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Mina Ahadi: “É preciso apoiar os que lutam contra Ahmadinejad”

“Quero fazer uma acusação contra o Islã político em nome das mulheres lapidadas da Nigéria, do Paquistão, do Iraque e também do Irã”. De forma contundente, sem meias palavras, Mina Ahadi abriu painel “Democracia, liberdade e direitos humanos”, o primeiro do “2º Fórum Democracia e Liberdade”, promovido na Faap pelo Instituto Millenium. A ativista iraniana conhece bem a violência do regime iraniano. Ela tinha 19 anos quando começou a se […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 16h05.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 10h13.

“Quero fazer uma acusação contra o Islã político em nome das mulheres lapidadas da Nigéria, do Paquistão, do Iraque e também do Irã”. De forma contundente, sem meias palavras, Mina Ahadi abriu painel “Democracia, liberdade e direitos humanos”, o primeiro do “2º Fórum Democracia e Liberdade”, promovido na Faap pelo Instituto Millenium.

A ativista iraniana conhece bem a violência do regime iraniano. Ela tinha 19 anos quando começou a se envolver com política e participar de passeatas que questionavam o regime que começava a se delinear. Em razão disso, foi perseguida, condenada à morte à revelia, teve o marido executado e, obrigada a deixar o país, vive na Alemanha desde 1996. “Não imaginava que aquelas ações fossem ter tantas conseqüências para a minha vida”, disse.

De acordo com Mina, uma das primeiras medidas do poder islâmico que se estabeleceu no fim dos anos 1970, foi obrigar as mulheres a usarem o véu.  “O véu é uma praga criada pelo Islã. Primeiro rebaixa-se a mulher com o uso do véu; depois, quando ela se nega a utilizá-lo, vem a ameaça de apedrejamento”. Segundo a ativista, muitos amigos foram executados naquele período. As amigas, antes de mortas, foram violentadas. “Para que não fossem para o paraíso”.

Segundo Mina foi naquele momento que ela começou a perceber a diferença entre o que acontecia no seu país e a visão dos meios de comunicação ocidental. “Fazíamos uma revolução contra a ditadura, não era uma Revolução Islâmica, e eu escutava na BBC que o líder era o Khomeini. Nosso movimento nada tinha  a ver com ele”, afirmou.

Ela utiliza esse exemplo para chamar a atenção para o que considera um equívoco propagado pela mídia: o relativismo cultural que insiste em dizer “que eles são diferentes”, como forma de justificar determinadas práticas. “Nós somos seres humanos. Sakineh (iraniana que corre o risco de ser apedrejada) é um ser humano do século XXI.”

Quando vi pela primeira vez uma cena de apedrejamento pensei: quando a opinião pública tomar conhecimento sobre isso vão parar as fábricas. Mas percebi que não é bem assim. “Tenho 54 anos, rodei o mundo inteiro  e percebi uma questão importante:  os governos têm interesses próprios,  os líderes dos EUA e da Alemanha ajudaram o Islã político na luta contra a URSS e a esquerda, mas os seres humanos falam com o coração, sempre consegui apoio deles”, afirmou.

Essa constatação não a faz desistir do apoio político. “As redes sociais mostram que nem todos são favoráveis ao regime de Ahmadinejad. É preciso apoiar as pessoas que participam desses movimentos de luta”, disse. “Eu gostaria de falar com o governo daqui para ajudar os seres humanos contrários ao apedrejamento.” Mina aguarda a resposta da solicitação de uma audiência com a presidente Dilma Rousseff.

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“Quero fazer uma acusação contra o Islã político em nome das mulheres lapidadas da Nigéria, do Paquistão, do Iraque e também do Irã”. De forma contundente, sem meias palavras, Mina Ahadi abriu painel “Democracia, liberdade e direitos humanos”, o primeiro do “2º Fórum Democracia e Liberdade”, promovido na Faap pelo Instituto Millenium.

A ativista iraniana conhece bem a violência do regime iraniano. Ela tinha 19 anos quando começou a se envolver com política e participar de passeatas que questionavam o regime que começava a se delinear. Em razão disso, foi perseguida, condenada à morte à revelia, teve o marido executado e, obrigada a deixar o país, vive na Alemanha desde 1996. “Não imaginava que aquelas ações fossem ter tantas conseqüências para a minha vida”, disse.

De acordo com Mina, uma das primeiras medidas do poder islâmico que se estabeleceu no fim dos anos 1970, foi obrigar as mulheres a usarem o véu.  “O véu é uma praga criada pelo Islã. Primeiro rebaixa-se a mulher com o uso do véu; depois, quando ela se nega a utilizá-lo, vem a ameaça de apedrejamento”. Segundo a ativista, muitos amigos foram executados naquele período. As amigas, antes de mortas, foram violentadas. “Para que não fossem para o paraíso”.

Segundo Mina foi naquele momento que ela começou a perceber a diferença entre o que acontecia no seu país e a visão dos meios de comunicação ocidental. “Fazíamos uma revolução contra a ditadura, não era uma Revolução Islâmica, e eu escutava na BBC que o líder era o Khomeini. Nosso movimento nada tinha  a ver com ele”, afirmou.

Ela utiliza esse exemplo para chamar a atenção para o que considera um equívoco propagado pela mídia: o relativismo cultural que insiste em dizer “que eles são diferentes”, como forma de justificar determinadas práticas. “Nós somos seres humanos. Sakineh (iraniana que corre o risco de ser apedrejada) é um ser humano do século XXI.”

Quando vi pela primeira vez uma cena de apedrejamento pensei: quando a opinião pública tomar conhecimento sobre isso vão parar as fábricas. Mas percebi que não é bem assim. “Tenho 54 anos, rodei o mundo inteiro  e percebi uma questão importante:  os governos têm interesses próprios,  os líderes dos EUA e da Alemanha ajudaram o Islã político na luta contra a URSS e a esquerda, mas os seres humanos falam com o coração, sempre consegui apoio deles”, afirmou.

Essa constatação não a faz desistir do apoio político. “As redes sociais mostram que nem todos são favoráveis ao regime de Ahmadinejad. É preciso apoiar as pessoas que participam desses movimentos de luta”, disse. “Eu gostaria de falar com o governo daqui para ajudar os seres humanos contrários ao apedrejamento.” Mina aguarda a resposta da solicitação de uma audiência com a presidente Dilma Rousseff.

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