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Last-mile delivery, responsabilidade social e resiliência em cadeias de suprimentos

O que será que last-mile delivery, responsabilidade social e resiliência em cadeias de suprimentos têm a ver?

Com o crescimento do e-commerce, principalmente depois da pandemia, nós compramos cada vez mais através de plataformas de e-commerce, sites e afins (Leandro Fonseca/Exame)
Insper Metricis

Blog Impacto Social

Publicado em 14 de julho de 2023 às 12h43.

O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis , o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Fernando Picasso*

O que será que last-mile delivery (entrega de um produto ao consumidor final), responsabilidade social e resiliência em cadeias de suprimentos têm a ver? Respondendo de forma direta: tudo! Com o crescimento do e-commerce, principalmente depois da pandemia, nós compramos cada vez mais através de plataformas de e-commerce, sites e afins. De acordo com dados de mercado, em 2022, as vendas por essas plataformas cresceram cerca de 20% [1] e a tendência é que esse setor continue a se expandir nos próximos anos [2].

É importante destacar que o e-commerce trouxe vários benefícios para nós, consumidores, como comodidade, conveniência e acesso a uma variedade enorme de produtos. Quando paramos para pensar como esses produtos chegam até nós (muitas vezes nem pensamos), trazemos à tona uma parte crucial para que todo esse negócio aconteça: o entregador. Seja a entrega do produto ao consumidor final feita por bicicleta, moto, carro ou outros meios de transporte, o entregador é um elo fundamental nessa cadeia de suprimentos, garantindo que os produtos vendidos através do e-commerce cheguem até o seu destino. Esses entregadores, que ligam grandes plataformas de e-commerce ao consumidor final, tendem a ser o elo mais frágil dessa cadeia de suprimentos, pois, na média, ganham um salário baixo, têm pouco ou nenhum direito já que são considerados trabalhadores autônomos e ainda recebem uma pressão constante para entregas cada vez mais rápidas. Por exemplo, o salário médio de um motoboy em São Paulo fica em torno de R$1.500 [3].

Paralisação

Em 2020, entregadores fizeram uma paralisação para reivindicar melhores condições de trabalho [4], interrompendo várias entregas. Apesar de algumas leis já existirem para respaldar a atividade desses profissionais e outras estarem em desenvolvimento [5], é importante que as plataformas de e-commerce desenvolvam mecanismos de responsabilidade social para que esses entregadores tenham condições melhores de trabalho. Em alguns casos, esses profissionais não contam nem com infraestrutura mínima com área para descanso, banheiro e acesso à carregadores de celular. Dessa forma, alguns mecanismos de responsabilidade social aqui deveriam focar em melhores salários, fornecimento de infraestrutura mínima, menos pressão na velocidade de entrega etc.

Então, quando pensamos na relação entre entregas de last-mile, responsabilidade social e resiliência nas cadeias de suprimentos pela perspectiva do elo mais frágil em uma cadeia de suprimentos, nesse caso os entregadores, vemos que é crítico que as plataformas de e-commerce e outras organizações pensem em práticas de responsabilidade social como forma de melhorar a condição de trabalho desses entregadores, garantindo assim a resiliência dessas cadeias de suprimentos ou, em outras palavras, a continuidade do fluxo de produtos de suas operações aos consumidores finais.

* Fernando Picasso é doutor em administração pela FGV – EAESP e professor no Insper, onde leciona as disciplinas de Gestão da Cadeia de Suprimentos e Riscos e Resiliência em Cadeias de Suprimentos. Seus temas de pesquisa incluem sustentabilidade e risco e resiliência em cadeias de suprimentos.


