Por uma agenda de competitividade
O Brasil tem ficado para trás na corrida pelo desenvolvimento e pelo aumento da produtividade
Instituto Millenium
Publicado em 1 de julho de 2024 às 17h09.
*Por Murilo Medeiros
O Brasil vive hoje grande desafio no campo da competitividade. O país tem ficado para trás na corrida pelo desenvolvimento e pelo aumento da produtividade. No ranking divulgado anualmente pelo instituto suíço IMD e pela Fundação Dom Cabral, somos apenas o 62º mais competitivo entre 67 países – entre 2020 e 2024, o Brasil perdeu 6 posições. Só estamos à frente de Peru (63º), Nigéria (64º), Gana (65º), Argentina (66º) e Venezuela (67º).
O país percorreu um caminho tortuoso nos últimos anos: intromissão excessiva do Estado na economia, baixo nível de poupança e de investimentos públicos, marcos regulatórios aviltados, protecionismo, isolamento das cadeias produtivas globais e um ambiente de negócios hostil a quem quer empreender, com insegurança jurídica e elevada instabilidade institucional.
Como consequência, nossa produtividade anda a passos lentos. O trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos, segundo levantamento do Conference Board.
Há muito a fazer para mudar esta perigosa e indesejável situação, agravada pelo fato de o país investir cada vez menos como proporção de seu PIB. Pelo menos cinco desafios precisam ser enfrentados para acelerar a recuperação da produtividade e da competitividade da economia brasileira: simplificação das legislações tributária, trabalhista e do ambiente de negócios; melhoria da educação e qualificação da mão de obra; maior integração internacional; investimento pesado em infraestrutura, com participação decisiva da iniciativa privada; e adoção de políticas de apoio à inovação e à digitalização.
No caso dos incentivos à inovação, o gasto com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil é cerca de 1% do PIB, praticamente o mesmo valor de quinze anos atrás. Nesse período, a indústria perdeu participação em toda a riqueza gerada no país, e não aumentou a taxa de inovação das empresas brasileiras.
Também avançamos timidamente no âmbito da transformação digital, apesar de alguns progressos isolados. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que 31% das empresas nacionais ainda não utilizam tecnologias digitais em seu processo produtivo. Dentre os esforços públicos realizados nos últimos anos nesta área, estão a publicação da “Estratégia Brasileira de Transformação Digital (E-Digital)”, lançada em 2018, bem como a Lei nº 14.129/2021, conhecida como Lei do Governo Digital, que incentiva a troca de informações de forma mais ágil entre diferentes repartições da administração pública.
O bom exemplo do Brasil vem do campo. O setor de agronegócios, por exemplo, busca expandir a produtividade a partir da incorporação de tecnologias em seu processo produtivo, como é o caso da agricultura de precisão – trabalho liderado pela atuação moderna da Embrapa na geração de conhecimento. O avanço é perceptível. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a produtividade das lavouras brasileiras cresceu 400% entre 1975 e 2020, com a modernização de máquinas, dos insumos e investimentos em ciência e tecnologia.
A adoção de soluções digitais na agricultura eleva a performance do país em termos de sustentabilidade, apoiando a redução de emissão de gases de efeito estufa e a desburocratização de custos. Tal ação amplia a escala de mercado da agroindústria nacional em cadeias globais de valor, tornando nosso agro mais inovador, produtivo e socialmente inclusivo.
Um empenho obstinado em torno dessa agenda dará impulso para que o Brasil retome o rumo do desenvolvimento sustentável. Mais responsabilidade com os recursos públicos, menor peso do Estado na economia, maior previsibilidade institucional e reformas liberalizantes que impulsionem a produtividade e a competitividade de quem trabalha e produz. Este é o encontro necessário que a sociedade brasileira necessita promover, sob pena de não ter futuro algum.
* Murilo Medeiros é cientista político pela Universidade de Brasília (UnB) e assessor legislativo no Senado Federal. É pós-graduado em Democracia e Direito Eleitoral, consultor político e mestrando profissional em Poder Legislativo.
