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Portais de transparência não garantem fiscalização de gastos com Olimpíada

Do portal da Band News, por Marina Cavalcanti: Portais de transparência criados para exibir os gastos dos Jogos Olímpicos de 2016 e da Copa de 2014 podem ser inócuos se não houver definição de orçamento dos eventos, segundo o economista e fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco. “O ponto de partida é dizer onde a União, os Estados e os municípios vão colocar recursos. Enquanto isso não estiver […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2009 às 11h39.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h08.

Do portal daBand News, por Marina Cavalcanti: Portais de transparência criados para exibir os gastos dos Jogos Olímpicos de 2016 e da Copa de 2014 podem ser inócuos se não houver definição de orçamento dos eventos, segundo o economista e fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco. “O ponto de partida é dizer onde a União, os Estados e os municípios vão colocar recursos. Enquanto isso não estiver claro, todos esses anúncios de portais são praticamente demagógicos”, afirmou.

Desde a escolha do Brasil como sede da Copa e dos Jogos, pelo menos três portais de transparência foram anunciados. A Prefeitura do Rio lançou o “Transparência Olímpica”, para revelar os recursos do município destinados ao evento. O site deve ir ao ar no próximo mês, quando a distinção orçamentária dos Jogos ainda não estará definida. A CGU (Controladoria-Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União) também estão trabalhando na criação dos seus portais.

Branco ressalta que o uso político da transparência muitas vezes mantém a clareza dos gastos apenas no discurso. “Transparência, hoje em dia, é uma das palavras mais usadas no mundo pelos políticos”, afirma. “Anunciar que vai ser transparente é só uma intenção que ainda não pode ser comprovada”, conclui.

O economista destaca que amplo conteúdo, fácil acesso, atualização freqüente e interação com o internauta devem ser as diretrizes para que os novos sites permitam fiscalização efetiva. A utilização de linguagem simples, como a tradução de termos técnicos do orçamento, também é citada por Branco como item facilitador do acesso público.

Fabiano Angélico, coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil, acrescenta que, além da simplificação e abrangência do conteúdo, o poder público precisa disponibilizar formatos adequados para exibir os dados. “Arquivo anexado no formato PDF, por exemplo, dificulta bastante recolher essas informações”, diz. “O ideal é o formato eletrônico que possibilite a coleta automática por meio de aplicativos”, sugere.

Limites da transparência

Angélico diz que a divisão de informações em portais distintos é negativa e sugere a criação de um portal único para facilitar a coleta de dados. Ele destaca ainda que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), anunciado como o principal financiador dos Jogos Olímpicos pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), tem sérios problemas de transparência. “O BNDES é um órgão que há muito tempo tem pouca transparência”, diz.

Branco, que também defende um portal só, cita como exemplo da diluição de dados o programa orçamentário “Rumo ao Pan 2007”. O programa não chegou a constituir um portal, sendo acessível em diferentes sites de orçamento.

Angélico pondera que a transparência é um passo inicial que “está longe” de garantir a fiscalização. “Ela [transparência] depende de a sociedade se apropriar das informações ali contidas e dados que venham a chamar atenção”, afirma.

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Do portal daBand News, por Marina Cavalcanti: Portais de transparência criados para exibir os gastos dos Jogos Olímpicos de 2016 e da Copa de 2014 podem ser inócuos se não houver definição de orçamento dos eventos, segundo o economista e fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco. “O ponto de partida é dizer onde a União, os Estados e os municípios vão colocar recursos. Enquanto isso não estiver claro, todos esses anúncios de portais são praticamente demagógicos”, afirmou.

Desde a escolha do Brasil como sede da Copa e dos Jogos, pelo menos três portais de transparência foram anunciados. A Prefeitura do Rio lançou o “Transparência Olímpica”, para revelar os recursos do município destinados ao evento. O site deve ir ao ar no próximo mês, quando a distinção orçamentária dos Jogos ainda não estará definida. A CGU (Controladoria-Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União) também estão trabalhando na criação dos seus portais.

Branco ressalta que o uso político da transparência muitas vezes mantém a clareza dos gastos apenas no discurso. “Transparência, hoje em dia, é uma das palavras mais usadas no mundo pelos políticos”, afirma. “Anunciar que vai ser transparente é só uma intenção que ainda não pode ser comprovada”, conclui.

O economista destaca que amplo conteúdo, fácil acesso, atualização freqüente e interação com o internauta devem ser as diretrizes para que os novos sites permitam fiscalização efetiva. A utilização de linguagem simples, como a tradução de termos técnicos do orçamento, também é citada por Branco como item facilitador do acesso público.

Fabiano Angélico, coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil, acrescenta que, além da simplificação e abrangência do conteúdo, o poder público precisa disponibilizar formatos adequados para exibir os dados. “Arquivo anexado no formato PDF, por exemplo, dificulta bastante recolher essas informações”, diz. “O ideal é o formato eletrônico que possibilite a coleta automática por meio de aplicativos”, sugere.

Limites da transparência

Angélico diz que a divisão de informações em portais distintos é negativa e sugere a criação de um portal único para facilitar a coleta de dados. Ele destaca ainda que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), anunciado como o principal financiador dos Jogos Olímpicos pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), tem sérios problemas de transparência. “O BNDES é um órgão que há muito tempo tem pouca transparência”, diz.

Branco, que também defende um portal só, cita como exemplo da diluição de dados o programa orçamentário “Rumo ao Pan 2007”. O programa não chegou a constituir um portal, sendo acessível em diferentes sites de orçamento.

Angélico pondera que a transparência é um passo inicial que “está longe” de garantir a fiscalização. “Ela [transparência] depende de a sociedade se apropriar das informações ali contidas e dados que venham a chamar atenção”, afirma.

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