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Eleições: o dia a dia obstáculos de quem deseja ser candidato

Instituto Millenium conversou com o assessor parlamentar André Bolini, que detalhou experiência e burocracia para cidadão que decide entrar na política

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Publicado em 17 de junho de 2020 às 18h58.

Última atualização em 17 de junho de 2020 às 19h00.

Apesar da incerteza com relação à data, por conta da pandemia do novo Coronavírus, as eleições municipais serão realizadas neste ano. E este é o momento para o eleitor escolher quem irá comandar o município, além de definir leis e defender ações. Ou seja: o voto é decisivo e deve ser feito com consciência. Mas e o outro lado? Como será o dia a dia de um candidato que se esforça, correndo atrás de uma candidatura digna? O assessor parlamentar André Bolini conversou com o Instituto Millenium e contou como é a experiência e as burocracias enfrentadas por um cidadão brasileiro que decide se candidatar para um cargo público. Ouça!

Bolini destaca que a primeira motivação para entrar na política deve ser a definição de princípios e valores, ou seja, um propósito. O candidato também precisa entender como a política funciona no Brasil. “É necessário compreender que não existe vácuo de poder. Se você não for defender as causas que você acredita, alguém vai estar naquele lugar e, talvez, esteja fazendo isso não da forma mais republicana possível”, disse.

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O passo seguinte para entrada no mundo político é o mais importante: definir seu partido. Atualmente, no Brasil, há mais de 30 legendas registradas no TSE e mais 70 tentando se viabilizar. Essa infinidade partidária, porém, conflita com a baixa representatividade para a população. “As pessoas não se identificam com esses partidos, pois eles acabaram se tornando muito mais plataformas do que partidos políticos, no sentido de defender o manifesto e uma ideologia clara”, diz.

Obstáculos

Definida sua entrada como candidato político, haverá barreiras a serem enfrentadas, como exigência de pelo menos 15 documentos a serem pegos na Justiça estadual-federal e o custo de campanha, apontado por Bolini como uma das principais dificuldades. “O modelo de voto brasileiro, não sendo distrital, faz com que um deputado federal tenha que percorrer o estado todo. E isso tem custo! Se fosse uma área menor, haveria menos custo de logística, de material e de campanha”, apontou.

E para uma campanha política tomar corpo e se transformar em ações, é preciso financiamento e comunicação para chegar aos eleitores, outros dois pontos problemáticos no país. Hoje, o Brasil conta com um fundo partidário específico para financiar campanhas políticas. As verbas são distribuídas pela proporcionalidade das bancadas na Câmara Federal, o que favorece instituições mais consolidadas. “Temos a maior parte do dinheiro indo para quem já está no poder e os novos entrantes acabam ‘comendo pelas beiradas’”, criticou.

Ainda sobre financiamento, André defende a legalização de doação de empresas privadas para campanhas políticas – o que hoje não é permitido – porém, com contrapartidas como: mais transparência, limites e criação de fundos que, posteriormente, fossem repartidos para candidatos com critérios já estabelecidos. “O orçamento brasileiro já é muito engessado. Não acho que faça sentido a gente destinar ainda mais dinheiro público pra algo que não precisaria ser custeado por recurso público. Se dá para criar um fundo semelhante a esse, mas privado, vamos fazer isso”, acredita.

Em relação à comunicação, Bolini sugere que o candidato reforce o vínculo com o eleitor também fora do período eleitoral, criando bases fiéis, para que na hora da eleição, o custo de divulgação diminua. “Um candidato de um partido menos tradicional tem que saber chegar no público para encarar esse cenário de hegemonia. Hoje nós estamos em um momento em que mídias digitais estão prevalecendo e quanto mais próximo chega do pleito, mais caro vai ficando um impulsionamento, por exemplo. Então mantendo um canal aberto constante, você será lembrado e, consequentemente, gastará menos com este tipo de conteúdo”.

O papel do eleitor

O especialista reflete que o eleitor também precisa fazer um mea culpa, já que tornou-se comum condenar todos os políticos como corruptos. “Qual é a consequência disso? Ninguém de prestígio, de capacitação técnica e de conhecimento, vai querer entrar nesta área para ser reconhecido assim. Temos que diferenciar políticos ruins e políticos bons. Política é uma profissão necessária e a gente precisa dos melhores. É claro que vai existir políticos corruptos, mas temos que ficar em cima daquele indivíduo que desfigurou toda atuação do cargo”.

