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VW desenvolve no Brasil o caminhão elétrico

O e-Delivery é o primeiro caminhão leve 100% elétrico desenvolvido no Brasil.

 (Volkswagen/Site Exame)
(Volkswagen/Site Exame)
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Inovação na prática

Publicado em 16 de novembro de 2017 às, 11h34.

Um estudo publicado no ano passado pela Navigant Research, estimou que a venda anual de caminhões elétricos irá multiplicar por 10x até 2026, chegando a 332.000 veículos. Seguindo essa tendência, a Volkswagen Caminhões e Ônibus, empresa do grupo MAN Latin America apresentou o primeiro caminhão totalmente elétrico durante o 35o Encontro Econômico Brasil-Alemanha em Porto Alegre.

Para Andreas Renschler, presidente mundial do braço de caminhões e ônibus do Grupo Volkswagen, “o Brasil é um país continental, que mostra dia a dia a força de sua economia e seu poder de inovação. Uma prova disso é o e-Delivery, um projeto sustentável, totalmente brasileiro e que vem conquistando espaço mundialmente”.

A última milha no perímetro urbano é ideal para a utilização de veículos elétricos, uma vez que demandam soluções de baixo ruído e que emitam menos CO2. Os veículos elétricos também se valem do constante arranca e para das cidades para aumentar a autonomia através dos sistemas de recuperação de energia através das frenagens.

O projeto do e-Delivery foi desenvolvido no Brasil pela equipe de engenharia da MAN visando o mercado da América Latina e África principalmente. Segundo o CEO da MAN Latin America, Roberto Cortes, o caminhão elétrico estará disponível para venda em escala no Brasil a partir de 2020.

Características técnicas

O e-Delivery é o primeiro caminhão leve 100% elétrico desenvolvido no Brasil. O motor tem 80 kW (109 cv) de potência, com transmissão automática. Silencioso, motor não emite gases poluentes na atmosfera.

Sistema Kers recupera até 30% da energia durante as frenagens do trânsito urbano, proporcionando uma autonomia de até 200 km, o suficiente para a maioria das utilizações nas cidades. Fazendo uma recarga rápida, é possível obter 30% da carga em 15 minutos, e pode ser realizada várias vezes ao longo da rota do veículo para aumentar sua autonomia. Para recarga máxima leva 3 horas.

O e-Delivery foi desenvolvido no Brasil utilizando uma rede de fornecedores parceiros. O motor elétrico foi concebido especialmente para o modelo e é fornecido pela empresa WEG, de Jaraguá do Sul/SC. O trem de força foi criado pela também brasileira Eletra.

Projeto Piloto

Até lá, o modelo passará por testes nas condições reais de uso pelas ruas de São Paulo. A partir de 2018, os dois protótipos desenvolvidos serão utilizados pela AMBEV na distribuição de bebidas, substituindo os veículos à combustão.

Foram necessários 5 anos de pesquisa e desenvolvimento e mais de 4 milhões de quilômetros rodados (para todas as linhas do Delivery, incluindo o elétrico). Apesar de todo engenharia já colocada nos produtos, a teste piloto será fundamental para validar a nova tecnologia funcionando.

Segundo Cortes, a principal incerteza desse período de testes está relacionada com o sistema de baterias. O período de testes com a AMBEV servirá para validar a durabilidade e eficiência da nova tecnologia. Além disso, o piloto gerará indicadores de desempenho reais para comprovar a economia e sustentabilidade que o novo produto promete.

Modelo de Negócios

Soluções inovadoras normalmente não limitam a proposta de valor somente ao produto. Pensando nisso, o modelo de negócios para o e-Delivery permite aplicar novos conceitos na maneira de comercialização e captura de valor. No setor de automóveis, algumas montadoras como BMW (Drive Now) e Daimler (Car2go), tem utilizado seus carros elétricos como plataformas de teste para novos modelos de negócios. Tendo como base a tendência da mobilidade compartilhada, a proposta de valor do transporte como serviço e não a propriedade do veículo. Outras possibilidades surgem com os veículos elétricos. A cobrança por quilômetros utilizados e leasing das bateria podem ser alternativas a serem testadas para viabilizar o investimento inicial no veículo.

Felipe Ost Scherer