Os líderes dos supersetores (Stock Xchng/Reprodução)
Colunista
Publicado em 1 de julho de 2025 às 18h14.
Certas pessoas são dotadas de uma lucidez especial, uma compreensão tão nítida das situações e fatos sociais, que depois de ouvirmos suas análises, algumas experiências da nossa própria vida adquirem um novo sentido.
É o caso de Jordan Peterson. Dentre suas inúmeras reflexões certeiras, uma delas merece especial atenção: segundo ele, dizer a verdade é sempre uma aventura. Peterson tem se dedicado a compreender as consequências da verdade. Segundo ele, ao se dizer a verdade, nunca se sabe ao certo o que se desencadeará, o que virá, da parte do interlocutor. Daí decorreria a aventura da verdade. Dizer a verdade significa abrir mão de benefícios e recompensas certas, que adviriam da hipótese contrária: dizer o que querem ouvir.
A vida pública e intelectual contemporânea tem sido a expressão oposta disso. Evita-se a verdade para a obtenção de gratificações individuais que não lhe são devidas. Fala-se o que querem ouvir e colhe-se festejos, convites, premiações, notoriedade, votos. Vive-se o lamentável tempo da consagração das elites populistas, que manejam publicamente retóricas sociais mas adoram serem vistas como autoridades. Por outro lado, opiniões contrárias são canceladas. Calam-nas, mesmo que representem a verdade.
Não raro, a elite que só admite uma versão devota-se à agenda democrática, à defesa de minorias, ao ambientalismo, e criam, sobre esses temas, dogmas. Fazem tudo isso do alto de sua autoridade moral, social, legal. Apresentam-se como seres mais iluminados que a população inteira de um país.
Nem todos, todavia, o fazem cinicamente, hipocritamente. Há aqueles que evitam a verdade por que ela é dura demais para eles a assumirem publicamente, sucumbindo-se à covardia; assim como há aqueles que, bem intencionados mas limitados intelectualmente, embarcam na narrativa mais palatável da verdade mascarada. A maior parte deles camufla a própria ambição em uma fachada virtuosa vazia. Alguns deles, de tanto vociferar bons propósitos, passam a acreditar que são, de fato, justiceiros sociais e precisam ser assim reconhecidos. E acabam sendo, por eles próprios.
Todos eles integram uma versão mais agradável de autoritários.
Mas a verdade é a verdade, e ela se impõe. Cedo ou tarde desponta, cobra um preço ainda mais alto que o prêmio imediata e individualmente obtido. Paga-se por ela, individual e/ou coletivamente. Todavia, lamentavelmente, discursos falsamente generosos, proferidos por representantes de Poder, são sempre convertidos em custos sociais.
Em um rompante de otimismo, Peterson afirma que será a aliança individual com a verdade que evitará a degeneração da sociedade. Se se confirmar a predição, o Brasil está salvo. Dos 213 milhões de cidadãos brasileiros, a grande maioria vive a honrosa verdade, na nobre caminhada individual de sua vida comum. Há esperança.