Love e os fuzis
Vagner Love e Adriano, o Imperador, formam a dupla de ataque do Flamengo batizada de “Império do Amor”. O romantismo vive tempos estranhos. Adriano está sendo investigado por comprar uma moto em nome da mãe do chefe do tráfico na favela onde nasceu, no Complexo do Alemão. Vagner Love foi filmado chegando a um baile funk na Rocinha escoltado por traficantes armados de fuzis. Está tudo bem. Questionado pela imprensa, […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2010 às 10h25.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h09.
Vagner Love e Adriano, o Imperador, formam a dupla de ataque do Flamengo batizada de “Império do Amor”. O romantismo vive tempos estranhos.
Adriano está sendo investigado por comprar uma moto em nome da mãe do chefe do tráfico na favela onde nasceu, no Complexo do Alemão.
Vagner Love foi filmado chegando a um baile funk na Rocinha escoltado por traficantes armados de fuzis.
Está tudo bem. Questionado pela imprensa, Love explicou que aquilo não tem nada de mais. Sereno, totalmente à vontade, o jogador disse que sempre freqüentou bailes em favelas e não vai abandonar suas raízes. Sobre a presença de homens pesadamente armados à sua volta, tranqüilizou a todos:
– Isso é normal. Em qualquer favela que você for hoje no Rio de Janeiro você vai ver isso.
São palavras do artilheiro do amor. Vagner Love é rubro-negro, é do povo, é do bem. Ele acredita nesse salvo-conduto. Pelo visto, muita gente também acredita. O jogador está treinando e jogando – normalmente, como ele diz –, sem nenhum homem da lei pegando no seu pé. Tá tudo dominado.
Adriano, o menino atormentado, também está levando vida normal. A única anormalidade é a implicância dos que fazem comentários sobre a vida do bom garoto. “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”, pediu o jogador, na camiseta exibida depois de um gol.
Está no direito dele. Um gol do Flamengo dá direito a tudo. E o Imperador ainda foi bondoso, pedindo o perdão divino para seus críticos. Poderia ter pedido que os traficantes vizinhos da Vila Cruzeiro jogassem “essas pessoas ruins” no microondas onde trucidaram Tim Lopes. Deus nos livre.
Adriano compra moto para quem quiser, Vagner Love desfila com os fuzileiros que bem entender. O Cristo abençoa, o Brasil assina embaixo. É o Império do Amor.
Só não venham depois com aquele papo enfadonho de segurança pública.
(Publicado em “Época”)
Vagner Love e Adriano, o Imperador, formam a dupla de ataque do Flamengo batizada de “Império do Amor”. O romantismo vive tempos estranhos.
Adriano está sendo investigado por comprar uma moto em nome da mãe do chefe do tráfico na favela onde nasceu, no Complexo do Alemão.
Vagner Love foi filmado chegando a um baile funk na Rocinha escoltado por traficantes armados de fuzis.
Está tudo bem. Questionado pela imprensa, Love explicou que aquilo não tem nada de mais. Sereno, totalmente à vontade, o jogador disse que sempre freqüentou bailes em favelas e não vai abandonar suas raízes. Sobre a presença de homens pesadamente armados à sua volta, tranqüilizou a todos:
– Isso é normal. Em qualquer favela que você for hoje no Rio de Janeiro você vai ver isso.
São palavras do artilheiro do amor. Vagner Love é rubro-negro, é do povo, é do bem. Ele acredita nesse salvo-conduto. Pelo visto, muita gente também acredita. O jogador está treinando e jogando – normalmente, como ele diz –, sem nenhum homem da lei pegando no seu pé. Tá tudo dominado.
Adriano, o menino atormentado, também está levando vida normal. A única anormalidade é a implicância dos que fazem comentários sobre a vida do bom garoto. “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”, pediu o jogador, na camiseta exibida depois de um gol.
Está no direito dele. Um gol do Flamengo dá direito a tudo. E o Imperador ainda foi bondoso, pedindo o perdão divino para seus críticos. Poderia ter pedido que os traficantes vizinhos da Vila Cruzeiro jogassem “essas pessoas ruins” no microondas onde trucidaram Tim Lopes. Deus nos livre.
Adriano compra moto para quem quiser, Vagner Love desfila com os fuzileiros que bem entender. O Cristo abençoa, o Brasil assina embaixo. É o Império do Amor.
Só não venham depois com aquele papo enfadonho de segurança pública.
(Publicado em “Época”)