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O lema dela é: “Vamos tornar o mundo novamente selvagem”

Kris Tompkins é embaixadora das Nações Unidas para as Áreas Protegidas. Ela está entre os filantropos mais ambiciosos e bem-sucedidos da história.

Kris Tompkins (JamesQMartin/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2021 às 10h00.

Última atualização em 12 de novembro de 2021 às 19h15.

Por Renata Loew Weiss*

Em 1993, a norte-americana Kris Tompkins deixou sua carreira como diretora executiva da Patagonia, uma das principais marcas de esportes outdoor do mundo. Casou-se com Doug Tompkins, fundador das marcas The North Face e Spirit, e foi morar com ele na Patagônia Chilena, uma região de natureza singular.

Preocupado com o potencial impacto socioambiental de várias indústrias no território, o casal se deu conta da magnitude do projeto: adquirir terras e proteger os ecossistemas da Patagônia para as futuras gerações. No entanto, a filantropia ambiental ainda era desconhecida no Chile, o que fez o governo duvidar de suas intenções. Como solução, acordaram que quando Doug falecesse, os territórios da Fundação Tompkins seriam doados para o estado.

A fundação tornou-se a maior proprietária de terras privadas do mundo, com presença no Chile e na Argentina, impactando diretamente mais de 60 comunidades. Para Kris, se as pessoas que moram no entorno dos parques nacionais não enxergam seus benefícios diretos e significativos, daqui 100 anos tanto estas comunidades quanto os parques estarão em risco ( veja mais aqui, em um evento do Sistema B). Pesquisadores da Universidade de Oxford avaliaram uma mudança gradual no apoio da comunidade ao Parque Iberá, na Argentina, ante ações relacionadas aos Tompkins de valorização da identidade local ( clique aqui para saber mais ). Porém, a fundação não faz estudos de medição de impacto social, apesar deste ser muitas vezes até visível aos olhos.

Em dezembro de 2015, Doug faleceu em uma travessia de caiaque (para entender quem foi Doug Tompkins, não deixe de ver este vídeo ). Em 2018, Kris celebrou com a presidente Michelle Bachelet a doação de 407 mil hectares da Fundação Tompkins para a criação de parques nacionais. Como tais áreas serviam de acesso a terrenos estatais não protegidos, o governo acabou incorporando 5,8 milhões de hectares na Patagônia ao sistema de áreas protegidas, 5% da área terrestre de todo Chile - uma contribuição direta para as metas globais da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas.

Para apoiar esta estratégia, a Fundação Tompkins liderou a criação de novas ONGs para criar a Rota dos Parques da Patagônia, que concentra um terço do território chileno, e o movimento de rewilding, que promove ecossistemas balanceados e já reintroduziu nestes parques mais de 10 espécies em risco de extinção. Agora, como embaixadora das Nações Unidas para as Áreas Protegidas, Kris dissemina a sua mensagem: “ Let's make the world wild again ” (vamos tornar o mundo novamente selvagem).

Gostou? Leia também sobre o Parque Nacional mais icônico do Chile

*Renata Loew Weiss é Mestre em Políticas Públicas pela PUC-Chile.

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Por Renata Loew Weiss*

Em 1993, a norte-americana Kris Tompkins deixou sua carreira como diretora executiva da Patagonia, uma das principais marcas de esportes outdoor do mundo. Casou-se com Doug Tompkins, fundador das marcas The North Face e Spirit, e foi morar com ele na Patagônia Chilena, uma região de natureza singular.

Preocupado com o potencial impacto socioambiental de várias indústrias no território, o casal se deu conta da magnitude do projeto: adquirir terras e proteger os ecossistemas da Patagônia para as futuras gerações. No entanto, a filantropia ambiental ainda era desconhecida no Chile, o que fez o governo duvidar de suas intenções. Como solução, acordaram que quando Doug falecesse, os territórios da Fundação Tompkins seriam doados para o estado.

A fundação tornou-se a maior proprietária de terras privadas do mundo, com presença no Chile e na Argentina, impactando diretamente mais de 60 comunidades. Para Kris, se as pessoas que moram no entorno dos parques nacionais não enxergam seus benefícios diretos e significativos, daqui 100 anos tanto estas comunidades quanto os parques estarão em risco ( veja mais aqui, em um evento do Sistema B). Pesquisadores da Universidade de Oxford avaliaram uma mudança gradual no apoio da comunidade ao Parque Iberá, na Argentina, ante ações relacionadas aos Tompkins de valorização da identidade local ( clique aqui para saber mais ). Porém, a fundação não faz estudos de medição de impacto social, apesar deste ser muitas vezes até visível aos olhos.

Em dezembro de 2015, Doug faleceu em uma travessia de caiaque (para entender quem foi Doug Tompkins, não deixe de ver este vídeo ). Em 2018, Kris celebrou com a presidente Michelle Bachelet a doação de 407 mil hectares da Fundação Tompkins para a criação de parques nacionais. Como tais áreas serviam de acesso a terrenos estatais não protegidos, o governo acabou incorporando 5,8 milhões de hectares na Patagônia ao sistema de áreas protegidas, 5% da área terrestre de todo Chile - uma contribuição direta para as metas globais da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas.

Para apoiar esta estratégia, a Fundação Tompkins liderou a criação de novas ONGs para criar a Rota dos Parques da Patagônia, que concentra um terço do território chileno, e o movimento de rewilding, que promove ecossistemas balanceados e já reintroduziu nestes parques mais de 10 espécies em risco de extinção. Agora, como embaixadora das Nações Unidas para as Áreas Protegidas, Kris dissemina a sua mensagem: “ Let's make the world wild again ” (vamos tornar o mundo novamente selvagem).

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*Renata Loew Weiss é Mestre em Políticas Públicas pela PUC-Chile.

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