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Na 8ª maravilha do mundo: aumento de visitantes e conservação da natureza

Questões-chave para o Parque Nacional Torres del Paine servem para reflexões além-fronteiras.

(JOHAN ORDONEZ/AFP/AFP)
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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 10h00.

Por Renata L Weiss

Considerado a oitava maravilha do mundo, o Parque Nacional Torres del Paine é um ícone do Chile. É um vetor para a conservação em um território marcado pela pecuária. Bem executado, o turismo em parques públicos naturais traz uma série de benefícios para a sociedade e o meio ambiente.

O sucesso de Torres del Paine, com sua demanda crescente, também traz desafios. Suas trilhas mais famosas sofrem pelo excesso de turistas na alta temporada. Incêndios iniciados acidentalmente por turistas já queimaram o equivalente a um quarto da área do parque. Seus recursos financeiros são insuficientes para solucionar tais desafios.

Há um incentivo perverso: quanto maior a receita das áreas protegidas chilenas com o turismo, menores são os aportes governamentais para conservação. O problema, identificado pela ONG Terram, decorre uma vez que todas as receitas de áreas protegidas são somadas na linha de “receita operacional” do orçamento do Sistema de Áreas Protegidas para o ano seguinte, gerando a percepção equivocada de aumento da receita para todo o sistema. Não se leva em conta que, quando a oferta de turismo cresce em uma área protegida, também é necessário aumentar os montantes para a conservação do mesmo local.

As diretrizes internacionais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), a maior rede de conservação da natureza do mundo, recomendam que uma parte da receita do turismo em áreas protegidas seja investida diretamente nas atividades de conservação. O cenário ideal ocorre quando a diversificação de fontes de receita amortiza o orçamento das áreas protegidas frente a choques externos.

Outro desestímulo, vindo da interpretação da política de concessões sobre a lei, é que as atividades de conservação não podem ser delegadas a terceiros. Torres del Paine conta com uma ampla gama de serviços turísticos explorada pela iniciativa privada. Pensar no turismo como uma atividade isolada da conservação gerou um “muro” invisível, aumentando a desconfiança entre os dois lados e desperdiçando oportunidades de soluções público-privadas.

Delegar a operação dos parques permitiria ao setor público desempenhar a sua vocação natural de planejamento e fiscalização, contribuindo para a melhoria dos resultados, na linha de outras concessões existentes no próprio Chile em outros setores. O país está passando por muitas mudanças regulatórias estruturais, o que aumenta as chances de uma revisão sobre os elementos aqui considerados.

* Renata Loew Weiss é Mestre pelo Mestrado Profissional em Políticas Públicas da PUC-Chile.

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Por Renata L Weiss

Considerado a oitava maravilha do mundo, o Parque Nacional Torres del Paine é um ícone do Chile. É um vetor para a conservação em um território marcado pela pecuária. Bem executado, o turismo em parques públicos naturais traz uma série de benefícios para a sociedade e o meio ambiente.

O sucesso de Torres del Paine, com sua demanda crescente, também traz desafios. Suas trilhas mais famosas sofrem pelo excesso de turistas na alta temporada. Incêndios iniciados acidentalmente por turistas já queimaram o equivalente a um quarto da área do parque. Seus recursos financeiros são insuficientes para solucionar tais desafios.

Há um incentivo perverso: quanto maior a receita das áreas protegidas chilenas com o turismo, menores são os aportes governamentais para conservação. O problema, identificado pela ONG Terram, decorre uma vez que todas as receitas de áreas protegidas são somadas na linha de “receita operacional” do orçamento do Sistema de Áreas Protegidas para o ano seguinte, gerando a percepção equivocada de aumento da receita para todo o sistema. Não se leva em conta que, quando a oferta de turismo cresce em uma área protegida, também é necessário aumentar os montantes para a conservação do mesmo local.

As diretrizes internacionais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), a maior rede de conservação da natureza do mundo, recomendam que uma parte da receita do turismo em áreas protegidas seja investida diretamente nas atividades de conservação. O cenário ideal ocorre quando a diversificação de fontes de receita amortiza o orçamento das áreas protegidas frente a choques externos.

Outro desestímulo, vindo da interpretação da política de concessões sobre a lei, é que as atividades de conservação não podem ser delegadas a terceiros. Torres del Paine conta com uma ampla gama de serviços turísticos explorada pela iniciativa privada. Pensar no turismo como uma atividade isolada da conservação gerou um “muro” invisível, aumentando a desconfiança entre os dois lados e desperdiçando oportunidades de soluções público-privadas.

Delegar a operação dos parques permitiria ao setor público desempenhar a sua vocação natural de planejamento e fiscalização, contribuindo para a melhoria dos resultados, na linha de outras concessões existentes no próprio Chile em outros setores. O país está passando por muitas mudanças regulatórias estruturais, o que aumenta as chances de uma revisão sobre os elementos aqui considerados.

* Renata Loew Weiss é Mestre pelo Mestrado Profissional em Políticas Públicas da PUC-Chile.

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