápida às vezes atropela a cautela.
“Deram minha permissão de saída, estou aqui, sou a prova. Mas ter de pedir permissão para entrar e sair de seu país é ofensivo. Sou uma privilegiada. Por escrever, tenho a possibilidade de sair, ainda que em troca de desaparecer da mídia [seus livros não são publicados na ilha]”, disse, quando questionada sobre o trâmite que lhe permitiu vir ao Brasil.

VIGILÂNCIA
A uma pergunta sobre como é viver sob censura, respondeu: “Não sei se se chama censura ou não. Faço 40 anos em dezembro e não sei viver de outra maneira. O problema vai ser quando já não tiver o que escrever. Por isso sou vigilante, procuro escrever sobre temas universais. É duro dizer isso, mas estou acostumada desde muito pequena a controlar o que digo”.
Franzina e sensual, pose de garotinha, Wendy vestia camisa Lacoste e exalava bom humor. Fazia a todo instante poses, caras e bocas.
Teceu loas ao colega e conterrâneo Pedro Juan Gutiérrez, autor da “Trilogia Suja de Havana”. “Ele vive como escreve. É um dos homens mais sensuais e devoradores de mulheres que já conheci. É um malandro, um homem maravilhoso. Come a vida, tem amor à vida e à marginalidade. Ele é de verdade.”
Wendy teve lançado recentemente no Brasil o livro “Nunca Fui Primeira-Dama”, pelo selo Benvirá, da Saraiva. A obra traz a história romanceada da mãe de Wendy, Albis Torres, que teve um relacionamento com Celia Sanches, líder revolucionária e secretária de Fidel Castro.
Antes da entrevista coletiva, o editor Thales Guaracy agradeceu à presença da escritora, afirmando saber “que não é fácil para ela estar nos lugares (…) falando livremente sobre temas”.”

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Wendy Guerra, autora cubana que está no Brasil para a Feira Literária de Paraty (FLIP), considera-se privilegiada por conseguir entrar e sair do país e diz que é sempre a última a saber das coisas em Cuba. Na reportagem de Fabio Victor para a “Folha de S. Paulo”, Wendy também tece comentários sobre seu conterrâneo, o escritor Pedro Juán Gutiérrez:

“A escritora cubana Wendy Guerra, que participa da Flip, foi irônica e mordaz ao falar sobre o seu país durante entrevista ontem à tarde.
“Vocês [jornalistas] têm mais informações do que eu sobre o meu país. Acho que, se houver uma mudança muito grande em Cuba, vocês vão me ligar e eu direi: “O que houve? Quem morreu?”. Sou sempre a última a saber das coisas de Cuba.”
Wendy -que participa de mesa no domingo na festa de Paraty- evita atacar explicitamente o regime cubano, mas sua fala rápida às vezes atropela a cautela.
“Deram minha permissão de saída, estou aqui, sou a prova. Mas ter de pedir permissão para entrar e sair de seu país é ofensivo. Sou uma privilegiada. Por escrever, tenho a possibilidade de sair, ainda que em troca de desaparecer da mídia [seus livros não são publicados na ilha]”, disse, quando questionada sobre o trâmite que lhe permitiu vir ao Brasil.

VIGILÂNCIA
A uma pergunta sobre como é viver sob censura, respondeu: “Não sei se se chama censura ou não. Faço 40 anos em dezembro e não sei viver de outra maneira. O problema vai ser quando já não tiver o que escrever. Por isso sou vigilante, procuro escrever sobre temas universais. É duro dizer isso, mas estou acostumada desde muito pequena a controlar o que digo”.
Franzina e sensual, pose de garotinha, Wendy vestia camisa Lacoste e exalava bom humor. Fazia a todo instante poses, caras e bocas.
Teceu loas ao colega e conterrâneo Pedro Juan Gutiérrez, autor da “Trilogia Suja de Havana”. “Ele vive como escreve. É um dos homens mais sensuais e devoradores de mulheres que já conheci. É um malandro, um homem maravilhoso. Come a vida, tem amor à vida e à marginalidade. Ele é de verdade.”
Wendy teve lançado recentemente no Brasil o livro “Nunca Fui Primeira-Dama”, pelo selo Benvirá, da Saraiva. A obra traz a história romanceada da mãe de Wendy, Albis Torres, que teve um relacionamento com Celia Sanches, líder revolucionária e secretária de Fidel Castro.
Antes da entrevista coletiva, o editor Thales Guaracy agradeceu à presença da escritora, afirmando saber “que não é fácil para ela estar nos lugares (…) falando livremente sobre temas”.”

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