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Marco Túlio Kalil Ferreyro: a sobrevalorização do real

Comento a matéria “Real atinge sobrevalorização inédita desde dezembro de 1998“: Se considerarmos o estudo do BC, o Real estaria com uma sobrevalorização em relação ao dólar da ordem de 30%, o que significa que uma taxa de câmbio R$/US$ real efetiva hoje deveria ser de R$2,27 por dólar. Ou seja, há uma enorme defasagem cambial a qual indubitavelmente acaba tendo reflexos absolutamente nefastos no setor exportador, especialmente de manufaturados […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 6 de agosto de 2010 às, 01h45.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 11h29.

Comento a matéria “Real atinge sobrevalorização inédita desde dezembro de 1998“: Se considerarmos o estudo do BC, o Real estaria com uma sobrevalorização em relação ao dólar da ordem de 30%, o que significa que uma taxa de câmbio R$/US$ real efetiva hoje deveria ser de R$2,27 por dólar. Ou seja, há uma enorme defasagem cambial a qual indubitavelmente acaba tendo reflexos absolutamente nefastos no setor exportador, especialmente de manufaturados que não conta com a compensação da valorização dos preços das commodities, quando estas ocorrem. Logicamente que a taxa de câmbio não pode isoladamente medir o grau de competitividade dos produtos comercializáveis com o exterior. Todavia, não esqueçamos do Custo Brasil (gargalos de logística – transportes, portos, armazenamento, etc. – além da carga tributária, encargos trabalhistas, burocracia, entre outros…), fator determinante de perda de vários graus na escala de competitividade sistêmica dos produtos “made in Brazil”, no cada vez mais disputado mercado internacional. Por outro lado, logicamente que o Real forte estimula o setor produtivo voltado para o mercado doméstico, inclusive o mercado habitacional. Uma das consequências deste já largo período em que ocorre uma defasagem cambial no país está estampado no comportamento evoluitivo da nossa balança de conta corrente, cuja previsão do mercado é de fechar 2010 com um déficit de US$50 bilhões e aprofundamento do mesmo em 2011, atingindo um déficit de US$70 bilhões. Resta saber se interessa ao Brasil compensar tal rombo através dos movimentos na balança de capital, notadamente através do ingresso de capitais especulativos, ávidos por ganhos de arbitragem de juros/câmbio. Neste caso, se interessa ou não, é o que vem ocorrendo na prática. Até quando tal situação se sustentará? Baseando-se no atual patamar da taxa SELIC e dos atuais e baixíssimos patamares das taxas de juros praticadas nos países nos quais tem origem tais capitais voláteis, esta rotina deve continuar. Até quando? Provavelmente, até os ventos mudarem. Daí é que iremos saber se a situação macroeconômica do Brasil é tão sólida quanto dizem por aí…