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Investimentos ESG: retornos maiores ou mitigação de riscos?

O aumento da demanda por esses títulos tem elevado o preço das ações das empresas com maior escore ESG

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isabelarovaroto

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 09h12.

Várias gestoras lançaram recentemente fundos e ETFs que possuem como estratégia a compra de títulos de empresas com escore alto ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança) e anunciam que esses investimentos gerarão um retorno superior aos benchmarks tradicionais de mercado. O aumento da demanda por esses títulos tem elevado o preço das ações das empresas com maior escore ESG, assim como reduzido a taxa de juros de suas dívidas e diminuído o custo de capital das empresas sustentáveis. As evidências empíricas de diversos estudos acadêmicos, entretanto, são ambíguas. Se por um lado algumas pesquisas indicam que investidores de ativos mais sustentáveis têm retornos ajustados ao risco maiores, outras mostram que os retornos são menores. Os resultados variam de acordo com o país, classes de ativos analisadas, período e métricas de sustentabilidade. Um risco de se vender investimentos ESG como uma promessa de retornos superiores é que várias gestoras podem não conseguir entregar isso, frustrando investidores que buscam apenas retornos financeiros.

Se considerarmos que ESG é um fator de risco, quanto melhores as práticas de uma empresa, menor deveria ser seu risco e, consequentemente, menor deveria ser a taxa exigida de retorno. Em equilíbrio, os ETFs e fundos com escore ESG alto deveriam ter uma expectativa de retorno menor do que benchmarks de mercado e os investimentos com escore ESG baixo, retornos maiores. Isso já é observado em ações de empresas de jogos, bebidas e cigarros, que geram retorno mais alto que seus benchmarks. Como essas ações entram no screening negativo de vários investidores institucionais, precisam pagar mais para atrair capital para financiar seus projetos.

O fator de risco ESG, porém, não deve estar bem precificado nos títulos da maior parte das empresas. Possivelmente as empresas mais sustentáveis estão sendo negociadas a um preço abaixo de seu valor justo, explicando os retornos superiores de alguns fundos e ETFs com escores ESG alto. Essas ineficiências, entretanto, tornar-se-ão mais raras à medida que a demanda por títulos sustentáveis aumente.

A estratégia correta para atrair investidores para a classe ESG é mostrar que esses investimentos permitem uma mitigação de risco, e não necessariamente um retorno superior. Brandon, Krueger e Mitali mostram neste trabalho [4] que carteiras mais sustentáveis são mais resilientes a riscos ambientais. Analisaram o retorno de 15 investidores institucionais após 20 desastres naturais ocorridos nos EUA entre 2002 e 2013. Quanto maior o escore ESG da carteira, especialmente o E (da sigla em inglês para ambiental), maior o retorno que sucedeu ao desastre. A relação positiva entre retorno e sustentabilidade foi mais alta em períodos mais recentes, consistente com o recente aumento de demanda por essa classe de ativos, e os investidores com horizontes de investimento de mais longo prazo foram os que tiveram maior retorno, consistente com maiores ganhos de ineficiência em investimentos mais antigos.

Num cenário de agravamento do aquecimento global, em que desastres naturais ficam mais frequentes, o risco socioambiental torna-se mais perceptível. Investidores, consumidores, clientes e governo aumentarão a punição e a retaliação a empresas com práticas ESG ruins. Nesse cenário, investimentos com escore ESG alto oferecem proteção de capital. Isso é uma consideração importante para investidores que querem preservar a riqueza de seus patrocinadores no longo prazo, como famílias, fundos de pensão e fundos soberanos. Mais do que isso, empresas que deixarem de lado as práticas ESG podem perder (e muito) a relevância futura.

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Várias gestoras lançaram recentemente fundos e ETFs que possuem como estratégia a compra de títulos de empresas com escore alto ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança) e anunciam que esses investimentos gerarão um retorno superior aos benchmarks tradicionais de mercado. O aumento da demanda por esses títulos tem elevado o preço das ações das empresas com maior escore ESG, assim como reduzido a taxa de juros de suas dívidas e diminuído o custo de capital das empresas sustentáveis. As evidências empíricas de diversos estudos acadêmicos, entretanto, são ambíguas. Se por um lado algumas pesquisas indicam que investidores de ativos mais sustentáveis têm retornos ajustados ao risco maiores, outras mostram que os retornos são menores. Os resultados variam de acordo com o país, classes de ativos analisadas, período e métricas de sustentabilidade. Um risco de se vender investimentos ESG como uma promessa de retornos superiores é que várias gestoras podem não conseguir entregar isso, frustrando investidores que buscam apenas retornos financeiros.

Se considerarmos que ESG é um fator de risco, quanto melhores as práticas de uma empresa, menor deveria ser seu risco e, consequentemente, menor deveria ser a taxa exigida de retorno. Em equilíbrio, os ETFs e fundos com escore ESG alto deveriam ter uma expectativa de retorno menor do que benchmarks de mercado e os investimentos com escore ESG baixo, retornos maiores. Isso já é observado em ações de empresas de jogos, bebidas e cigarros, que geram retorno mais alto que seus benchmarks. Como essas ações entram no screening negativo de vários investidores institucionais, precisam pagar mais para atrair capital para financiar seus projetos.

O fator de risco ESG, porém, não deve estar bem precificado nos títulos da maior parte das empresas. Possivelmente as empresas mais sustentáveis estão sendo negociadas a um preço abaixo de seu valor justo, explicando os retornos superiores de alguns fundos e ETFs com escores ESG alto. Essas ineficiências, entretanto, tornar-se-ão mais raras à medida que a demanda por títulos sustentáveis aumente.

A estratégia correta para atrair investidores para a classe ESG é mostrar que esses investimentos permitem uma mitigação de risco, e não necessariamente um retorno superior. Brandon, Krueger e Mitali mostram neste trabalho [4] que carteiras mais sustentáveis são mais resilientes a riscos ambientais. Analisaram o retorno de 15 investidores institucionais após 20 desastres naturais ocorridos nos EUA entre 2002 e 2013. Quanto maior o escore ESG da carteira, especialmente o E (da sigla em inglês para ambiental), maior o retorno que sucedeu ao desastre. A relação positiva entre retorno e sustentabilidade foi mais alta em períodos mais recentes, consistente com o recente aumento de demanda por essa classe de ativos, e os investidores com horizontes de investimento de mais longo prazo foram os que tiveram maior retorno, consistente com maiores ganhos de ineficiência em investimentos mais antigos.

Num cenário de agravamento do aquecimento global, em que desastres naturais ficam mais frequentes, o risco socioambiental torna-se mais perceptível. Investidores, consumidores, clientes e governo aumentarão a punição e a retaliação a empresas com práticas ESG ruins. Nesse cenário, investimentos com escore ESG alto oferecem proteção de capital. Isso é uma consideração importante para investidores que querem preservar a riqueza de seus patrocinadores no longo prazo, como famílias, fundos de pensão e fundos soberanos. Mais do que isso, empresas que deixarem de lado as práticas ESG podem perder (e muito) a relevância futura.

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