“O que vai diferenciar as empresas no mercado é a singularidade”
O Brasil está entre os maiores produtores de criatividade no mundo. Quando o assunto é economia criativa o país supera a Espanha, Itália e Holanda. É o que revela o “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, estudo realizado pela Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro em 2012, com base nas estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego. De acordo com a pesquisa, em 2011, o núcleo da […] Leia mais
Publicado em 12 de setembro de 2014 às, 17h44.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h20.
O Brasil está entre os maiores produtores de criatividade no mundo. Quando o assunto é economia criativa o país supera a Espanha, Itália e Holanda. É o que revela o “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, estudo realizado pela Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro em 2012, com base nas estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego. De acordo com a pesquisa, em 2011, o núcleo da indústria criativa no Brasil, formado por 243 mil empresas, gerou um PIB de R$ 110 bilhões, equivalente a 2,7% de tudo o que fora produzido no país naquele ano.
Segundo o levantamento, 810 mil profissionais brasileiros — o equivalente a 1,7% do total de trabalhadores do país — integram o mercado formal da indústria criativa. Os segmentos de arquitetura e engenharia, publicidade e design, além de moda, se destacam no país. Entre os estados, São Paulo e Rio de Janeiro se sobressaem.
Se investir em economia criativa pode ser um bom negócio para empregadores, os números mostram que o mesmo vale para os empregados. Enquanto o rendimento mensal médio do trabalhador brasileiro era de R$ 1.733 mil mensais em 2011, o dos profissionais criativos chegou a R$ 4.693, quase três vezes acima do patamar nacional. No Rio de Janeiro, os profissionais têm a maior vencimento.
Em entrevista ao Instituto Millenium, o professor Rodrigo Carvalho, coordenador do núcleo de empreendedorismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), explica a origem do conceito e as características deste mercado no qual Reino Unido e Estados Unidos se destacam. Segundo Rodrigo, muitos segmentos da economia criativa têm passado por uma reestruturação. “O que vai diferenciar as empresas no mercado é a singularidade”, diz, acrescentando que, apesar da diversidade entre os setores, um fator os une: a falta de qualificação profissional. Leia a entrevista:
Instituto Millenium: Como e quando surgiu o conceito de economia criativa? Ainda é um conceito em formação?
Rodrigo Carvalho: Não, já está bastante consolidado. É um conceito que surge em resposta ao processo de reestruturação produtiva da economia, que trouxe nos anos 1970 uma mudança significativa da organização econômica, principalmente nos grandes centros urbanos. Nos países desenvolvidos, basicamente, as indústrias e as atividades produtivas migraram para espaços periféricos, como China e outros países da Ásia. As cidades, então, entraram em declínio, em um processo de degradação urbana, com avanço da violência. Talvez os maiores símbolos desse período sejam Nova Iorque e Londres.
O poder público, então, associado à academia, tentou entender quais seriam os novos motores para o desenvolvimento econômico dessas cidades. Entenderam que, ao contrário do que estava acontecendo com as atividades produtivas industriais, tinham setores centrados em uma economia de serviço, que ainda residiam e se aglomeravam nesses grandes centros. Sobretudo nos anos 1980 e início dos anos 1990, tais setores da economia tinham como elemento comum modelos de negócio que exploravam recursos oriundos da área da cultura — sejam da linguagem, da estética. Era uma discussão ainda muito inicial e chamavam isso de economia da cultura. Até que a Austrália, no início dos anos 90, criou um planejamento estratégico para o seu desenvolvimento econômico, jogando luz sobre as indústrias criativas, que eram setores ligados à arte, cultura e ao entretenimento, como a moda, o cinema, as artes plásticas, o setor editorial etc.