As criptomoedas estão ajudando Hamas a financiar o terrorismo?
Autoridades israelenses interceptaram carteiras virtuais ligadas ao Hamas, que receberam $41 milhões de dólares entre 2019 e 2023
Colunista - Instituto Millenium
Publicado em 25 de outubro de 2023 às 15h15.
A emergente indústria das criptomoedas encontra-se em uma encruzilhada, com o seu potencial de disrupção sendo tanto celebrado quanto questionado. A recente escalada do escrutínio político e regulatório, catalisada pelos devastadores ataques do Hamas a Israel, trouxe à luz a discussão sobre o papel das criptomoedas como Bitcoin, Dogecoin e Ether no financiamento de grupos extremistas islâmicos. É vital reconhecer que os desafios tecnológicos, como os apresentados pelas criptomoedas, se resolvem com mais e melhor tecnologia, nunca menos. Este dilema exige uma resposta ponderada, não apenas para mitigar riscos associados, mas também para promover a inovação financeira.
A resposta dos EUA e de Israel tem sido marcada por esforços intensificados para restringir transferências de criptomoedas para o Hamas e outros grupos extremistas islâmicos. O cenário desencadeado pelos brutais ataques de 7 de outubro sublinha a necessidade de uma vigilância redobrada, reiterando a urgência de abordar as implicações de segurança nacional das moedas digitais.
Reguladores como a Rede de Fiscalização de Crimes Financeiros do Departamento do Tesouro dos EUA ( Financial Crimes Enforcement Network , ou FinCEN), propuseram novas diretrizes para aumentar o escrutínio sobre transações relacionadas a serviços de “ Mixing ” de moedas virtuais - uma técnica utilizada para ocultar a origem ilícita de transações em criptomoedas. Este método, também conhecido como 'mixers' ou 'tumblers', é visto com olhos críticos devido ao seu potencial uso por agentes mal-intencionados, como o Hamas.
No entanto, é importante não perder de vista o panorama mais amplo. O Hamas e outros grupos terroristas possuem diversas fontes de financiamento. As criptomoedas representam apenas uma fração do financiamento nacional e transnacional destinado a organizações terroristas. A natureza transparente dos criptoativos, proporcionada pela tecnologia blockchain, facilita o rastreio de todas as transações, desafiando a narrativa de que criptomoedas são um veículo totalmente anônimo para financiar atividades ilícitas.Anualmente, a Chainalysis divulga um relatório anual sobre o uso de ativos digitais para a criminalidade e ano após ano observamos que a regulamentação e maior proximidade dos reguladores com a indústria crypto tem tornado o setor muito menos propício para a prática de crimes financeiros, mostrando que criptoativos são uma das melhores tecnologias para manter elevados padrões de transparência e governança ( acesse aqui o relatório mais recente, publicado este ano).
Recentemente, autoridades israelenses interceptaram carteiras virtuais ligadas ao Hamas, que receberam $41 milhões de dólares entre 2019 e 2023. Enquanto isso, o grupo Jihad Islâmica Palestina acumulou $94 milhões de dólares em criptomoedas nos últimos anos, conforme aponta a firma britânica Elliptic.A narrativa convencional sugere que sem acesso a financiamento via cripto, esses grupos extremistas seriam financeiramente asfixiados. No entanto, essa retórica não reflete a realidade. Com um orçamento anual estimado em quase 1 bilhão de dólares, o Hamas tem na sua maioria fundos provenientes de doadores privados na região do Golfo, conforme observado pela revista americana Forbes, em 2014.
A revolução cripto, embora esteja no cerne de debates fervorosos, apresenta uma promessa incomparável de inovação e transparência financeira. No entanto, os desafios apresentados pelo seu uso ilegal apesar de inferiores ao que a narrativa sugere são reais e exigem uma resposta regulatória bem calibrada. À medida que navegamos por esta era de inovação tumultuada, é crucial que as estratégias regulatórias mantenham um enfoque holístico, evitando sufocar o espírito inovador das criptomoedas, enquanto mitigam os riscos associados ao financiamento do terrorismo.
