Inovação Orientada à Sustentabilidade: fazer sozinho ou em colaboração?
Inovação Orientada à Sustentabilidade refere-se ao desenvolvimento de tecnologias que diminuam os impactos socioeconômicos e ambientais das empresas
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2021 às 10h00.
Por Priscila Borin Claro
Recentemente participei de um evento sobre a importância da inovação aberta para avanços na agenda de sustentabilidade das empresas. Inovação Orientada à Sustentabilidade (IOS) refere-se ao desenvolvimento de tecnologias que diminuam os impactos socioeconômicos e ambientais negativos das empresas. As IOS podem ser agrupada em 4 categorias. A primeira refere-se a mudanças na operação e nos processos internos de uma empresa para reduzir poluição e riscos. A segunda diz respeito a alterações no gerenciamento do produto ou serviço ao longo de toda a cadeia de suprimentos.
Em ambas as categorias, os resultados são associados ao conceito inovação incremental. O terceiro e quarto grupos são relacionados a mudanças que vão além das rotinas e do conhecimento comum, envolvendo inovações radicais. Nas duas últimas, a premissa é que a empresa consiga explorar novos mercados, produtos ou clientes a partir do desenvolvimento de tecnologia limpa, bem como pela consideração das necessidades dos consumidores da base da pirâmide, como oportunidade de inovação do modelo de negócio ou de diversificação.
Inovações nas categorias 1 e 2 têm sido desenvolvidas internamente pelas próprias companhias, enquanto as mudanças radicais têm apresentado maior sucesso no formato aberto, fora das fronteiras da empresa e em colaboração com parceiros externos. Nesta linha, o investimento em aceleradoras corporativas tem sido visto pelas empresas como uma alternativa eficaz para o desenvolvimento de IOS radicais. Uma das justificativas para o uso de aceleradoras é que a pesquisa e a implementação de IOS radicais requerem um conjunto amplo e diverso de ativos e competências que podem não estar disponíveis dentro das fronteiras de uma única empresa. Além disto, é necessário realizar ajustes estruturais e culturais que não são triviais.
Os benefícios são enormes, segundo representantes de empresas. O mais evidente é relacionado ao potencial de diversificação verde ou social e criação de novos fluxos financeiros. Talvez o mais importante seja a transferência de conhecimento sobre processos de inovação entre os colaboradores da acelerada e da aceleradora, o que pode influenciar uma transformação cultural em prol da criatividade e inovação. Um exemplo com bons resultados é o da Ambev. A Aceleradora 100+ surgiu em 2018 quando a empresa divulgou metas ambiciosas de sustentabilidade como forma de atrair empreendedores e startups com ideias para ajudar a empresa a solucionar problemas socioambientais. Em troca, a Ambev oferece mentoria e treinamento e, em alguns casos, investimento. Um exemplo de acelerada é a Deink, que tem uma tecnologia para extrair a tinta do shrink, o plástico que envolve o PET e as latinhas, tornando esse plástico reciclável.
Mais uma vez fica claro que o alcance da sustentabilidade, por meio da inovação, depende de uma visão sistêmica, do desenvolvimento de redes de cooperação e de uma cultura organizacional alinhada à agenda de sustentabilidade.
Por Priscila Borin Claro
Recentemente participei de um evento sobre a importância da inovação aberta para avanços na agenda de sustentabilidade das empresas. Inovação Orientada à Sustentabilidade (IOS) refere-se ao desenvolvimento de tecnologias que diminuam os impactos socioeconômicos e ambientais negativos das empresas. As IOS podem ser agrupada em 4 categorias. A primeira refere-se a mudanças na operação e nos processos internos de uma empresa para reduzir poluição e riscos. A segunda diz respeito a alterações no gerenciamento do produto ou serviço ao longo de toda a cadeia de suprimentos.
Em ambas as categorias, os resultados são associados ao conceito inovação incremental. O terceiro e quarto grupos são relacionados a mudanças que vão além das rotinas e do conhecimento comum, envolvendo inovações radicais. Nas duas últimas, a premissa é que a empresa consiga explorar novos mercados, produtos ou clientes a partir do desenvolvimento de tecnologia limpa, bem como pela consideração das necessidades dos consumidores da base da pirâmide, como oportunidade de inovação do modelo de negócio ou de diversificação.
Inovações nas categorias 1 e 2 têm sido desenvolvidas internamente pelas próprias companhias, enquanto as mudanças radicais têm apresentado maior sucesso no formato aberto, fora das fronteiras da empresa e em colaboração com parceiros externos. Nesta linha, o investimento em aceleradoras corporativas tem sido visto pelas empresas como uma alternativa eficaz para o desenvolvimento de IOS radicais. Uma das justificativas para o uso de aceleradoras é que a pesquisa e a implementação de IOS radicais requerem um conjunto amplo e diverso de ativos e competências que podem não estar disponíveis dentro das fronteiras de uma única empresa. Além disto, é necessário realizar ajustes estruturais e culturais que não são triviais.
Os benefícios são enormes, segundo representantes de empresas. O mais evidente é relacionado ao potencial de diversificação verde ou social e criação de novos fluxos financeiros. Talvez o mais importante seja a transferência de conhecimento sobre processos de inovação entre os colaboradores da acelerada e da aceleradora, o que pode influenciar uma transformação cultural em prol da criatividade e inovação. Um exemplo com bons resultados é o da Ambev. A Aceleradora 100+ surgiu em 2018 quando a empresa divulgou metas ambiciosas de sustentabilidade como forma de atrair empreendedores e startups com ideias para ajudar a empresa a solucionar problemas socioambientais. Em troca, a Ambev oferece mentoria e treinamento e, em alguns casos, investimento. Um exemplo de acelerada é a Deink, que tem uma tecnologia para extrair a tinta do shrink, o plástico que envolve o PET e as latinhas, tornando esse plástico reciclável.
Mais uma vez fica claro que o alcance da sustentabilidade, por meio da inovação, depende de uma visão sistêmica, do desenvolvimento de redes de cooperação e de uma cultura organizacional alinhada à agenda de sustentabilidade.