Mais imigração, mais ideias. Mais ideias, mais prosperidade
No dia 18 de junho comemoramos, oficialmente, o início da imigração japonesa no Brasil
Colunista - Instituto Millenium
Publicado em 18 de junho de 2024 às 13h20.
No dia 18 de junho comemoramos, oficialmente, o início da imigração japonesa no Brasil. Completam-se 116 anos com mais de um milhão de descendentes de japoneses, os chamados nikkeis no país. São em datas como esta que encontramos textos alusivos à contribuição da imigração para diversos aspectos de um país. No caso específico, o leitor provavelmente associará a imigração ao sushi, aos filmes de Akira Kurosawa, aos samurais, aos bonsais e ikebanas, ao budismo, ao Godzilla, aos desenhos japoneses ( anime ) e, claro, às revistas em quadrinhos ( mangá ), para mencionar apenas os mais famosos.
Ao longo destes 116 anos, a lista acima aumentou, mostrando que, muitas vezes, a assimilação da cultura alheia é mais rápida do que a de um povo. Ao contrário de outros imigrantes, os japoneses demoraram mais em sua integração com este caldeirão cultural que chamamos de “povo brasileiro”. Os casamentos entre nikkeis e brasileiros, aos poucos, tornaram-se comuns e os preconceitos que existiam aqui e acolá perderam força. Esta história não é peculiar à imigração japonesa. Os outros imigrantes passaram por processo similar, e inevitável, de integração com a sociedade local.
A imigração também propicia saltos e avanços tecnológicos com a fusão do conhecimento local com o do imigrante. É o caso da agricultura brasileira. A contribuição dos imigrantes para o avanço do setor é sempre relembrada nesta data e é mais um exemplo dos benefícios que a promoção da imigração gera para um país. Engana-se quem vê nos imigrantes apenas um contingente de mão-de-obra. A imigração é a importação de ideias, a raiz de toda e qualquer tecnologia.
Assim como o comércio de bens e serviços, o de ideias também atinge seu maior potencial em um ambiente de maior liberdade econômica. Apesar disto, o Brasil, ao longo dos anos, vem sendo conhecido como um exportador líquido de ‘cérebros ’. Há pouco tempo vimos a notícia de que a administração federal pensava em alocar recursos públicos para ‘atrair de volta’ alguns destes pesquisadores que optaram por abandonar o Brasil por um país melhor. O problema desta proposta é que ela não percebe o custo de oportunidade do pesquisador emigrante: ele não abandonou o país apenas pelos salários baixos. A violência e a criminalidade, a insegurança jurídica, a rigidez burocrática, dentre outros fatores, precisam ser considerados. São custos implícitos na decisão da mudança que devem ser somados a esta conta.
O desenvolvimento econômico depende de ideias e ideias podem ser importadas. Para citar apenas um exemplo, não fizemos qualquer política, há alguns anos, para estimular a imigração de chineses de Hong-Kong que não deseja(va)m viver sob o regime socialista da República Popular da China. O leitor familiarizado com nosso ensino público superior poderá falar mais sobre a dificuldade que é contratar um professor de outra nacionalidade aqui, em comparação com a facilidade que é, no mundo desenvolvido, contratar professores brasileiros.
Por que comemoramos a imigração? Primeiro porque, sim, celebramos a coragem dos que optaram por uma aventura arriscada em um país desconhecido, mas, adicionalmente, celebramos o sucesso das conquistas atingidas pela sociedade brasileira por causa da imigração. Ao invés de alocar recursos (que sairão de onde?) para trazer quem escolheu voluntariamente sair do país, por que não criar condições para que outros queiram, voluntariamente, vir para o Brasil?
Para encerrar, apesar da data ser alusiva à imigração japonesa, agradeço à sociedade brasileira por ter recebido meus avós paternos japoneses e meus bisavós maternos portugueses. Não foi uma vida fácil para eles, mas se fosse fácil não iria se chamar ‘vida’ e sim ‘paraíso’.
No dia 18 de junho comemoramos, oficialmente, o início da imigração japonesa no Brasil. Completam-se 116 anos com mais de um milhão de descendentes de japoneses, os chamados nikkeis no país. São em datas como esta que encontramos textos alusivos à contribuição da imigração para diversos aspectos de um país. No caso específico, o leitor provavelmente associará a imigração ao sushi, aos filmes de Akira Kurosawa, aos samurais, aos bonsais e ikebanas, ao budismo, ao Godzilla, aos desenhos japoneses ( anime ) e, claro, às revistas em quadrinhos ( mangá ), para mencionar apenas os mais famosos.
Ao longo destes 116 anos, a lista acima aumentou, mostrando que, muitas vezes, a assimilação da cultura alheia é mais rápida do que a de um povo. Ao contrário de outros imigrantes, os japoneses demoraram mais em sua integração com este caldeirão cultural que chamamos de “povo brasileiro”. Os casamentos entre nikkeis e brasileiros, aos poucos, tornaram-se comuns e os preconceitos que existiam aqui e acolá perderam força. Esta história não é peculiar à imigração japonesa. Os outros imigrantes passaram por processo similar, e inevitável, de integração com a sociedade local.
A imigração também propicia saltos e avanços tecnológicos com a fusão do conhecimento local com o do imigrante. É o caso da agricultura brasileira. A contribuição dos imigrantes para o avanço do setor é sempre relembrada nesta data e é mais um exemplo dos benefícios que a promoção da imigração gera para um país. Engana-se quem vê nos imigrantes apenas um contingente de mão-de-obra. A imigração é a importação de ideias, a raiz de toda e qualquer tecnologia.
Assim como o comércio de bens e serviços, o de ideias também atinge seu maior potencial em um ambiente de maior liberdade econômica. Apesar disto, o Brasil, ao longo dos anos, vem sendo conhecido como um exportador líquido de ‘cérebros ’. Há pouco tempo vimos a notícia de que a administração federal pensava em alocar recursos públicos para ‘atrair de volta’ alguns destes pesquisadores que optaram por abandonar o Brasil por um país melhor. O problema desta proposta é que ela não percebe o custo de oportunidade do pesquisador emigrante: ele não abandonou o país apenas pelos salários baixos. A violência e a criminalidade, a insegurança jurídica, a rigidez burocrática, dentre outros fatores, precisam ser considerados. São custos implícitos na decisão da mudança que devem ser somados a esta conta.
O desenvolvimento econômico depende de ideias e ideias podem ser importadas. Para citar apenas um exemplo, não fizemos qualquer política, há alguns anos, para estimular a imigração de chineses de Hong-Kong que não deseja(va)m viver sob o regime socialista da República Popular da China. O leitor familiarizado com nosso ensino público superior poderá falar mais sobre a dificuldade que é contratar um professor de outra nacionalidade aqui, em comparação com a facilidade que é, no mundo desenvolvido, contratar professores brasileiros.
Por que comemoramos a imigração? Primeiro porque, sim, celebramos a coragem dos que optaram por uma aventura arriscada em um país desconhecido, mas, adicionalmente, celebramos o sucesso das conquistas atingidas pela sociedade brasileira por causa da imigração. Ao invés de alocar recursos (que sairão de onde?) para trazer quem escolheu voluntariamente sair do país, por que não criar condições para que outros queiram, voluntariamente, vir para o Brasil?
Para encerrar, apesar da data ser alusiva à imigração japonesa, agradeço à sociedade brasileira por ter recebido meus avós paternos japoneses e meus bisavós maternos portugueses. Não foi uma vida fácil para eles, mas se fosse fácil não iria se chamar ‘vida’ e sim ‘paraíso’.