A intersecção entre inovação financeira e segurança global assemelha-se a um meticuloso jogo de xadrez, onde cada movimento tem implicações profundas. A emergência das criptomoedas, carregada de promessas de democratização financeira, também carrega sombras de uso indevido. O uso de criptoativos por entidades mal-intencionadas não é uma falha intrínseca da tecnologia, mas uma forte evidência da necessidade incessante de vigilância e regulação bem fundamentadas. O dilema que nos confronta coloca-nos em uma encruzilhada crítica: como podemos marchar em direção a um futuro financeiro desintermediado, justo e descentralizado sem comprometer a segurança global? É essencial que a regulação inteligente surja da interação bem informada entre reguladores e regulados. Uma postura isolada e arrogante por parte dos reguladores, sem abertura para o diálogo e sem a vontade de se atualizar com as tendências de vanguarda do mercado, acabará por sufocar a inovação. Em contrapartida, a colaboração proativa e o diálogo estruturado entre ambas as partes, não só favorecem a inovação mas também garantem a segurança, mostrando que esses não são objetivos incompatíveis.
A complexidade deste tabuleiro exige uma abordagem multifacetada. Primeiramente, o desenvolvimento contínuo dos entes reguladores e a conscientização de policy makers sobre o funcionamento e as potencialidades das tecnologias descentralizadas são fundamentais para desmistificar narrativas equivocadas. Além disso, a colaboração contínua entre reguladores e especialistas e partes interessadas do setor é vital para a construção de um arcabouço regulatório robusto e resiliente para mitigar ameaças, mas flexível o suficiente para acomodar a inovação. Acredito que a autorregulação, aliada a diretrizes regulatórias claras, pode desempenhar um papel significativo na promoção de práticas éticas e seguras na indústria de criptomoedas.
É imperativo que não cedamos ao medo ou à retórica mal informada. As criptomoedas, representadas por uma variedade de moedas digitais e tecnologias blockchain, são catalisadores poderosos para a inovação financeira. O futuro das blockchains ainda é repleto de incertezas, mas é pavimentado com a promessa de transparência, eficiência e inclusão financeira e digital.
A emergente indústria das criptomoedas encontra-se em uma encruzilhada, com o seu potencial de disrupção sendo tanto celebrado quanto questionado. A recente escalada do escrutínio político e regulatório, catalisada pelos devastadores ataques do Hamas a Israel, trouxe à luz a discussão sobre o papel das criptomoedas como Bitcoin, Dogecoin e Ether no financiamento de grupos extremistas islâmicos. É vital reconhecer que os desafios tecnológicos, como os apresentados pelas criptomoedas, se resolvem com mais e melhor tecnologia, nunca menos. Este dilema exige uma resposta ponderada, não apenas para mitigar riscos associados, mas também para promover a inovação financeira.
A resposta dos EUA e de Israel tem sido marcada por esforços intensificados para restringir transferências de criptomoedas para o Hamas e outros grupos extremistas islâmicos. O cenário desencadeado pelos brutais ataques de 7 de outubro sublinha a necessidade de uma vigilância redobrada, reiterando a urgência de abordar as implicações de segurança nacional das moedas digitais.
Reguladores como a Rede de Fiscalização de Crimes Financeiros do Departamento do Tesouro dos EUA ( Financial Crimes Enforcement Network , ou FinCEN), propuseram novas diretrizes para aumentar o escrutínio sobre transações relacionadas a serviços de “ Mixing ” de moedas virtuais - uma técnica utilizada para ocultar a origem ilícita de transações em criptomoedas. Este método, também conhecido como 'mixers' ou 'tumblers', é visto com olhos críticos devido ao seu potencial uso por agentes mal-intencionados, como o Hamas.