[1] Link: https://www.insper.edu.br/noticias/o-brasil-esta-entre-os-paises-com-maior-crescimento-de-vendas-online/

[2] Link: https://dados.abcomm.org/previsao-de-vendas-online

[3] Link: https://www.salario.com.br/quanto-ganha/entregador-rappi-ifood-uber-eats-loggi/

[4] Link: https://vejasp.abril.com.br/cidades/entregadores-de-aplicativo-protesto

[5] Link: https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/mobilidade/2023/04/15449884-nova-proposta-de-regulamentacao-trabalhista-para-motoristas-e-entregadores-de-aplicativos-como-uber-e-ifood-e-apresentada-veja-os-detalhes.html

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O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis , o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Fernando Picasso*

O que será que last-mile delivery (entrega de um produto ao consumidor final), responsabilidade social e resiliência em cadeias de suprimentos têm a ver? Respondendo de forma direta: tudo! Com o crescimento do e-commerce, principalmente depois da pandemia, nós compramos cada vez mais através de plataformas de e-commerce, sites e afins. De acordo com dados de mercado, em 2022, as vendas por essas plataformas cresceram cerca de 20% [1] e a tendência é que esse setor continue a se expandir nos próximos anos [2].

É importante destacar que o e-commerce trouxe vários benefícios para nós, consumidores, como comodidade, conveniência e acesso a uma variedade enorme de produtos. Quando paramos para pensar como esses produtos chegam até nós (muitas vezes nem pensamos), trazemos à tona uma parte crucial para que todo esse negócio aconteça: o entregador. Seja a entrega do produto ao consumidor final feita por bicicleta, moto, carro ou outros meios de transporte, o entregador é um elo fundamental nessa cadeia de suprimentos, garantindo que os produtos vendidos através do e-commerce cheguem até o seu destino. Esses entregadores, que ligam grandes plataformas de e-commerce ao consumidor final, tendem a ser o elo mais frágil dessa cadeia de suprimentos, pois, na média, ganham um salário baixo, têm pouco ou nenhum direito já que são considerados trabalhadores autônomos e ainda recebem uma pressão constante para entregas cada vez mais rápidas. Por exemplo, o salário médio de um motoboy em São Paulo fica em torno de R$1.500 [3].

Paralisação

Em 2020, entregadores fizeram uma paralisação para reivindicar melhores condições de trabalho [4], interrompendo várias entregas. Apesar de algumas leis já existirem para respaldar a atividade desses profissionais e outras estarem em desenvolvimento [5], é importante que as plataformas de e-commerce desenvolvam mecanismos de responsabilidade social para que esses entregadores tenham condições melhores de trabalho. Em alguns casos, esses profissionais não contam nem com infraestrutura mínima com área para descanso, banheiro e acesso à carregadores de celular. Dessa forma, alguns mecanismos de responsabilidade social aqui deveriam focar em melhores salários, fornecimento de infraestrutura mínima, menos pressão na velocidade de entrega etc.

Então, quando pensamos na relação entre entregas de last-mile, responsabilidade social e resiliência nas cadeias de suprimentos pela perspectiva do elo mais frágil em uma cadeia de suprimentos, nesse caso os entregadores, vemos que é crítico que as plataformas de e-commerce e outras organizações pensem em práticas de responsabilidade social como forma de melhorar a condição de trabalho desses entregadores, garantindo assim a resiliência dessas cadeias de suprimentos ou, em outras palavras, a continuidade do fluxo de produtos de suas operações aos consumidores finais.

* Fernando Picasso é doutor em administração pela FGV – EAESP e professor no Insper, onde leciona as disciplinas de Gestão da Cadeia de Suprimentos e Riscos e Resiliência em Cadeias de Suprimentos. Seus temas de pesquisa incluem sustentabilidade e risco e resiliência em cadeias de suprimentos.


[1] Link: https://www.insper.edu.br/noticias/o-brasil-esta-entre-os-paises-com-maior-crescimento-de-vendas-online/

[2] Link: https://dados.abcomm.org/previsao-de-vendas-online

[3] Link: https://www.salario.com.br/quanto-ganha/entregador-rappi-ifood-uber-eats-loggi/

[4] Link: https://vejasp.abril.com.br/cidades/entregadores-de-aplicativo-protesto

[5] Link: https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/mobilidade/2023/04/15449884-nova-proposta-de-regulamentacao-trabalhista-para-motoristas-e-entregadores-de-aplicativos-como-uber-e-ifood-e-apresentada-veja-os-detalhes.html

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