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A inovação disruptiva perde seu criador

Essa semana perdemos um dos grandes pensadores da gestão mas seu legado permanecerá inspirando ações de gestores para tornar as empresas mais inovadoras.

I
Inovação na prática

Publicado em 25 de janeiro de 2020 às, 12h19.

Há 17 anos atrás li um livro que mudou o rumo da minha vida profissional. Em uma ida à livraria que costumava frequentar para buscar novidades do mundo da gestão. Um livro de capa verde com um título ousado chamou minha atenção (confesso que os post its que vinha junto para marcar páginas em destaque contribuíram para a escolha): O Crescimento pela Inovação: como crescer de forma sustentada e reinventar seu negócio. Esse foi o primeiro contato que tive com as ideias de Clayton Christensen.

Na época trabalhava em uma grande empresa do setor siderúrgico e cursava um MBA visando ampliar minha visão sobre ferramentas de gestão. As ideias apresentadas no livro faziam todo sentido para mim e despertaram o interesse em um tema que iria guiar minha escolha profissional.

Em 2015 assisti a palestra de Clayton Christensen na HSM Expo Management. Já havia lido diversos livros dele, realizado curso em que ele era um dos professores (Innovator’s Accelerator) e assistido inúmeras entrevistas, porém essa foi a primeira vez que pude ouvir suas ideias ao vivo. Foi incrível!

Sua contribuição mais importante para a teoria da gestão dos negócios foi a da inovação disruptiva. Segundo ele, era preciso entender os três tipos distintos de inovações e as consequências de cada uma na empresa e no mercado: de eficiência, sustentada e disruptiva.

Inovação de Eficiência – são as que visam a redução de custos através da eficiência operacional. Elas tem como consequência a eliminação de empregos e o aumento do caixa livre. As inovações de eficiência dão retorno rápido de 3 meses a 2 anos, não tem muito risco e o mercado já existe. As empresas fazem isso repetidamente em diferentes ciclos, especialmente porque as empresas são avaliadas exclusivamente por indicadores financeiros.

Inovação Sustentada – são aquelas que visam refinar os produtos existentes para manter as margens e competitividade no curto prazo. Elas mantém a economia funcionando, porém normalmente não geram crescimento ou empregos. Servem para manter o padrão de receitas.

Inovação Disruptiva – essas são as que transformam produtos caros em acessíveis. Christensen dizia enxergar as inovação disruptiva como uma grande oportunidade não apenas uma ameaça. Esse tipo de inovação permite que uma grande parcela de pessoas tenham acesso a serviços e produtos até então inacessíveis. Essa ideia serviu de alerta para todas as grandes empresas que dominam seus mercados mas também de esperança para novos empreendedores em buscar espaço em mercados já consolidados. A inovação disruptiva cria novos mercados, gera novos empregos e promove o desenvolvimento.

Eu gosto muito da ideia que ele pregava das prateleiras das teoria de gestão. Seu primeiro livro, O Dilema do Inovador, construiu a teoria da inovação disruptiva estudando casos como dos computadores mainframe, das siderúrgicas integradas e outros setores. A partir dessas ideias, várias empresas puderam utilizar essa lógica para criar estratégias de sustentabilidade e crescimento dos negócios. Christensen dizia que a partir do problema buscava as soluções através do uso das lentes das teorias.

Algumas ideias que Christensen trouxe em seus trabalhos sobre estratégia e inovação que entendo ser muito atuais:

1. Levar tecnologia para tornar os serviços mais acessíveis – alguns setores tiveram atenção especial nos trabalhos de Christensen. A educação e a saúde tiveram livros escritos por ele pois entendia que havia uma grande oportunidade de transformação através da tecnologia para torná-los mais baratos.

2. Investir no não consumo – A inovação disruptiva combate o não consumo, ou seja, buscar viabilizar que pessoas que hoje não consomem os produtos ou serviços por alguma razão qualquer (preços, instrução, acesso, etc…) passem a ter alternativas viáveis.

3. Mudar a perspectiva de análise do problema ou oportunidade – O consumidor é a dimensão errada de análise. Você precisa entender qual o objetivo que está se fazendo aquilo (o conceito de trabalho a ser feito). A partir da ir tentar tornar o produto mais simples, acessíveis e fácil de ser consumido.

Essa semana perdemos um dos grandes pensadores da gestão mas seu legado permanecerá inspirando ações de gestores para tornar as empresas mais inovadoras.