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Conselho Universitário vota proposta para adoção de cotas raciais na UFRJ

Confiram a matéria do “O Globo” publicada no blog “No Race BR” sobre a volta da discussão sobre implantação de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio de Janeiro: “Por: Leonardo Cazes RIO – Seis anos após ser abandonada, a discussão sobre uma política de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) volta à pauta do dia. Uma proposta de resolução apresentada por Marcelo Paixão, professor do […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2010 às 12h34.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h54.

Confiram a matéria do “O Globo” publicada no blog “No Race BR” sobre a volta da discussão sobre implantação de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio de Janeiro:

“Por: Leonardo Cazes

RIO – Seis anos após ser abandonada, a discussão sobre uma política de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) volta à pauta do dia. Uma proposta de resolução apresentada por Marcelo Paixão, professor do Instituto de Economia, pede a adoção de um sistema de acesso diferenciado e já foi aprovada por comissões do Conselho Universitário (Consuni). Em breve, a proposta será levada ao plenário desse mesmo fórum, formado por representantes de docentes, funcionários e estudantes, e, se aprovada, passará a valer já para o vestibular 2011. (Leia mais: Apoiadas por membros das escolas de Comunicação e Música, cotas são rejeitadas na Politécnica)

O texto deixa em aberto propositalmente que tipo de sistema será usado: cotas raciais, sociais, para estudantes de escolas públicas ou apenas bônus no vestibular. Em caso de aprovação, uma série de debates internos se seguirá para estabelecer o modelo mais apropriado. O autor da proposta admite que não especificou o modelo para facilitar a aprovação nos conselhos da universidade.

Paixão tem esperança de que o presidente do Consuni, o reitor Aloísio Teixeira, coloque em votação já nesta quinta-feira. Apesar de não constar de sua proposta, ele diz que vai lutar para que o modelo escolhido seja o das cotas raciais:

– Dos jovens pretos e pardos entre 18 e 24 anos, só 7% estão na universidade. A perda não é apenas desses jovens, mas também para o Brasil. Eu defendo uma mescla de fatores sociais com questões raciais. Os negros vivem uma desvantagem estrutural, que é produto não apenas da pobreza – diz ele, que é coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser).

Mesmo antes de ser votada no plenário do Consuni, a proposta já criou um racha na UFRJ. Na oposição às cotas, um peso-pesado: o próprio reitor. Teixeira acredita que a questão da educação brasileira é completamente diferente dos Estados Unidos, país que durante anos teve uma política de reserva de vagas nas universidades. Para ele, ao dar tratamento igual às duas situações, pode-se criar outros problemas, não soluções:

– Aqui, a questão não é você ter uma política diferenciada que facilite o acesso do grupo A ou do grupo B. O problema da educação brasileira é que, querendo ou não, ela é um mecanismo de reprodução de elites, pois é uma universidade que abriga apenas 13% dos jovens no seu interior. Se você estabelece uma cota de 20%, representa apenas 3% dos jovens deste país – argumenta o reitor.

Na sua opinião, o movimento em prol das ações afirmativas tem o mérito de reacender o debate sobre a democratização do ensino superior, já que “nós estávamos conformados”:

– Devemos lutar para que a universidade mude, não para que permaneça a mesma, apenas com uma composição diferente. Essa é a minha opinião e que eu defenderei – afirma Teixeira.

Para Paixão, a UFRJ precisa mudar, pois está muito atrasada neste debate, já que as ações afirmativas, nas suas diferentes formas, já estão presentes em boa parte das instituições de ensino superior públicas brasileiras, entre elas a UnB e a USP:

– A universidade precisa se expandir e se democratizar, mas ficou na contramão nesta questão. É preciso refletir que a resistência pode significar um conservadorismo, uma dificuldade de adotar medidas.

Entre os estudantes, o debate sobre cotas também está atrasado, como reconhece o Diretório Central dos Estudantes Mário Prata (DCE). A diretora Carolina Barreto diz que a entidade já começou a discussão nos conselhos de centros acadêmicos e participará das atividades da Reitoria, mas não possui uma posição fechada sobre o assunto.

Os amigos da Faculdade Nacional de Direito, Liana Selles e Bruno Abreu, ambos alunos do 5 período, são um exemplo de como o tema é polêmico e divide opiniões. Liana é menos resistente às cotas e acha que existe uma injustiça histórica. Já Bruno acredita que mexer em cima é muito mais cômodo do que fazer uma transformação na base.

