Mudanças climáticas: um novo conceito para desenvolvimento precisa ser estabelecido
Embora não faltem conceitos para endereçar a sustentabilidade, a prática ainda é falha
Colunista
Publicado em 4 de outubro de 2023 às 06h00.
Entre os dias 17 e 24 de setembro ocorreram dois grandes eventos na cidade de Nova York (EUA): a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas e a Semana do Clima. O primeiro reuniu 193 chefes de Estado para discutir os caminhos para um mundo mais sustentável, limpo, seguro e justo. Já o segundo compreendeu uma sequência de mais de 400 eventos em prol de ações relativas às mudanças climáticas.
Não faltaram casos, empresas, inovações, tecnologias, políticas públicas e exemplos de parcerias público-privadas como perspectivas para tratar a transição energética e mudanças do uso da terra, principais problemas relacionados à emissão de gases do efeito estufa. No entanto, os debates não se limitaram a propostas para soluções de mitigação e adaptação. Seguindo a mesma pauta da Assembleia Geral, diversos aspectos sociais e econômicos foram abordados em prol de um mundo mais justo.
A urgência de ações mais holísticas ganha cada vez mais musculatura, especialmente com o enfraquecimento das organizações multilaterais nos últimos anos e a falha dos governos em concretizar o Acordo de Paris e suas metas. Neste sentido, o primeiro aprendizado quanto a este processo é que os Estados podem coordenar os esforços e políticas públicas, porém a interlocução com as sociedades locais e organizações é proeminente para que as ações se concretizem. Sem a sensibilização e esclarecimento destes atores quanto à real importância das mudanças climáticas e seus impactos globais, pouco se pode concretizar para um mundo melhor.
O segundo aprendizado é quanto à necessidade de colocar um novo modelo de desenvolvimento em prática. Embora não faltem conceitos para endereçar a sustentabilidade, a prática ainda é falha. E, ao colocar a natureza no centro do debate de desenvolvimento, muitos modelos de negócios, inovações, processos, estilo de vida precisam ser modificados, pois estão desalinhados com o que se precisa entender por desenvolvimento. Valores como preservação, modelos de negócios positivos para o meio ambiente e para a sociedade local, financiamento verde e equitativo pautaram distintos debates e são a base para reelaboração de estratégias de negócios e relações sociais.
Para o Brasil, há a ressignificação de seu modelo de desenvolvimento como país. A extração não deve ser a única forma de rentabilizar empresas, gerar emprego e divisas para o Estado. A floresta, povos tradicionais, modelos integrados, tecnologias mitigadoras e adaptadas à pluralidade de seus biomas deve ser uma prática de negócios, financiada por bancos e por projetos de desenvolvimento socioeconômicos que priorizem o clima e a natureza como vanguarda para a população.
O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis, o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.
*Fernanda K. Lemosé pesquisadora associada na Universidade de York e no Insper (Metricis/IAG). Doutora em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (FEA/USP).
Entre os dias 17 e 24 de setembro ocorreram dois grandes eventos na cidade de Nova York (EUA): a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas e a Semana do Clima. O primeiro reuniu 193 chefes de Estado para discutir os caminhos para um mundo mais sustentável, limpo, seguro e justo. Já o segundo compreendeu uma sequência de mais de 400 eventos em prol de ações relativas às mudanças climáticas.
Não faltaram casos, empresas, inovações, tecnologias, políticas públicas e exemplos de parcerias público-privadas como perspectivas para tratar a transição energética e mudanças do uso da terra, principais problemas relacionados à emissão de gases do efeito estufa. No entanto, os debates não se limitaram a propostas para soluções de mitigação e adaptação. Seguindo a mesma pauta da Assembleia Geral, diversos aspectos sociais e econômicos foram abordados em prol de um mundo mais justo.
A urgência de ações mais holísticas ganha cada vez mais musculatura, especialmente com o enfraquecimento das organizações multilaterais nos últimos anos e a falha dos governos em concretizar o Acordo de Paris e suas metas. Neste sentido, o primeiro aprendizado quanto a este processo é que os Estados podem coordenar os esforços e políticas públicas, porém a interlocução com as sociedades locais e organizações é proeminente para que as ações se concretizem. Sem a sensibilização e esclarecimento destes atores quanto à real importância das mudanças climáticas e seus impactos globais, pouco se pode concretizar para um mundo melhor.
O segundo aprendizado é quanto à necessidade de colocar um novo modelo de desenvolvimento em prática. Embora não faltem conceitos para endereçar a sustentabilidade, a prática ainda é falha. E, ao colocar a natureza no centro do debate de desenvolvimento, muitos modelos de negócios, inovações, processos, estilo de vida precisam ser modificados, pois estão desalinhados com o que se precisa entender por desenvolvimento. Valores como preservação, modelos de negócios positivos para o meio ambiente e para a sociedade local, financiamento verde e equitativo pautaram distintos debates e são a base para reelaboração de estratégias de negócios e relações sociais.
Para o Brasil, há a ressignificação de seu modelo de desenvolvimento como país. A extração não deve ser a única forma de rentabilizar empresas, gerar emprego e divisas para o Estado. A floresta, povos tradicionais, modelos integrados, tecnologias mitigadoras e adaptadas à pluralidade de seus biomas deve ser uma prática de negócios, financiada por bancos e por projetos de desenvolvimento socioeconômicos que priorizem o clima e a natureza como vanguarda para a população.
O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis, o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.
*Fernanda K. Lemosé pesquisadora associada na Universidade de York e no Insper (Metricis/IAG). Doutora em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (FEA/USP).