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7 dicas para aumentar a confiança criativa

Recentemente fui convidado para falar em um evento que reunia todos os colaboradores de uma empresa do setor financeiro. Eram mais de 1000 pessoas que estavam lá confraternizando e celebrando as conquistas do ano e, claro, aproveitando o momento para absorver novos conhecimentos. Como o público era bastante diverso, com colaboradores de diferentes áreas, formações e experiências, resolvi falar sobre um conceito que poderia interessar todos eles e acredito que […] Leia mais

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Inovação na prática

Publicado em 29 de outubro de 2016 às, 07h45.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h26.

Recentemente fui convidado para falar em um evento que reunia todos os colaboradores de uma empresa do setor financeiro. Eram mais de 1000 pessoas que estavam lá confraternizando e celebrando as conquistas do ano e, claro, aproveitando o momento para absorver novos conhecimentos.

Como o público era bastante diverso, com colaboradores de diferentes áreas, formações e experiências, resolvi falar sobre um conceito que poderia interessar todos eles e acredito que você também: a importância da retomada da confiança criativa para inovar nas empresas.

Muitas pessoas simplesmente acreditam que não são inovadoras e nunca serão pois não nasceram com os genes “adequados” para colocar em prática tal tarefa. É como se nossa capacidade de realizar tal atividade fosse determinada exclusivamente pelo nosso DNA. Inúmeras pesquisas já foram realizadas para determinar qual a real influência da genética na nossa capacidade de criar e consequentemente contribuir como inovadores. Em todas elas, o impacto da carga genética nunca foi superior a 40%, chegando inclusive, em algumas delas, ficar abaixo dos 25%. Um estudo interessante realizado por pesquisadores da Universidade de Fordham nos Estados Unidos reuniu 117 gêmeos idênticos de diferentes faixas etárias visando descobrir a correlação com a criatividade. O resultado obtido apontava que apenas 30% da capacidade criativa era decorrente da herança genética e que os 70% eram frutos de experiências e comportamentos individuais. Na prática o estudo propunha que a criatividade não é um dom preponderantemente genético, não apenas uma habilidade cognitiva mas também um habilidade comportamental.

A boa notícia foi que poderíamos desenvolver nossa capacidade criativa ao longo de nossas vidas. A notícia ruim é que, na prática, o modo pelo qual estudamos e trabalhamos nos move para uma direção oposta, criando barreiras e desestimulando nossa criatividade. Vejam esse outro estudo sobre o desempenho de um grupo ao longo dos anos quanto à criatividade.

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É notório que algo acontece quando entramos nas escolas e posteriormente quando ingressamos no mercado de trabalho. O sistema vai, aos poucos, acabando com nossa confiança criativa, nos transformando em reprodutores de conhecimento e cumpridores de tarefas predeterminadas. Tim Brown e David Kelley, ambos ligados à escola de design de Stanford nos Estados Unidos, apontam que nossa confiança criativa é abalada constantemente pois tememos 4 coisas: o medo do desconhecido, o medo de sermos julgados, o medo de darmos o primeiro passo e o medo de perder o controle. Todos esses medos impactam negativamente nossa criatividade.

Até aqui falei do problema, agora vamos à solução. Elenquei algumas estratégias importantes para vencermos esses 4 medos e consequente aumentarmos nossa confiança criativa para sermos mais inovadores.

1. Estabeleça propósito – O melhor motivador nas nossa vida é o propósito. Isso vale quando queremos mudar nossos hábitos alimentares, praticar exercícios, parar de fumar, seja o que for, e não é diferente quando falamos de exercer nossa criatividade. Busque entender o porque a inovação e a criatividade são importantes para sua empresa e crescimento profissional. Esse é o primeiro passo para nos arriscarmos mais.

2. Acredite no método – Use as ferramentas e pratique. Um dos meus programas favoritos na televisão é O Sócio. Nele o investidor Marcus Lemonis compra uma participação em negócios que precisam de ajuda para retomar o rumo. Sempre que ele conversa com os empreendedores ressalta a importância de acreditar no método dele. Em criatividade e inovação é preciso acreditar no método também, ou seja, as ferramentas de criatividade podem potencializar a utilização da nossa capacidade de gerar novas oportunidades.

3. Busque analogias e padrões de solução de problemas – Essa é uma das melhores formas de reduzir o medo do desconhecido. Muitas vezes a solução criativa para nossos desafios já foram utilizados em outros setores e aplicações. Sempre uso o exemplo do desodorante roll-on, que nada mais é que a mesma lógica utilizada nas canetas esferográficas. Várias técnicas de criatividade utilizam o conceito de padrões de solução de problemas como gatilhos para a geração das ideias.

4. Comece pelos insights, depois busque as ideias – Esse detalhe é bem importante. Normalmente começamos nossa jornada pelas ideias mas há um passo anterior importante, a captura dos insights. Quando temos a leitura adequada da situação atual, identificando os problemas (dores), benefícios (ganhos) esperados e objetivo das tarefas cumpridas pelos produtos, serviços ou processos que executamos (jobs to be done), temos um ponto de partida relevante para gerar as novas ideias. De maneira geral, uma boa ideia potencializa um beneficio desejado e/ou reduz uma dor/problema existente.

5. Abrace a filosofia das startups – Um estudo sobre ideias criativas de produtos inovadores revelou que 95% delas sofreram refinamentos desde o momento da geração até a finalização do projeto. Para reduzir o medo do desconhecido tenha em perspectiva que a primeira ideia é o ponto de partida e não necessariamente o de chegada. Não espere a ideias perfeita mas sim esteja aberto a ajustes e transformações ao longo do processo, exatamente como fazem os empreendedores na filosofia do lean startup, ou seja, constrói, aprende, ajusta…

6. Aceite a diversidade e colabore – O gênio solitário já não serve mais para os dias atuais. Aquele maluco beleza que ficava trancado em uma sala concebendo ideias mirabolantes não retrata o modelo ideal de estimulo à criatividade e inovação. Segundo o renomado autor Steven Johnson, as boas ideias são fruto da combinação de palpites parciais de diferentes pessoas que se cruzam para formar algo maior. O poder das massas e a criatividade coletiva é o que poderá aumentar sua capacidade individual.

7. Dedique tempo para a inovação – Veja que quanto mais tempo dedicarmos para gerar coisas novas maior será a chance que isso ocorra. Aquilo que colocamos como importante em nossa vida é o que costumamos praticar e consequentemente aumentamos a taxa de sucesso. Aloque parte do seu tempo para usar as seis dicas anteriores e sua confiança criativa vai aumentar significativamente.

Felipe Ost Scherer