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“Tem gente com fome”: a sociedade civil mobilizada pela emergência da fome

As ações de conscientização e de contingência à crise humanitária e econômica têm sido realizadas pela sociedade civil

Moradores recebem refeições em um refeitório da favela Paraisópolis, em São Paulo, Brasil, em 28 de janeiro de 2021. - O pedágio econômico da pandemia do coronavírus atingiu especialmente as favelas brasileiras, mas as 10 maiores favelas do país (NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images)
AM

André Martins

Publicado em 13 de abril de 2021 às 10h00.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 14h18.

Com a pandemia, o combate à fome volta a ser um desafio a ser enfrentado pelo Brasil. Na ineficiência das respostas pelo governo brasileiro, as ações de conscientização e de contingência à crise humanitária e econômica têm sido realizadas pela sociedade civil.

Em abril, chegamos aos 13 milhões de casos de covid-19 e às 350 mil mortes. Ultrapassamos a triste marca de 4 mil mortes por dia, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa. Infelizmente, esses não são os únicos números que nos ajudam a mensurar a tragédia que o povo brasileiro atravessa. 19 de milhões de brasileiras e brasileiros estão passando fome e 116,9 milhões conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020, de acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia, realizado pela Rede PENSSAN de pesquisadores em parceria com diversas organizações da sociedade civil.

Os dados foram coletados no mês de dezembro de 2020. No período da coleta, o auxílio emergencial - criado pela Lei n. 13.982/2020 - inicialmente no valor de R$ 600, havia sido reduzido para R$ 300 ao mês. A diminuição representou um agravamento da situação dessas famílias. Tudo indica que tenhamos uma situação ainda pior como resultado da interrupção entre os meses de janeiro e março de 2021. O valor atual de R$ 250 continuará condenando os beneficiários à fome porque é insuficiente para compra dos itens que compõem a cesta básica.

A urgência da fome é resultado da ausência de uma ação pública coordenada para combater os efeitos da pandemia e uma má gestão dos instrumentos à disposição do governo. Houve falha no diagnóstico acerca da pandemia e na identificação dos mais vulneráveis pelo governo federal na distribuição do auxílio emergencial, um desprezo às estruturas do sistema único de assistência social para combater a crise e obstrução pelo Executivo Federal das respostas produzidas pelos governos estaduais e municipais.

Some-se a isto a ausência de dados confiáveis produzidos pelo governo federal brasileiro. Repare, cara leitora e caro leitor, que todos os dados informados por mim são produzidos por organizações da sociedade civil, universidades, ONGs, institutos, fundações e veículos de imprensa.

Diante disso, a sociedade civil se mobiliza para fazer a contingência e socorrer aos seus na crise humanitária que atravessamos em campanha intitulada “Se tem gente com fome, dá de comer!”. A campanha é liderada pela Coalizão Negra Por Direitos, em parceria com a Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, 342 Artes, Nossas - Rede de Ativismo, Instituto Ethos, Orgânico Solidário, Grupo Prerrô, Fundo Brasil de Direitos Humanos, dentre outras. O objetivo é levar água, alimento e apoio a mais de 222 mil famílias em situação de pobreza extrema.

Com a crise econômica, sanitária, humanitária que o país atravessa, a ineficiência das respostas públicas e a desinformação, a fome é uma das urgências que precisam ser atendidas em meio à pandemia.

 

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Com a pandemia, o combate à fome volta a ser um desafio a ser enfrentado pelo Brasil. Na ineficiência das respostas pelo governo brasileiro, as ações de conscientização e de contingência à crise humanitária e econômica têm sido realizadas pela sociedade civil.

Em abril, chegamos aos 13 milhões de casos de covid-19 e às 350 mil mortes. Ultrapassamos a triste marca de 4 mil mortes por dia, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa. Infelizmente, esses não são os únicos números que nos ajudam a mensurar a tragédia que o povo brasileiro atravessa. 19 de milhões de brasileiras e brasileiros estão passando fome e 116,9 milhões conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020, de acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia, realizado pela Rede PENSSAN de pesquisadores em parceria com diversas organizações da sociedade civil.

Os dados foram coletados no mês de dezembro de 2020. No período da coleta, o auxílio emergencial - criado pela Lei n. 13.982/2020 - inicialmente no valor de R$ 600, havia sido reduzido para R$ 300 ao mês. A diminuição representou um agravamento da situação dessas famílias. Tudo indica que tenhamos uma situação ainda pior como resultado da interrupção entre os meses de janeiro e março de 2021. O valor atual de R$ 250 continuará condenando os beneficiários à fome porque é insuficiente para compra dos itens que compõem a cesta básica.

A urgência da fome é resultado da ausência de uma ação pública coordenada para combater os efeitos da pandemia e uma má gestão dos instrumentos à disposição do governo. Houve falha no diagnóstico acerca da pandemia e na identificação dos mais vulneráveis pelo governo federal na distribuição do auxílio emergencial, um desprezo às estruturas do sistema único de assistência social para combater a crise e obstrução pelo Executivo Federal das respostas produzidas pelos governos estaduais e municipais.

Some-se a isto a ausência de dados confiáveis produzidos pelo governo federal brasileiro. Repare, cara leitora e caro leitor, que todos os dados informados por mim são produzidos por organizações da sociedade civil, universidades, ONGs, institutos, fundações e veículos de imprensa.

Diante disso, a sociedade civil se mobiliza para fazer a contingência e socorrer aos seus na crise humanitária que atravessamos em campanha intitulada “Se tem gente com fome, dá de comer!”. A campanha é liderada pela Coalizão Negra Por Direitos, em parceria com a Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, 342 Artes, Nossas - Rede de Ativismo, Instituto Ethos, Orgânico Solidário, Grupo Prerrô, Fundo Brasil de Direitos Humanos, dentre outras. O objetivo é levar água, alimento e apoio a mais de 222 mil famílias em situação de pobreza extrema.

Com a crise econômica, sanitária, humanitária que o país atravessa, a ineficiência das respostas públicas e a desinformação, a fome é uma das urgências que precisam ser atendidas em meio à pandemia.

 

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