No entanto, é importante não perder de vista o panorama mais amplo. O Hamas e outros grupos terroristas possuem diversas fontes de financiamento. As criptomoedas representam apenas uma fração do financiamento nacional e transnacional destinado a organizações terroristas. A natureza transparente dos criptoativos, proporcionada pela tecnologia blockchain, facilita o rastreio de todas as transações, desafiando a narrativa de que criptomoedas são um veículo totalmente anônimo para financiar atividades ilícitas.Anualmente, a Chainalysis divulga um relatório anual sobre o uso de ativos digitais para a criminalidade e ano após ano observamos que a regulamentação e maior proximidade dos reguladores com a indústria crypto tem tornado o setor muito menos propício para a prática de crimes financeiros, mostrando que criptoativos são uma das melhores tecnologias para manter elevados padrões de transparência e governança ( acesse aqui o relatório mais recente, publicado este ano).
Recentemente, autoridades israelenses interceptaram carteiras virtuais ligadas ao Hamas, que receberam $41 milhões de dólares entre 2019 e 2023. Enquanto isso, o grupo Jihad Islâmica Palestina acumulou $94 milhões de dólares em criptomoedas nos últimos anos, conforme aponta a firma britânica Elliptic.A narrativa convencional sugere que sem acesso a financiamento via cripto, esses grupos extremistas seriam financeiramente asfixiados. No entanto, essa retórica não reflete a realidade. Com um orçamento anual estimado em quase 1 bilhão de dólares, o Hamas tem na sua maioria fundos provenientes de doadores privados na região do Golfo, conforme observado pela revista americana Forbes, em 2014.
A revolução cripto, embora esteja no cerne de debates fervorosos, apresenta uma promessa incomparável de inovação e transparência financeira. No entanto, os desafios apresentados pelo seu uso ilegal apesar de inferiores ao que a narrativa sugere são reais e exigem uma resposta regulatória bem calibrada. À medida que navegamos por esta era de inovação tumultuada, é crucial que as estratégias regulatórias mantenham um enfoque holístico, evitando sufocar o espírito inovador das criptomoedas, enquanto mitigam os riscos associados ao financiamento do terrorismo.
A intersecção entre inovação financeira e segurança global assemelha-se a um meticuloso jogo de xadrez, onde cada movimento tem implicações profundas. A emergência das criptomoedas, carregada de promessas de democratização financeira, também carrega sombras de uso indevido. O uso de criptoativos por entidades mal-intencionadas não é uma falha intrínseca da tecnologia, mas uma forte evidência da necessidade incessante de vigilância e regulação bem fundamentadas. O dilema que nos confronta coloca-nos em uma encruzilhada crítica: como podemos marchar em direção a um futuro financeiro desintermediado, justo e descentralizado sem comprometer a segurança global? É essencial que a regulação inteligente surja da interação bem informada entre reguladores e regulados. Uma postura isolada e arrogante por parte dos reguladores, sem abertura para o diálogo e sem a vontade de se atualizar com as tendências de vanguarda do mercado, acabará por sufocar a inovação. Em contrapartida, a colaboração proativa e o diálogo estruturado entre ambas as partes, não só favorecem a inovação mas também garantem a segurança, mostrando que esses não são objetivos incompatíveis.
A complexidade deste tabuleiro exige uma abordagem multifacetada. Primeiramente, o desenvolvimento contínuo dos entes reguladores e a conscientização de policy makers sobre o funcionamento e as potencialidades das tecnologias descentralizadas são fundamentais para desmistificar narrativas equivocadas. Além disso, a colaboração contínua entre reguladores e especialistas e partes interessadas do setor é vital para a construção de um arcabouço regulatório robusto e resiliente para mitigar ameaças, mas flexível o suficiente para acomodar a inovação. Acredito que a autorregulação, aliada a diretrizes regulatórias claras, pode desempenhar um papel significativo na promoção de práticas éticas e seguras na indústria de criptomoedas.
É imperativo que não cedamos ao medo ou à retórica mal informada. As criptomoedas, representadas por uma variedade de moedas digitais e tecnologias blockchain, são catalisadores poderosos para a inovação financeira. O futuro das blockchains ainda é repleto de incertezas, mas é pavimentado com a promessa de transparência, eficiência e inclusão financeira e digital.