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Novos modelos de negócios de planos de saúde e incentivos na cadeia de saúde suplementar

O setor também é marcado por suas complexas relações contratuais e tendências à concentração observadas nos últimos anos

(ljubaphoto/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2023 às 00h03.

O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis , o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Gabriel Silva Takahashi* e Paulo Furquim de Azevedo*

O setor de saúde suplementar conta com mais de 49 milhões de beneficiários, cumprindo importante papel no atendimento à saúde dos brasileiros, em complemento ao serviço público de saúde. O setor também é marcado por suas complexas relações contratuais e tendências à concentração observadas nos últimos anos. São particularmente relevantes os problemas de incentivos nas interações entre beneficiários, prestadores e operadoras de planos de saúde (OPS) que resultam, em geral, na sobreutilização dos serviços que trazem ineficiências e elevação dos custos do serviço.

Em recente pesquisa, buscamos analisar o impacto dos novos modelos de negócios de OPS em mitigar tais incentivos perversos, divididos em dois grandes grupos: verticalizadas e healthtechs. O modelo das verticalizadas, tendo Hapvida e Prevent Sênior como principais exemplos, usa uma solução mais tradicional de integração vertical com hospitais e centros médicos, adicionando, porém, um forte controle sobre os médicos (como, por exemplo, por meio de protocolos) e uso de tecnologia de forma a otimizar os atendimentos. Esse modelo não se confunde, portanto, com o já tradicional modelo de cooperativas médicas, que são também muitas vezes verticalizadas, porém mantendo elevada independência e discricionaridade de médicos na prescrição de exames e indicação de procedimentos médicos.

Já o modelo das healthtechs, adotado por Alice, Sami e QSaúde, verticaliza apenas o atendimento primário e possui integração contratual com os hospitais para alinhamento dos incentivos entre OPS e prestador. Tal atuação é baseada no value based healthcare, proposto por Porter e Lee (2013), que busca agregar valor para os pacientes com os serviços de saúde ofertados, baseado em uso de tecnologia e integração entre os serviços. Para verificar o impacto destes novos modelos, a pesquisa utiliza a métrica de sinistralidade para avaliar de forma quantitativa suas diferenças em relação às OPS tradicionais. O modelo indica que as healthtechs apresentam sinistralidades significativamente mais baixas, resultado que deve ser visto ainda com cautela, dado o período atípico coberto pelo estudo, por conta da pandemia de Covid-19.

As verticalizadas, em especial a Hapvida/GNDI, são players já estabelecidos e que impõem forte rivalidade nos mercados em que atuam, tendo, inclusive, alcançado a liderança em alguns deles. Destacando-se pelos baixos custos e eficiência no controle da sinistralidade, esses grupos ofertam planos de saúde a preços competitivos, mecanismo que explica seu crescimento de mercado. Já as healthtechs são relativamente novas e ainda não possuem participação relevante de mercado, mas mostram potencial para competir por meio de um modelo de liderança de benefícios, com capacidade de disputar beneficiários nos segmentos de médio e alto padrão.

Os recentes movimentos de consolidação e verticalização do mercado, sob a influência das megafusões entre Hapvida/GNDI e entre Rede D’Or/Sulamérica, apontam para essa tendência de integração e busca de maior eficiência no controle dos custos e acompanhamento da jornada do paciente. É um momento em que se observam diversas oportunidades de impacto e desenvolvimento para o setor de saúde suplementar a partir da adoção de novos modelos e tecnologias.

*Gabriel Silva Takahashi é mestre  em Economia pelo Insper e economista da área de Economia do Direito da LCA Consultores, dedicado aos assuntos de defesa da concorrência

**Paulo Furquim de Azevedo é coordenador do Centro de Regulação e Democracia (CRD) e professor em tempo integral nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado do Insper.

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O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis , o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Gabriel Silva Takahashi* e Paulo Furquim de Azevedo*

O setor de saúde suplementar conta com mais de 49 milhões de beneficiários, cumprindo importante papel no atendimento à saúde dos brasileiros, em complemento ao serviço público de saúde. O setor também é marcado por suas complexas relações contratuais e tendências à concentração observadas nos últimos anos. São particularmente relevantes os problemas de incentivos nas interações entre beneficiários, prestadores e operadoras de planos de saúde (OPS) que resultam, em geral, na sobreutilização dos serviços que trazem ineficiências e elevação dos custos do serviço.

Em recente pesquisa, buscamos analisar o impacto dos novos modelos de negócios de OPS em mitigar tais incentivos perversos, divididos em dois grandes grupos: verticalizadas e healthtechs. O modelo das verticalizadas, tendo Hapvida e Prevent Sênior como principais exemplos, usa uma solução mais tradicional de integração vertical com hospitais e centros médicos, adicionando, porém, um forte controle sobre os médicos (como, por exemplo, por meio de protocolos) e uso de tecnologia de forma a otimizar os atendimentos. Esse modelo não se confunde, portanto, com o já tradicional modelo de cooperativas médicas, que são também muitas vezes verticalizadas, porém mantendo elevada independência e discricionaridade de médicos na prescrição de exames e indicação de procedimentos médicos.

Já o modelo das healthtechs, adotado por Alice, Sami e QSaúde, verticaliza apenas o atendimento primário e possui integração contratual com os hospitais para alinhamento dos incentivos entre OPS e prestador. Tal atuação é baseada no value based healthcare, proposto por Porter e Lee (2013), que busca agregar valor para os pacientes com os serviços de saúde ofertados, baseado em uso de tecnologia e integração entre os serviços. Para verificar o impacto destes novos modelos, a pesquisa utiliza a métrica de sinistralidade para avaliar de forma quantitativa suas diferenças em relação às OPS tradicionais. O modelo indica que as healthtechs apresentam sinistralidades significativamente mais baixas, resultado que deve ser visto ainda com cautela, dado o período atípico coberto pelo estudo, por conta da pandemia de Covid-19.

As verticalizadas, em especial a Hapvida/GNDI, são players já estabelecidos e que impõem forte rivalidade nos mercados em que atuam, tendo, inclusive, alcançado a liderança em alguns deles. Destacando-se pelos baixos custos e eficiência no controle da sinistralidade, esses grupos ofertam planos de saúde a preços competitivos, mecanismo que explica seu crescimento de mercado. Já as healthtechs são relativamente novas e ainda não possuem participação relevante de mercado, mas mostram potencial para competir por meio de um modelo de liderança de benefícios, com capacidade de disputar beneficiários nos segmentos de médio e alto padrão.

Os recentes movimentos de consolidação e verticalização do mercado, sob a influência das megafusões entre Hapvida/GNDI e entre Rede D’Or/Sulamérica, apontam para essa tendência de integração e busca de maior eficiência no controle dos custos e acompanhamento da jornada do paciente. É um momento em que se observam diversas oportunidades de impacto e desenvolvimento para o setor de saúde suplementar a partir da adoção de novos modelos e tecnologias.

*Gabriel Silva Takahashi é mestre  em Economia pelo Insper e economista da área de Economia do Direito da LCA Consultores, dedicado aos assuntos de defesa da concorrência

**Paulo Furquim de Azevedo é coordenador do Centro de Regulação e Democracia (CRD) e professor em tempo integral nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado do Insper.

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