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Demétrio Magnoli: “A intervenção federal é insuficiente"

Sociólogo aponta para politização errada do assassinato de Marielle. Entenda

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institutomillenium

Publicado em 19 de março de 2018 às 10h57.

A execução da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, mortos na noite desta quarta-feira (14) no bairro Estácio, região central do Rio de Janeiro, chocou o país. O ato, considerado um ataque à democracia representativa, tem sito amplamente comentado nas redes sociais, contribuindo para um ambiente ainda mais polarizado. O Instituto Millenium conversou com o sociólogo Demétrio Magnoli, que analisou a ideologização da tragédia e falou sobre o papel do governo neste momento de insegurança no território fluminense. Ouça a entrevista abaixo!

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Para Magnoli, existem duas visões que predominam sobre o crime. De um lado, os que culpam a vítima pelo seu assassinato devido ao seu histórico pautado pelos Direitos Humanos. De outro, estão teorias conspiratórias e falsas que relacionam o acontecimento à intervenção federal que ocorre no estado. O sociólogo lembra ainda que a morte de Marielle não significa que sua visão política estava correta:

“Existe uma ideologia que diz que o morro é puro e casto. Ela tende a esconder a existência das facções do crime organizado e o fato de que os moradores são vítimas e reféns dele. Oposto a isso, há o pensamento dos que, no fundo, defendem a imbricação do Estado com o crime, na forma das milícias, e imaginam que o estado criminoso irá impor a ordem. É o caso de dissolvermos as ideologias que nos impedem de ver uma realidade que as pessoas comuns no Rio já conhecem: o fato de que o crime organizado está instalado dentro do estado”, explica o sociólogo.

Assista
Por que o estado do Rio está em crise?

Exames de perícia comprovaram que as munições utilizadas pelos executores partiram de lotes vendidos para a Polícia Federal de Brasília, em 2006. Demétrio lembra que as características do crime apontam para a possibilidade do mesmo ter sido cometido por um dos dois “sócios do crime organizado” no Rio de Janeiro: as facções do narcotráfico ou milícias. Segundo o sociólogo, isso leva a conclusão de que o problema no estado não se resolve exclusivamente no campo da Segurança Pública, mas que exige medidas políticas, especialmente na separação entre a polícia e o crime, envolvendo, também, uma reforma profunda desta instituição.

“A barbárie se apresenta sobre aspectos diferentes. Em certos lugares, decorre da inexistência do Estado ou do totalitarismo. Existem situações, como no caso do Rio, onde ela se origina no entrelaçamento do Estado com o crime. A intervenção federal é insuficiente, pois não é profunda o bastante para proporcionar essa separação do Estado com o crime, nem de conduzir uma reforma da polícia”, esclarece.

A execução da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, mortos na noite desta quarta-feira (14) no bairro Estácio, região central do Rio de Janeiro, chocou o país. O ato, considerado um ataque à democracia representativa, tem sito amplamente comentado nas redes sociais, contribuindo para um ambiente ainda mais polarizado. O Instituto Millenium conversou com o sociólogo Demétrio Magnoli, que analisou a ideologização da tragédia e falou sobre o papel do governo neste momento de insegurança no território fluminense. Ouça a entrevista abaixo!

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Para Magnoli, existem duas visões que predominam sobre o crime. De um lado, os que culpam a vítima pelo seu assassinato devido ao seu histórico pautado pelos Direitos Humanos. De outro, estão teorias conspiratórias e falsas que relacionam o acontecimento à intervenção federal que ocorre no estado. O sociólogo lembra ainda que a morte de Marielle não significa que sua visão política estava correta:

“Existe uma ideologia que diz que o morro é puro e casto. Ela tende a esconder a existência das facções do crime organizado e o fato de que os moradores são vítimas e reféns dele. Oposto a isso, há o pensamento dos que, no fundo, defendem a imbricação do Estado com o crime, na forma das milícias, e imaginam que o estado criminoso irá impor a ordem. É o caso de dissolvermos as ideologias que nos impedem de ver uma realidade que as pessoas comuns no Rio já conhecem: o fato de que o crime organizado está instalado dentro do estado”, explica o sociólogo.

Assista
Por que o estado do Rio está em crise?

Exames de perícia comprovaram que as munições utilizadas pelos executores partiram de lotes vendidos para a Polícia Federal de Brasília, em 2006. Demétrio lembra que as características do crime apontam para a possibilidade do mesmo ter sido cometido por um dos dois “sócios do crime organizado” no Rio de Janeiro: as facções do narcotráfico ou milícias. Segundo o sociólogo, isso leva a conclusão de que o problema no estado não se resolve exclusivamente no campo da Segurança Pública, mas que exige medidas políticas, especialmente na separação entre a polícia e o crime, envolvendo, também, uma reforma profunda desta instituição.

“A barbárie se apresenta sobre aspectos diferentes. Em certos lugares, decorre da inexistência do Estado ou do totalitarismo. Existem situações, como no caso do Rio, onde ela se origina no entrelaçamento do Estado com o crime. A intervenção federal é insuficiente, pois não é profunda o bastante para proporcionar essa separação do Estado com o crime, nem de conduzir uma reforma da polícia”, esclarece.

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