*Por Murilo Medeiros
O Brasil vive hoje grande desafio no campo da competitividade. O país tem ficado para trás na corrida pelo desenvolvimento e pelo aumento da produtividade. No ranking divulgado anualmente pelo instituto suíço IMD e pela Fundação Dom Cabral, somos apenas o 62º mais competitivo entre 67 países – entre 2020 e 2024, o Brasil perdeu 6 posições. Só estamos à frente de Peru (63º), Nigéria (64º), Gana (65º), Argentina (66º) e Venezuela (67º).
O país percorreu um caminho tortuoso nos últimos anos: intromissão excessiva do Estado na economia, baixo nível de poupança e de investimentos públicos, marcos regulatórios aviltados, protecionismo, isolamento das cadeias produtivas globais e um ambiente de negócios hostil a quem quer empreender, com insegurança jurídica e elevada instabilidade institucional.
Como consequência, nossa produtividade anda a passos lentos. O trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos, segundo levantamento do Conference Board.
Há muito a fazer para mudar esta perigosa e indesejável situação, agravada pelo fato de o país investir cada vez menos como proporção de seu PIB. Pelo menos cinco desafios precisam ser enfrentados para acelerar a recuperação da produtividade e da competitividade da economia brasileira: simplificação das legislações tributária, trabalhista e do ambiente de negócios; melhoria da educação e qualificação da mão de obra; maior integração internacional; investimento pesado em infraestrutura, com participação decisiva da iniciativa privada; e adoção de políticas de apoio à inovação e à digitalização.
No caso dos incentivos à inovação, o gasto com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil é cerca de 1% do PIB, praticamente o mesmo valor de quinze anos atrás. Nesse período, a indústria perdeu participação em toda a riqueza gerada no país, e não aumentou a taxa de inovação das empresas brasileiras.
Também avançamos timidamente no âmbito da transformação digital, apesar de alguns progressos isolados. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que 31% das empresas nacionais ainda não utilizam tecnologias digitais em seu processo produtivo. Dentre os esforços públicos realizados nos últimos anos nesta área, estão a publicação da “Estratégia Brasileira de Transformação Digital (E-Digital)”, lançada em 2018, bem como a Lei nº 14.129/2021, conhecida como Lei do Governo Digital, que incentiva a troca de informações de forma mais ágil entre diferentes repartições da administração pública.
O bom exemplo do Brasil vem do campo. O setor de agronegócios, por exemplo, busca expandir a produtividade a partir da incorporação de tecnologias em seu processo produtivo, como é o caso da agricultura de precisão – trabalho liderado pela atuação moderna da Embrapa na geração de conhecimento. O avanço é perceptível. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a produtividade das lavouras brasileiras cresceu 400% entre 1975 e 2020, com a modernização de máquinas, dos insumos e investimentos em ciência e tecnologia.
A adoção de soluções digitais na agricultura eleva a performance do país em termos de sustentabilidade, apoiando a redução de emissão de gases de efeito estufa e a desburocratização de custos. Tal ação amplia a escala de mercado da agroindústria nacional em cadeias globais de valor, tornando nosso agro mais inovador, produtivo e socialmente inclusivo.
Um empenho obstinado em torno dessa agenda dará impulso para que o Brasil retome o rumo do desenvolvimento sustentável. Mais responsabilidade com os recursos públicos, menor peso do Estado na economia, maior previsibilidade institucional e reformas liberalizantes que impulsionem a produtividade e a competitividade de quem trabalha e produz. Este é o encontro necessário que a sociedade brasileira necessita promover, sob pena de não ter futuro algum.
* Murilo Medeiros é cientista político pela Universidade de Brasília (UnB) e assessor legislativo no Senado Federal. É pós-graduado em Democracia e Direito Eleitoral, consultor político e mestrando profissional em Poder Legislativo.