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Inominável

Tenho uma mancha de picada na perna e ontem levantei com o corpo todo dolorido. A primeira coisa em que pensei é que tinha sido contagiada com a dengue, que voltou a surgir – como em todos os últimos verões – nos bairros da minha cidade. Por sorte não tive a febre. Assim, pelo meio-dia descartei que estivesse com a doença, também conhecida como “quebra-ossos”. Seja como for, não posso […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2009 às 20h42.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h28.

Tenho uma mancha de picada na perna e ontem levantei com o corpo todo dolorido. A primeira coisa em que pensei é que tinha sido contagiada com a dengue, que voltou a surgir – como em todos os últimos verões – nos bairros da minha cidade. Por sorte não tive a febre. Assim, pelo meio-dia descartei que estivesse com a doença, também conhecida como “quebra-ossos”. Seja como for, não posso dar como certo que não a peguei, pois muito perto da minha casa há vários casos e nestes dias chuvosos o número de mosquitos aumenta.

O mais significativo da presença desta doença entre nós é a negativa oficial em informar o número de contagiados ou mencionar a palavra “dengue” nos meios de comunicação. Se vais a um hospital com todos os sintomas, recebes um tratamento no qual não pronunciam as seis letras que formam a maldita palavra. Na televisão, passam anúncios de como agir contra o Aedes Aegypti, porém ninguém esclarece que tudo isso se deve à existência da dengue entre nós. Sem estatísticas nem dados, nós, cidadãos, vamos refazendo o número de infectados a partir dos rumores que nos chegam de amigos e conhecidos. O alarme cresce, pois sempre se pode suspeitar que há uma maior incidência do que a que chegou aos nossos ouvidos.

O silêncio em torno da dengue refere-se a permanente intenção de não confessar algo que cause dano a imagem do país. Dizer que em nosso “paraíso” tropical a doença já se tornou endêmica de tanto se repetir e que os turistas deveriam ser advertidos de seu recrudescimento, excede os arroubos de honestidade a que se permitem nossas autoridades. Agora, bem, não reconhecê-la não diminui a febre nem tranquiliza os doentes e seus familiares. Pelo contrário. Podem dar o nome à dengue ou escondê-la com besteiras como “febre, dores nas articulações e erupção na pele”, porém isso não afasta o risco; não nos ajuda a esquecer que, ao chegar julho e agosto, ela é uma presença inseparável em nossas vidas.

(Publicado emGeração Y)

Tenho uma mancha de picada na perna e ontem levantei com o corpo todo dolorido. A primeira coisa em que pensei é que tinha sido contagiada com a dengue, que voltou a surgir – como em todos os últimos verões – nos bairros da minha cidade. Por sorte não tive a febre. Assim, pelo meio-dia descartei que estivesse com a doença, também conhecida como “quebra-ossos”. Seja como for, não posso dar como certo que não a peguei, pois muito perto da minha casa há vários casos e nestes dias chuvosos o número de mosquitos aumenta.

O mais significativo da presença desta doença entre nós é a negativa oficial em informar o número de contagiados ou mencionar a palavra “dengue” nos meios de comunicação. Se vais a um hospital com todos os sintomas, recebes um tratamento no qual não pronunciam as seis letras que formam a maldita palavra. Na televisão, passam anúncios de como agir contra o Aedes Aegypti, porém ninguém esclarece que tudo isso se deve à existência da dengue entre nós. Sem estatísticas nem dados, nós, cidadãos, vamos refazendo o número de infectados a partir dos rumores que nos chegam de amigos e conhecidos. O alarme cresce, pois sempre se pode suspeitar que há uma maior incidência do que a que chegou aos nossos ouvidos.

O silêncio em torno da dengue refere-se a permanente intenção de não confessar algo que cause dano a imagem do país. Dizer que em nosso “paraíso” tropical a doença já se tornou endêmica de tanto se repetir e que os turistas deveriam ser advertidos de seu recrudescimento, excede os arroubos de honestidade a que se permitem nossas autoridades. Agora, bem, não reconhecê-la não diminui a febre nem tranquiliza os doentes e seus familiares. Pelo contrário. Podem dar o nome à dengue ou escondê-la com besteiras como “febre, dores nas articulações e erupção na pele”, porém isso não afasta o risco; não nos ajuda a esquecer que, ao chegar julho e agosto, ela é uma presença inseparável em nossas vidas.

(Publicado emGeração Y)

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