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O que esperar para 2023 na inovação corporativa?

Esse será um ano em que ter uma estratégia de inovação bem formulada fará muita diferença.

FO

Felipe Ost Scherer

Publicado em 25 de dezembro de 2022 às 23h56.

Há um famoso ditado que diz que mar calmo não faz bons marinheiros. Quem trabalha com inovação dentro das empresas sabe bem que esse foi mais um ano de grandes desafios e aprendizados.

Sair de um período desafiador gerado pela pandemia para viver novamente na “normalidade”. Essa era a expectativa para 2022. Como sempre, muitos eventos inesperados ocorreram ao longo do ano.

Ao longo do ano tivemos a guerra Rússia-Ucrânia, inflação alta persistente, eleições no Brasil, aumento do alerta sobre a potencial recessão de ordem mundial e tantos outros eventos que desafiaram quem precisa tomar decisões em qualquer empresa. Para 2023, novos desafios deverão ser superados e é bom que os gestores estejam preparados.

CVC é maratona, não 100 metros rasos.

No âmbito da inovação corporativa, tivemos recordes na criação de fundos de corporate venture capital pelas grandes empresas brasileiras (segundo estudo da APEX, já são mais de 100 CVC em atividade e outros tantos em formação). Esses investimentos foram feitos visando principalmente ganhos estratégicos na relação com as investidas.

Investimentos em projetos considerados não críticos tendem a ser cortados em tempos de crise. É possível que, em caso de deterioração do cenário econômico mundial, os esforços de inovação sejam minorados.

Especificamente falando em corporate venture capital, alguns desses programas irão congelar investimentos ou diminuir o ritmo de aportes para formação da carteira de investidas.

A história mostra que a manutenção dos investimentos durante esses períodos leva a melhores performances quando da mudança do ciclo do mercado.  Por isso, vale lembrar que o CVC é um jogo de médio-longo prazo, mais com cara de maratona do que 100 metros rasos. As regras de ouro são: tenha clareza do porque, tenha paciência para colher e gerencie os riscos.

Novos negócios dentro das grandes empresas

Construir novos negócios dentro de empresas estabelecidas nunca foi fácil. E ainda não é, mas essa é uma tendência que veio para ficar.

São inúmeras as barreiras para serem superadas: lentidão na tomada de decisão, conflito com o modelo de negócios vigente, mentalidade de fazer tudo grande, comparar o desempenho da nova venture com negócio maduro, etc...

Por outro lado, há vantagens para a empresa estabelecida. Primeiro, a base de clientes existente é um ativo muito valioso, sem contar a confiança na marca, relacionamento com time de vendas e mesmo os canais de distribuição já formatados (lembrando que nem sempre todos esses ativos serão utilizados no novo negócio).

Além disso, a capacidade de escalar e as competências de negócios já desenvolvidas ajudam muito na hora de crescer a nova oportunidade.

Você cria opções para o futuro, são pequenos investimentos feitos hoje que criam o direito (não a obrigação) de seguir apostando no futuro da oportunidade. Não sabemos ainda qual das opções/ventures criadas irão prosperar no futuro, porém é preciso plantar para colher.

Ainda tivemos o renascimento dos programas de aceleração de startups, porém em formatos variados. Algumas empresas adotaram em criar programas voltados para formar novos empreendedores e conectar o mais cedo possível com ideias nascentes de potencial. Tivemos também programas de aceleração que focaram em fases mais avançadas do ciclo de crescimento das startups, oferecendo mentorias de alto nível e oportunidades de negócios entre as partes.

Incerteza é a praia do inovador

Todo esse cenário de alto grau de incerteza para gerir os negócios pode criar muita tensão e dúvida para fazer gestão. Entretanto, é nesse tipo de ambiente que a abordagem de experimentar rápido, barato, ajustar o que for necessário e seguir em frente faz todo sentido.

Mais do que nunca, a mentalidade do inovador corporativo e dos empreendedores serão relevantes no próximo ciclo.

Um movimento importante do ano foi o ajuste na abordagem da formação dos colaboradores-empreendedores, os chamados intraempreendedores. Cada vez mais os programas de capacitação estão associados ao processo de empreender dentro da empresa.