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Por fim, Bolini opina que o voto consciente é o que define o desenvolvimento de um país. “Estamos colocando no poder políticos que podem ou abrir a legislação para a economia digital, para inovação, para o capital estrangeiro vir a investir aqui, gerar empregos, gerar renda; ou políticos que vão ocupar esses lugares para criar monopólios, restringir a concorrência, para favorecer, via financiamento público, seus grupos econômicos ou grupos econômicos que sejam seus aliados, para fechar o país. O brasileiro precisa ter clareza de que votar em um ou no outro é a diferença entre ter um país desenvolvido ou não”, destacou.

Apesar da incerteza com relação à data, por conta da pandemia do novo Coronavírus, as eleições municipais serão realizadas neste ano. E este é o momento para o eleitor escolher quem irá comandar o município, além de definir leis e defender ações. Ou seja: o voto é decisivo e deve ser feito com consciência. Mas e o outro lado? Como será o dia a dia de um candidato que se esforça, correndo atrás de uma candidatura digna? O assessor parlamentar André Bolini conversou com o Instituto Millenium e contou como é a experiência e as burocracias enfrentadas por um cidadão brasileiro que decide se candidatar para um cargo público. Ouça!

Bolini destaca que a primeira motivação para entrar na política deve ser a definição de princípios e valores, ou seja, um propósito. O candidato também precisa entender como a política funciona no Brasil. “É necessário compreender que não existe vácuo de poder. Se você não for defender as causas que você acredita, alguém vai estar naquele lugar e, talvez, esteja fazendo isso não da forma mais republicana possível”, disse.

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Definida sua entrada como candidato político, haverá barreiras a serem enfrentadas, como exigência de pelo menos 15 documentos a serem pegos na Justiça estadual-federal e o custo de campanha, apontado por Bolini como uma das principais dificuldades. “O modelo de voto brasileiro, não sendo distrital, faz com que um deputado federal tenha que percorrer o estado todo. E isso tem custo! Se fosse uma área menor, haveria menos custo de logística, de material e de campanha”, apontou.

E para uma campanha política tomar corpo e se transformar em ações, é preciso financiamento e comunicação para chegar aos eleitores, outros dois pontos problemáticos no país. Hoje, o Brasil conta com um fundo partidário específico para financiar campanhas políticas. As verbas são distribuídas pela proporcionalidade das bancadas na Câmara Federal, o que favorece instituições mais consolidadas. “Temos a maior parte do dinheiro indo para quem já está no poder e os novos entrantes acabam ‘comendo pelas beiradas’”, criticou.

Ainda sobre financiamento, André defende a legalização de doação de empresas privadas para campanhas políticas – o que hoje não é permitido – porém, com contrapartidas como: mais transparência, limites e criação de fundos que, posteriormente, fossem repartidos para candidatos com critérios já estabelecidos. “O orçamento brasileiro já é muito engessado. Não acho que faça sentido a gente destinar ainda mais dinheiro público pra algo que não precisaria ser custeado por recurso público. Se dá para criar um fundo semelhante a esse, mas privado, vamos fazer isso”, acredita.

Em relação à comunicação, Bolini sugere que o candidato reforce o vínculo com o eleitor também fora do período eleitoral, criando bases fiéis, para que na hora da eleição, o custo de divulgação diminua. “Um candidato de um partido menos tradicional tem que saber chegar no público para encarar esse cenário de hegemonia. Hoje nós estamos em um momento em que mídias digitais estão prevalecendo e quanto mais próximo chega do pleito, mais caro vai ficando um impulsionamento, por exemplo. Então mantendo um canal aberto constante, você será lembrado e, consequentemente, gastará menos com este tipo de conteúdo”.

O papel do eleitor

O especialista reflete que o eleitor também precisa fazer um mea culpa, já que tornou-se comum condenar todos os políticos como corruptos. “Qual é a consequência disso? Ninguém de prestígio, de capacitação técnica e de conhecimento, vai querer entrar nesta área para ser reconhecido assim. Temos que diferenciar políticos ruins e políticos bons. Política é uma profissão necessária e a gente precisa dos melhores. É claro que vai existir políticos corruptos, mas temos que ficar em cima daquele indivíduo que desfigurou toda atuação do cargo”.

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