Exame.com
Continua após a publicidade

"Processo político-eleitoral está muito concentrado em partidos"

O cientista político Bolívar Lamounier avalia cenário para as próximas eleições diante da crise de representatividade. Ouça a entrevista!

I
Instituto Millenium

Publicado em 27 de setembro de 2017 às, 19h13.

Em meio a um cenário marcado por recessão econômica e instabilidade institucional, a corrida eleitoral de 2018 no Brasil parece cada vez mais indefinida. O que se pode esperar para o futuro de um país onde mais de 90% da população não se sente representada pelos candidatos que elegeu e que estão no poder? Segundo o cientista político Bolívar Lamounier, sócio-diretor da Augurium Consultoria e especialista do Instituto Millenium, essa falta de opções de novas lideranças na política se deve ao fato de que o processo político-eleitoral tem se concentrado nos partidos, que ainda apresentam uma estrutura oligarquizada, pouco permeável à ascensão de novos nomes. “Já estamos em outubro, é difícil que daqui até ano que vem surja alguém de fora a ponto de ser competitivo para a eleição.”

Condenado e candidato? O Imil é contra! Leia artigo de Gil Castello Branco
Você vota no partido ou no candidato?
Rubens Barbosa: “A política no Brasil virou profissão no mau sentido”

Lamounier não acredita que movimentos da sociedade civil derivados das manifestações de junho de 2013 sirvam de plataforma para que novos líderes possam se lançar à disputa eleitoral do ano que vem. “É possível que a médio prazo, em 2020, esses grupos se transformem em partidos. Por enquanto, acho que eles fazem manifestações e em seguida se dispersam. É difícil vê-los mais compactados nesse período”. Ele acrescenta ainda que as eleições de 2018 devem ser mais pulverizadas do que polarizadas, uma vez que o clima de intensa polarização observado nas últimas eleições tem apresentado sinais de desgaste. “Tenho a impressão de que a maioria das pessoas está procurando um clima mais moderado para essa eleição, logo, um candidato moderado, de centro, que apresente uma plataforma consistente, terá melhores chances”.

A respeito das chances de Luiz Inácio Lula da Silva concorrer às eleições no próximo ano, o cientista político diz que, num improvável cenário onde o ex-presidente – condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – consiga autorização para pleitear votos, é mais provável que ele se candidate a uma vaga na Câmara com o objetivo de preservar “uma boa bancada”. Ouça!

[soundcloud url="https://api.soundcloud.com/tracks/344167910" params="color=#ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&visual=true" width="100%" height="300" iframe="true" /]