Fazer uma trilha de capacitação sobre como inovar sem estar efetivamente conectada com um programa de inovação interno, tem tido efeito limitado na mudança dos comportamentos. Nesse sentido, as chamadas jornadas de inovação acabam entregando a combinação de formação de cultura de inovação, desenvolvimento de competências e execução de projetos de impacto. O programa de intraempreendedorismo precisa articular todos esses elementos para poder cumprir sua missão por completo.

O ano do rollout

Essa foi o ano da consolidação da inovação aberta como mecanismo impulsionador de projetos nas empresas. As startups continuaram sendo a “bola da vez” na busca de estabelecer parcerias para resolver desafios importantes. Foram muitos programas que conseguiram estabelecer relações ganha-ganha entre as partes, gerando negócios relevantes durante e após os programas de conexão.

Conforme as empresas vão dominando a prática de realizar experimentos com maestria, surge um novo desafio importante: escalar na organização as melhores ideias testadas.

A mesma abordagem disciplinada para execução de pilotos/pocs deve ser utilizada para fazer os projetos inovadores realmente trazer os retornos potenciais demostrados nos testes. Nesse sentido, a área de inovação e seus gestores estão ampliando o escopo de atuação para garantir que esse ciclo seja executado adequadamente. O ROI da inovação está no rollout e não no piloto.

Flexibilidade nas escolhas estratégicas

Ambidestria e flexibilidade devem ser as palavras de ordem do ano. O balanço entre o hoje versus amanhã e novos negócios versus eficiência operacional serão pautas dominantes das discussões estratégicas. Monitorar os sinais e ajustar o foco rapidadamente deve ser prioridade para uma boa gestão.

Esse será um ano em que ter uma estratégia de inovação bem formulada fará muita diferença. Muitas empresas já se deram conta que um caso de sucesso implementado na empresa ABC não necessariamente é o que ela precisa ou deveria fazer.

Cada veículo de inovação entrega um output específico. A lógica de seleção dos tipos de programas que serão utilizados deve seguir um racional que leva em consideração a urgência, disponibilidade de capacidades internas e externas, o quão próximo do core queremos inovar e intensidade de recursos financeiros disponíveis.

Que venha 2023!

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Há um famoso ditado que diz que mar calmo não faz bons marinheiros. Quem trabalha com inovação dentro das empresas sabe bem que esse foi mais um ano de grandes desafios e aprendizados.

Sair de um período desafiador gerado pela pandemia para viver novamente na “normalidade”. Essa era a expectativa para 2022. Como sempre, muitos eventos inesperados ocorreram ao longo do ano.

Ao longo do ano tivemos a guerra Rússia-Ucrânia, inflação alta persistente, eleições no Brasil, aumento do alerta sobre a potencial recessão de ordem mundial e tantos outros eventos que desafiaram quem precisa tomar decisões em qualquer empresa. Para 2023, novos desafios deverão ser superados e é bom que os gestores estejam preparados.

CVC é maratona, não 100 metros rasos.

No âmbito da inovação corporativa, tivemos recordes na criação de fundos de corporate venture capital pelas grandes empresas brasileiras (segundo estudo da APEX, já são mais de 100 CVC em atividade e outros tantos em formação). Esses investimentos foram feitos visando principalmente ganhos estratégicos na relação com as investidas.

Investimentos em projetos considerados não críticos tendem a ser cortados em tempos de crise. É possível que, em caso de deterioração do cenário econômico mundial, os esforços de inovação sejam minorados.

Especificamente falando em corporate venture capital, alguns desses programas irão congelar investimentos ou diminuir o ritmo de aportes para formação da carteira de investidas.

A história mostra que a manutenção dos investimentos durante esses períodos leva a melhores performances quando da mudança do ciclo do mercado.  Por isso, vale lembrar que o CVC é um jogo de médio-longo prazo, mais com cara de maratona do que 100 metros rasos. As regras de ouro são: tenha clareza do porque, tenha paciência para colher e gerencie os riscos.

Novos negócios dentro das grandes empresas

Construir novos negócios dentro de empresas estabelecidas nunca foi fácil. E ainda não é, mas essa é uma tendência que veio para ficar.

