A escolha errada do Brasil
Editorial do Estado de SP de hoje critica o insistente apoio da diplomacia brasileira ao egípcio Farouk Hosny à direção da Unesco: “Ainda que o apoio árabe-africano ao egípcio tivesse uma parcela da solidez e da amplitude que Amorim lhe atribui, os eventuais ganhos para o Brasil seriam insignificantes, quando não eclipsados pelos prejuízos decorrentes da sua decisão. Pois, e esse é o terceiro ponto negativo da adesão brasileira a […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2009 às 14h56.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h43.
Editorial do Estado de SP de hoje critica o insistente apoio da diplomacia brasileira ao egípcio Farouk Hosny à direção da Unesco: “Ainda que o apoio árabe-africano ao egípcio tivesse uma parcela da solidez e da amplitude que Amorim lhe atribui, os eventuais ganhos para o Brasil seriam insignificantes, quando não eclipsados pelos prejuízos decorrentes da sua decisão. Pois, e esse é o terceiro ponto negativo da adesão brasileira a Hosny, a sua reputação, como se diz, o precede no palco global. Ele fez por merecê-la ao declarar certa vez, ao falar ao Parlamento de seu país, que mandaria queimar em praça pública os livros em hebraico que encontrasse nas bibliotecas egípcias. Para Amorim, foram “pouco felizes” as palavras de Hosny. “Tenho certeza de que ele pautará a sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações”, devaneia o chanceler. É simplesmente escandalosa a incompatibilidade entre o personagem e o cargo que ambiciona numa agência multilateral voltada para a aproximação cultural entre os povos.
Na sexta-feira, pouco antes de seguir viagem para a Arábia Saudita, China e Turquia, o presidente Lula considerou “pouco patriótica” a criação da CPI da Petrobrás. Será o quê, então, o Brasil se identificar aos olhos do mundo com uma figura que prega a queima de livros? A pergunta se justificaria ainda que um brasileiro não fosse um candidato natural à sucessão em um órgão com a visibilidade da Unesco. Trata-se, como observou o ex-chanceler Celso Lafer, em artigo publicado no Estado de sábado, de “um erro diplomático, pois compromete a consistência das posições brasileiras em prol do multilateralismo”. Mas o fato é que o governo Lula faz qualquer negócio por sua ideia fixa na frente externa – conseguir um lugar permanente em um reformado Conselho de Segurança da ONU. Em busca dessa quimera, o Itamaraty se desdobra em mesuras diante dos mais impalatáveis interlocutores. É uma contraproducente perda de tempo.” O texto pode ser lido na íntegra aqui.
O apoio brasileiro à candidatura de Farouk Hosny à direção da Unesco também é o tema da coluna de Diogo Mainardi na Veja desta semana.
Editorial do Estado de SP de hoje critica o insistente apoio da diplomacia brasileira ao egípcio Farouk Hosny à direção da Unesco: “Ainda que o apoio árabe-africano ao egípcio tivesse uma parcela da solidez e da amplitude que Amorim lhe atribui, os eventuais ganhos para o Brasil seriam insignificantes, quando não eclipsados pelos prejuízos decorrentes da sua decisão. Pois, e esse é o terceiro ponto negativo da adesão brasileira a Hosny, a sua reputação, como se diz, o precede no palco global. Ele fez por merecê-la ao declarar certa vez, ao falar ao Parlamento de seu país, que mandaria queimar em praça pública os livros em hebraico que encontrasse nas bibliotecas egípcias. Para Amorim, foram “pouco felizes” as palavras de Hosny. “Tenho certeza de que ele pautará a sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações”, devaneia o chanceler. É simplesmente escandalosa a incompatibilidade entre o personagem e o cargo que ambiciona numa agência multilateral voltada para a aproximação cultural entre os povos.
Na sexta-feira, pouco antes de seguir viagem para a Arábia Saudita, China e Turquia, o presidente Lula considerou “pouco patriótica” a criação da CPI da Petrobrás. Será o quê, então, o Brasil se identificar aos olhos do mundo com uma figura que prega a queima de livros? A pergunta se justificaria ainda que um brasileiro não fosse um candidato natural à sucessão em um órgão com a visibilidade da Unesco. Trata-se, como observou o ex-chanceler Celso Lafer, em artigo publicado no Estado de sábado, de “um erro diplomático, pois compromete a consistência das posições brasileiras em prol do multilateralismo”. Mas o fato é que o governo Lula faz qualquer negócio por sua ideia fixa na frente externa – conseguir um lugar permanente em um reformado Conselho de Segurança da ONU. Em busca dessa quimera, o Itamaraty se desdobra em mesuras diante dos mais impalatáveis interlocutores. É uma contraproducente perda de tempo.” O texto pode ser lido na íntegra aqui.
O apoio brasileiro à candidatura de Farouk Hosny à direção da Unesco também é o tema da coluna de Diogo Mainardi na Veja desta semana.