– Não é possível tratar como iguais os desiguais. É preciso um tratamento desigual para torná-los iguais – diz a estudante.

– Sou contra como é feito hoje. Precisa vir com um projeto junto para educação – rebate o colega. “

Confiram a matéria do “O Globo” publicada no blog “No Race BR” sobre a volta da discussão sobre implantação de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio de Janeiro:

“Por: Leonardo Cazes

RIO – Seis anos após ser abandonada, a discussão sobre uma política de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) volta à pauta do dia. Uma proposta de resolução apresentada por Marcelo Paixão, professor do Instituto de Economia, pede a adoção de um sistema de acesso diferenciado e já foi aprovada por comissões do Conselho Universitário (Consuni). Em breve, a proposta será levada ao plenário desse mesmo fórum, formado por representantes de docentes, funcionários e estudantes, e, se aprovada, passará a valer já para o vestibular 2011. (Leia mais: Apoiadas por membros das escolas de Comunicação e Música, cotas são rejeitadas na Politécnica)

O texto deixa em aberto propositalmente que tipo de sistema será usado: cotas raciais, sociais, para estudantes de escolas públicas ou apenas bônus no vestibular. Em caso de aprovação, uma série de debates internos se seguirá para estabelecer o modelo mais apropriado. O autor da proposta admite que não especificou o modelo para facilitar a aprovação nos conselhos da universidade.

Paixão tem esperança de que o presidente do Consuni, o reitor Aloísio Teixeira, coloque em votação já nesta quinta-feira. Apesar de não constar de sua proposta, ele diz que vai lutar para que o modelo escolhido seja o das cotas raciais:

– Dos jovens pretos e pardos entre 18 e 24 anos, só 7% estão na universidade. A perda não é apenas desses jovens, mas também para o Brasil. Eu defendo uma mescla de fatores sociais com questões raciais. Os negros vivem uma desvantagem estrutural, que é produto não apenas da pobreza – diz ele, que é coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser).

Mesmo antes de ser votada no plenário do Consuni, a proposta já criou um racha na UFRJ. Na oposição às cotas, um peso-pesado: o próprio reitor. Teixeira acredita que a questão da educação brasileira é completamente diferente dos Estados Unidos, país que durante anos teve uma política de reserva de vagas nas universidades. Para ele, ao dar tratamento igual às duas situações, pode-se criar outros problemas, não soluções:

– Aqui, a questão não é você ter uma política diferenciada que facilite o acesso do grupo A ou do grupo B. O problema da educação brasileira é que, querendo ou não, ela é um mecanismo de reprodução de elites, pois é uma universidade que abriga apenas 13% dos jovens no seu interior. Se você estabelece uma cota de 20%, representa apenas 3% dos jovens deste país – argumenta o reitor.

Na sua opinião, o movimento em prol das ações afirmativas tem o mérito de reacender o debate sobre a democratização do ensino superior, já que “nós estávamos conformados”:

– Devemos lutar para que a universidade mude, não para que permaneça a mesma, apenas com uma composição diferente. Essa é a minha opinião e que eu defenderei – afirma Teixeira.

Para Paixão, a UFRJ precisa mudar, pois está muito atrasada neste debate, já que as ações afirmativas, nas suas diferentes formas, já estão presentes em boa parte das instituições de ensino superior públicas brasileiras, entre elas a UnB e a USP:

– A universidade precisa se expandir e se democratizar, mas ficou na contramão nesta questão. É preciso refletir que a resistência pode significar um conservadorismo, uma dificuldade de adotar medidas.

Entre os estudantes, o debate sobre cotas também está atrasado, como reconhece o Diretório Central dos Estudantes Mário Prata (DCE). A diretora Carolina Barreto diz que a entidade já começou a discussão nos conselhos de centros acadêmicos e participará das atividades da Reitoria, mas não possui uma posição fechada sobre o assunto.

Os amigos da Faculdade Nacional de Direito, Liana Selles e Bruno Abreu, ambos alunos do 5 período, são um exemplo de como o tema é polêmico e divide opiniões. Liana é menos resistente às cotas e acha que existe uma injustiça histórica. Já Bruno acredita que mexer em cima é muito mais cômodo do que fazer uma transformação na base.

– Não é possível tratar como iguais os desiguais. É preciso um tratamento desigual para torná-los iguais – diz a estudante.

– Sou contra como é feito hoje. Precisa vir com um projeto junto para educação – rebate o colega. “

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