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Harsanyi sobre liberdade: “O proibicionismo é extremo nos EUA”

Autor do livro “O  Estado babá” sobre a intervenção abusiva do Estado, o acadêmico e escritor americano David Harsanyi defende que os EUA é um país livre, relembra toda a herança do liberalismo clássico, mas acredita que valores “sagrados” do país estão ameaçados por dogmas, ideologias e pela cultura do politicamente correto. No seminário “Liberdade em debate”, do Instituto Millenium, no Rio de Janeiro, Harsanyi citou vários casos americanos de […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 16 de março de 2011 às 15h07.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 10h23.

Autor do livro “O  Estado babá” sobre a intervenção abusiva do Estado, o acadêmico e escritor americano David Harsanyi defende que os EUA é um país livre, relembra toda a herança do liberalismo clássico, mas acredita que valores “sagrados” do país estão ameaçados por dogmas, ideologias e pela cultura do politicamente correto.

No seminário “Liberdade em debate”, do Instituto Millenium, no Rio de Janeiro, Harsanyi citou vários casos americanos de restrição à liberdade, ao direito de propriedade: “Em Nova Yorque você pode se reunir em um clube e fazer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, mas nesses ambientes você não pode fumar. Não é uma infração sobre o fumo, mas ao direito individual, ao direito de propriedade.”

O escritor acredita que o governo tem a obrigação de responsabilizar as empresas na questão da transparência em relação à saúde, por exemplo, nos avisos nas campanhas de cigarro, mas Harsanyi critica a falta de limite de um Estado que vai além das suas obrigações e gasta (mal) o dinheiro do contribuinte agindo como uma babá da sociedade. E o pior resultado dessas ações de governo, além do prejuízo econômico em campanhas que não surtem efeitos práticos, é a restrição da liberdade.

“O proibicionismo é extremo nos EUA.  A democracia nos permite focar na liberdade de escolha. E devemos considerar as orientações que nos permitem. Eu brincava em Nova Yorque e você se machucava na rua. Quando eu fui morar em Denver as crianças não iam brincar porque há uma preocupação extrema com segurança”.

A jornalista Mônica Waldvoguel perguntou ao escritor se  o costume americano de legislar ferozmente sobre o consumo e a vida das pessoas influencia outros países como o Brasil e citou questões como a da a obesidade, de campanhas contra o fumo, e as questões afirmativas.

Com humor, Harsanyi disse que o Brasil deve continuar jogando futebol e não baseball, e que não deve copiar os que os americanos fazem: “Nós copiamos os europeus da mesma forma que vocês nos copiam.  Apesar das restrições,  eu ainda  acho que nós somos um pais muito livre. Nós não sabemos o que é uma ditadura. Nós temos nossos problemas culturais e nossa forma de resolvê-lo de acordo com o liberalismo clássico. Estamos falando do problema que é o dogma, a ideologia. Só de o Brasil ter uma conferencia sobre o tema  já é importante para a democracia.”

Harsanyi criticou ainda a censura no rádio e na TV e os termos politicamente corretos que restrigem a liberdade de expressão e acrescentou que: “O problema da (restrição) liberdade não tem a ver com direita ou esquerda, mas a justificação do paternalismo”.