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O dilema de segurança entre Colômbia e Venezuela

Matéria de hoje na Folha de SP sobre a tensa relação Colômbia-Venezuela mostra que a situação aponta cada vez mais para a existência de um “dilema de segurança” entre os dois países: Ameaça venezuelana justifica maior gasto militar, diz Colômbia Ministro da Defesa colombiano diz que país investirá para se precaver ante governo “expansionista e autoritário” de Caracas Chávez acusa Bogotá de invadir seu espaço aéreo e ordena abate de […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 21 de dezembro de 2009 às, 17h08.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 12h34.

Matéria de hoje na Folha de SP sobre a tensa relação Colômbia-Venezuela mostra que a situação aponta cada vez mais para a existência de um “dilema de segurança” entre os dois países:

Ameaça venezuelana justifica maior gasto militar, diz Colômbia

Ministro da Defesa colombiano diz que país investirá para se precaver ante governo “expansionista e autoritário” de Caracas

Chávez acusa Bogotá de invadir seu espaço aéreo e ordena abate de aeronave não tripulada dos EUA caso suposta incursão se repita

A Colômbia considera que corre o risco de sofrer uma “agressão externa”, que partiria do governo “expansionista e autoritário” do venezuelano Hugo Chávez e, por isso, diz que deve investir militarmente para sanar “vulnerabilidades sérias” em matéria de defesa.

A avaliação foi feita pelo ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, em entrevista ao jornal “El Tiempo”, de Bogotá, e compõe mais um capítulo da tensão bilateral entre os governos Chávez e Álvaro Uribe.
Chávez, por sua vez, voltou a dizer ontem, em seu programa de TV dominical, que são “evidentes” os sinais de que Bogotá e Washington se preparam para agredir a Venezuela. Afirmou que aviões não tripulados americanos, baseados na colombiano, ingressaram no espaço aéreo venezuelano. “Ordenei: Se um aviãozinho desse aparecer, derrubem-no!”

A crise bilateral preocupa diplomatas de governos vizinhos e analistas. Eles dizem que a tensão interrompe o intercâmbio bilateral de informações de segurança e deteriora a situação na turbulenta fronteira entre os países, que abriga paramilitares, narcotraficantes e guerrilheiros dos dois lados.

Anteontem, a Colômbia abriu sete novos batalhões do Exército, dois deles na fronteira com a Venezuela.

Imposto e Unasul

Na entrevista, o ministro da Defesa comentou relatório entregue por ele ao Congresso que aponta “vulnerabilidades sérias” da Colômbia frente a uma eventual ameaça externa.

A variável externa é um dos motivos, disse, para a recém-aprovada expansão do imposto sobre patrimônio para financiar a defesa. O tributo, criado em 2007 e que acabaria ano que vem, foi prorrogado até 2014.

“Seria irresponsável não informar ao Congresso [sobre a ameaça externa]. Daí vem, em grande medida, a justificativa para o imposto sobre patrimônio. Agora as ameaças são duplas: externas e internas.”

Gabriel Silva afirmou que a Colômbia manterá o foco no conflito armado interno -luta contra as guerrilhas, reforçada pela presença americana em sete bases militares-, mas investirá para melhorar a capacidade de dissuasão e reação. “É bom dizer que não estamos de mãos atadas.Temos o melhor Exército da América Latina.”

A Colômbia tem as maiores Forças Armadas do continente (400 mil soldados), mas analistas concordam que, voltada para o conflito interno, está bem menos preparada para uma guerra convencional. O gasto militar do país em 2007 foi 4% do PIB, ante 1,3% de Caracas, segundo o Sipri (Instituto de Estudos da Paz de Estocolmo).

Silva acusou Chávez de gastar milhões com armas “de que não precisa” e disse que Caracas é “uma ameaça real” para a região, como o “intervencionismo cubano” foi no passado.

O clima de Guerra Fria se arrasta enquanto sugestões para tentar aproximar Uribe e Chávez -como a reunião entre os dois proposta pelo Brasil no mês passado- fracassam.

A crise expõe a dificuldade de atuação da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Em novembro, a instância comemorou ter aprovado documento de consenso mínimo em defesa, com ênfase no reforço da confiança e transparência.

O texto, endossado por Venezuela e Colômbia, declara “proscrito o uso ou a ameaça do uso da força” na região.

Fonte: Folha de S. Paulo – FLÁVIA MARREIRO