“Nossa política fiscal agrava os ciclos econômicos”, critica Marcos Lisboa
Economista participou do painel “Eterno País do Futuro”?, no Fórum da Liberdade, juntamente com Gustavo Franco e Zeina Latif
Publicado em 5 de abril de 2024 às, 12h02.
O economista Marcos Lisboa criticou a política fiscal brasileira nesta quinta-feira (04), durante sua participação no Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. “Nossa política fiscal agrava muito os ciclos econômicos. O Brasil é o único país do mundo onde é proibido cortar gasto público. É quase tudo gasto com gente, salário, aposentadoria”, disse. Ele também criticou a má alocação de recursos em nossa economia, inclusive nos incentivos gerados às empresas. “Empresas ruins não quebram em país pobre. Sobrevivem com Simples, com lucro presumido, crédito subsidiado. Apesar das boas intenções, esse tipo de incentivo só faz dar dinheiro, ou para quem não precisa ou para quem não merece”, concluiu.
Com a perna imobilizada após uma cirurgia, Lisboa participou do painel “Eterno País do Futuro?”, junto com os também economistas Gustavo Franco e Zeina Latif. Franco, que é um dos pais do Plano Real, relembrou a trajetória da moeda que completa 30 anos em 2024, e falou sobre as dificuldades de implementação. “Foi a reforma das reformas. E como em muitas reformas, tem muita gente contra, mesmo que ela seja boa para o conjunto da população”, pontuou, citando que o motivo para a resistência de setores da sociedade para essas mudanças tem a ver com o fato de que os benefícios delas são dispersos, mas os custos concentrados em uma minoria, que seriam “os proprietários das boquinhas”.
Ainda assim, ele comemorou os resultados, 30 anos depois. “O atual governo foi contra cada etapa desse caminho. Ironicamente, a maior parte desses 30 anos foi de gestão justamente do PT, e eles não conseguiram destruir o progresso conquistado” destacou. Segundo ele, isso aconteceu graças às instituições robustas que foram desenhadas, à época, para resistir às alternâncias de poder. “E está resistindo. Eles continuam reclamando, mas está resistindo”, brincou.
Já Zeina Latif, lembrou sobre a responsabilidade da população pelo patrimonialismo do Estado. “A gente nasceu com um estado patrimonialista, com as capitanias hereditárias. Mas seria injusto colocar a culpa só na nossa herança. Isso é o fruto das nossas escolhas enquanto sociedade”, criticou.
A 37ª edição do Fórum da Liberdade, maior palco de debates políticos, econômicos e sociais da América Latina, termina hoje (05), com recorde de público: foram 6 mil inscritos para os dois dias de evento.