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A revolução circular no saneamento

Em unidade de gerenciamento mineira, esgoto vira ativo e impulsiona a governança sustentável

Contrato de concessão vale por 35 anos e tem previsto de R$ 6,3 bilhões em investimentos (Getty Images/Getty Images)

Contrato de concessão vale por 35 anos e tem previsto de R$ 6,3 bilhões em investimentos (Getty Images/Getty Images)

Instituto Millenium
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Publicado em 11 de junho de 2025 às 16h15.

Por Fernando Passalio, presidente da Copasa

 

No cenário corporativo contemporâneo, a sustentabilidade é o cerne da estratégia de negócios. Para empresas de infraestrutura essencial, como as que atuam no saneamento, a agenda ESG integra diretamente a operação e a visão de longo prazo. É nesse contexto que foi implantada, em Pirajuba, município do Triângulo Mineiro, a primeira Unidade de Gerenciamento de Lodo (UGL).

Tradicionalmente, o lodo, subproduto do tratamento de esgoto, representa um desafio logístico e ambiental, exigindo destinação em aterros. A proposta da UGL é justamente reverter essa lógica: transformar o que antes era um passivo em um ativo ambiental por meio da produção de biossólidos.

A essência da UGL reside em um processo avançado de higienização, conhecido como estabilização alcalina. Essa técnica garante que o material seja seguro e de alta qualidade microbiológica, apto para ser reintegrado à natureza. O resultado é um biossólido rico em matéria orgânica e nutrientes vitais, como nitrogênio e fósforo.

Os impactos da iniciativa são múltiplos e dialogam com os três pilares ESG:

-  Ambiental: A destinação adequada do lodo reduz a pressão sobre aterros, promovendo uma gestão de resíduos mais eficiente e com menor impacto ambiental.

-  Social: O biossólido pode ser utilizado como fertilizante em áreas agrícolas e em projetos de reflorestamento. Em Pirajuba, foi utilizado no plantio de mudas nativas, aproximando a comunidade dos benefícios ambientais da inovação.

-  Governança: A implantação da UGL reflete um modelo de gestão mais proativa e comprometida com soluções sustentáveis, com potencial de replicação em outras localidades.

O projeto, desenvolvido pela Copasa, em parceria com a prefeitura local, contou com investimento de aproximadamente R$ 160 mil, e representa um passo importante rumo à economia circular no setor de saneamento. Para cidades de pequeno porte, iniciativas como essa podem gerar impactos relevantes tanto para a população quanto para o meio ambiente.

A UGL de Pirajuba não é apenas uma instalação; é um modelo replicável de economia circular no saneamento. Ela demonstra que, ao transformar o que antes era um problema em um recurso valioso, as empresas de saneamento podem otimizar suas operações, reduzir custos e, simultaneamente, contribuir ativamente para a saúde do solo, a produtividade agrícola e a construção de um futuro mais verde.

A busca por soluções inovadoras no saneamento tem sido uma diretriz importante para avançar não apenas na universalização dos serviços, mas também na geração de valor ambiental e social. Iniciativas como a da UGL em Pirajuba ilustram caminhos possíveis para integrar eficiência operacional e responsabilidade socioambiental.

No caso da Copasa, a experiência em Pirajuba representa um passo concreto dentro de uma estratégia mais ampla voltada à economia circular e à sustentabilidade. O reconhecimento obtido por iniciativas como essa, inclusive por veículos internacionais como a revista Time, reforça a importância de alinhar crescimento com impacto positivo nas comunidades e no meio ambiente.

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