São inúmeras as barreiras para serem superadas: lentidão na tomada de decisão, conflito com o modelo de negócios vigente, mentalidade de fazer tudo grande, comparar o desempenho da nova venture com negócio maduro, etc...

Por outro lado, há vantagens para a empresa estabelecida. Primeiro, a base de clientes existente é um ativo muito valioso, sem contar a confiança na marca, relacionamento com time de vendas e mesmo os canais de distribuição já formatados (lembrando que nem sempre todos esses ativos serão utilizados no novo negócio).

Além disso, a capacidade de escalar e as competências de negócios já desenvolvidas ajudam muito na hora de crescer a nova oportunidade.

Você cria opções para o futuro, são pequenos investimentos feitos hoje que criam o direito (não a obrigação) de seguir apostando no futuro da oportunidade. Não sabemos ainda qual das opções/ventures criadas irão prosperar no futuro, porém é preciso plantar para colher.

Ainda tivemos o renascimento dos programas de aceleração de startups, porém em formatos variados. Algumas empresas adotaram em criar programas voltados para formar novos empreendedores e conectar o mais cedo possível com ideias nascentes de potencial. Tivemos também programas de aceleração que focaram em fases mais avançadas do ciclo de crescimento das startups, oferecendo mentorias de alto nível e oportunidades de negócios entre as partes.

Incerteza é a praia do inovador

Todo esse cenário de alto grau de incerteza para gerir os negócios pode criar muita tensão e dúvida para fazer gestão. Entretanto, é nesse tipo de ambiente que a abordagem de experimentar rápido, barato, ajustar o que for necessário e seguir em frente faz todo sentido.

Mais do que nunca, a mentalidade do inovador corporativo e dos empreendedores serão relevantes no próximo ciclo.

Um movimento importante do ano foi o ajuste na abordagem da formação dos colaboradores-empreendedores, os chamados intraempreendedores. Cada vez mais os programas de capacitação estão associados ao processo de empreender dentro da empresa.

Fazer uma trilha de capacitação sobre como inovar sem estar efetivamente conectada com um programa de inovação interno, tem tido efeito limitado na mudança dos comportamentos. Nesse sentido, as chamadas jornadas de inovação acabam entregando a combinação de formação de cultura de inovação, desenvolvimento de competências e execução de projetos de impacto. O programa de intraempreendedorismo precisa articular todos esses elementos para poder cumprir sua missão por completo.

O ano do rollout

Essa foi o ano da consolidação da inovação aberta como mecanismo impulsionador de projetos nas empresas. As startups continuaram sendo a “bola da vez” na busca de estabelecer parcerias para resolver desafios importantes. Foram muitos programas que conseguiram estabelecer relações ganha-ganha entre as partes, gerando negócios relevantes durante e após os programas de conexão.

Conforme as empresas vão dominando a prática de realizar experimentos com maestria, surge um novo desafio importante: escalar na organização as melhores ideias testadas.

A mesma abordagem disciplinada para execução de pilotos/pocs deve ser utilizada para fazer os projetos inovadores realmente trazer os retornos potenciais demostrados nos testes. Nesse sentido, a área de inovação e seus gestores estão ampliando o escopo de atuação para garantir que esse ciclo seja executado adequadamente. O ROI da inovação está no rollout e não no piloto.

Flexibilidade nas escolhas estratégicas

Ambidestria e flexibilidade devem ser as palavras de ordem do ano. O balanço entre o hoje versus amanhã e novos negócios versus eficiência operacional serão pautas dominantes das discussões estratégicas. Monitorar os sinais e ajustar o foco rapidadamente deve ser prioridade para uma boa gestão.

Esse será um ano em que ter uma estratégia de inovação bem formulada fará muita diferença. Muitas empresas já se deram conta que um caso de sucesso implementado na empresa ABC não necessariamente é o que ela precisa ou deveria fazer.

Cada veículo de inovação entrega um output específico. A lógica de seleção dos tipos de programas que serão utilizados deve seguir um racional que leva em consideração a urgência, disponibilidade de capacidades internas e externas, o quão próximo do core queremos inovar e intensidade de recursos financeiros disponíveis.

Que venha 2023!

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