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Ar(gh)avan Rezai é uma traidora. Ponto.

O vídeo abaixo é parte de um vídeo promocional de Ahmadinejad durante a (s)eleição presidencial do ano passado. A jovem no vídeo é a tenista francesa nascida no Irã, Arghavan Rezai ou Aravan Rezai, como ela se denomina. Não faço ideia de quem seja a outra mulher mais velha e gordinha, pode ser sua mãe, mas como Arghavan Rezai ficou emocionada por ter encontrado Mahmood Ahmadinejad a ponto de não […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 12 de julho de 2010 às, 17h07.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 11h37.

O vídeo abaixo é parte de um vídeo promocional de Ahmadinejad durante a (s)eleição presidencial do ano passado. A jovem no vídeo é a tenista francesa nascida no Irã, Arghavan Rezai ou Aravan Rezai, como ela se denomina. Não faço ideia de quem seja a outra mulher mais velha e gordinha, pode ser sua mãe, mas como Arghavan Rezai ficou emocionada por ter encontrado Mahmood Ahmadinejad a ponto de não conseguir nem falar, a outra mulher começa a falar por Rezai até que Ar(gh)avan se recomponha.

Mulher – Ela esteve esperando pr este momento, de encontrar o Sr. Dr. Ahmadinejad e falar com ele, por isso ela está tão emocionada.

Repórter – Qual o presente que você deu ao Sr.Ahmadinejad?
Aravan Rezai – Duas raquetes de tênis.
Repórter – O Sr. Ahmadinejad não joga tênis, não?
Aravan Rezai – Talveze ele passe a jogar.
Repórter – Você ama o sr. Ahmadinejad?
Aravan Rezai – Sim, muito.
Repórter – Por que?
Aravan Rezai – Porque ele mostrou ao mundo a força e o poder do Irã, e estou realmente orgulhosa dele.


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E então você acha que nem é preciso pensar muito, Aravan Rezai é uma traidora e bajuladora, ponto final. Imaginem minha surpresa, porém, quando vi tantos iranianos no Facebook, expatriados que se dizem apoiadores do Movimento Verde fora do Irã, se felicitando pelo recente sucesso desta tenista campeã! A princípio, achei que eles ainda não tivessem visto estas imagens. Mas depois, para minha surpresa, eles ainda a defendiam. Abaixo algumas das justificativas:

– Isto foi antes dos protestos!

Então, um ano se passou, tantas atrocidades aconteceram contra o povo iraniano, manifestantes foram espancados, estuprados e assassinados, será que ela algum dia se arrependeu publicamente por ter aparecido neste vídeo promocional? Não. Na verdade, ela e seu pai Arsalan Rezai apareceram várias vezes na TV estatal iraniana. Dizem que seu pai conseguiu um grande contrato de negócios como prêmio pela aparição de sua filha no vídeo promocional de Ahmadinejad.

– Não é culpa dela, é culpa do pai dela!

Faz alguma diferença se conseguirmos encontrar alguma causa raiz para as ações de qualquer traidor? Podemos dizer a mesma coisa sobre um Baseeji, dizendo que é a criação deles, etc. Pelo menos Aravan Rezai mora na França, e tem mais acesso a informação livre para basear seu julgamento do que um Baseeji no Irã. E ela certamente não precisa do dinheiro.

– Ela só tem 22 anos!

E daí? Existe algum limite mínimo de idade para ser um traidor? Se existe, qual é? Você tem de ter mais de 25 anos para ser rotulado um traidor? De novo, muitos dos Baseejis têm 22 anos de idade ou menos.

– Ela deveria ser julgada por sua habilidade no tênis, e não por sua posição política!

Sinto muito, se ela tomou partido de forma politicamente explícita por iniciativa própria, então também deve responder por suas ações políticas.

– Ela pode se arrepender desse apoio em breve.

Se acontecer, tudo bem. Até acontecer, Aravan Rezai é uma traidora.

Finalmente, a última justificativa destes expatriados confusos e de mente fraca, que ficam todos excitados e abandonam todos seus princípios quando vêem uma celebridade:

– O treinador dela parecia estar usando uma munhequeira verde na última partida.

Bem, ela poderia até estar usando calcinhas em tons de verde. Se ela quer ser perdoada, deve fazer mais que isso. Ela pode ser tão eloquente quanto foi no vídeo acima.

Se não aprendermos a ostracizar traidores e puxa-sacos, temo que viveremos sob tirania por muito tempo. Tudo isto me lembra de um poema persa sobre uma águia orgulhosa abatida por uma flecha. Quando a águia olha para a flecha, ela nota as penas de águia usadas nela e lamenta: “O que acontece conosco não é culpa de ninguém além de nós mesmos”.

Publicado no blog de Potkin Azarmehr
Tradução: Anna Lim (annixvds@gmail.com)