Ribeirinhos caminham com galões de água nas margens secas do Rio Madeira em Humaitá, Brasil, em 7 de setembro de 2024 (AFP Photo)
Colunista - Instituto Millenium
Publicado em 21 de julho de 2025 às 06h55.
De acordo com a pesquisa Na Raiz do Brasil, realizada pela Morada Comum em parceria com a Quaest, 79% dos brasileiros têm orgulho de ser brasileiros. Desses, 45% apontam a natureza como principal fator de orgulho. Por que, então, no debate sobre mudanças climáticas, o cidadão comum nem sempre parece ter vez na proposição de soluções para si e para a sua família?
Em seu livro “Green Philosophy”, o filósofo inglês Roger Scruton defende um ambientalismo orientado pelo conceito de “oikophilia”, ou o amor pelo lar, que é a apreciação e proteção dos ambientes que chamamos de casa, seja o espaço físico que habitamos ou a comunidade em que vivemos. Scruton argumenta que essa conexão emocional com o nosso lar nos motiva a cuidar dele, a preservá-lo para as futuras gerações. Quando aplicamos esse conceito ao problema das mudanças climáticas, a oikophilia nos leva a ver a Terra não apenas como um recurso a ser explorado, mas como um lar que merece respeito e proteção. Essa perspectiva pode catalisar ações cívicas que buscam a sustentabilidade e a conservação, promovendo um senso de responsabilidade coletiva em relação ao país do qual os brasileiros tanto se orgulham.
Associações e movimentos sociais que reúnem cidadãos em torno de causas ambientais não apenas amplificam vozes individuais, mas também criam um senso de pertencimento e compromisso com a proteção do meio ambiente.
A intersecção entre oikophilia e associativismo sugere que a participação cívica em questões climáticas deve ser tanto uma expressão do amor pelo lar quanto uma manifestação da força das comunidades. Quando as pessoas se organizam em associações para promover práticas sustentáveis, elas não apenas fortalecem suas comunidades, mas também cultivam um profundo respeito pelo ambiente que habitam. Essa abordagem integrada pode inspirar ações coletivas, como a realização de limpezas em praias, o plantio de árvores e a promoção de iniciativas de educação ambiental.
Além disso, a participação cívica deve ser incentivada por políticas públicas que criem espaços para o diálogo e a colaboração entre cidadãos e governantes. É essencial que as vozes da sociedade civil sejam ouvidas nas decisões que afetam o meio ambiente. Isso não apenas fortalece a democracia, mas também garante que as políticas climáticas sejam mais eficazes e representativas das necessidades da comunidade.
A participação cívica é uma ferramenta poderosa na luta contra as mudanças climáticas. Para enfrentar esse desafio global, é necessária uma mobilização coletiva que una indivíduos, comunidades e governos em busca de soluções sustentáveis. Somente através do engajamento ativo e do compromisso de todos será possível criar um futuro mais seguro e sustentável para as próximas gerações. A hora de agir é agora, e cada voz conta nessa luta urgente.