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ESG: tendências observadas pelo mercado financeiro

Na Carta Anual aos CEOs de 2022, intitulada O Poder do Capitalismo, Fink apresenta sua percepção sobre como esse tema vem evoluindo

Malwee e Marfrig: empresas como protagonistas na sustentabilidade (Witthaya Prasongsin/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2022 às 10h00.

Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco*

Recentemente escrev i sobre como, já há alguns anos, Larry Fink, presidente do Conselho de Administração e diretor executivo da Black Rock, tem demonstrado preocupação sobre a forma como as empresas lidam com as questões socioambientais. Na Carta Anual aos CEOs de 2022, intitulada O Poder do Capitalismo, Fink apresenta sua percepção sobre como esse tema vem evoluindo.

Além do maior envolvimento dos stakeholders na tomada de decisão como critério para distinguir as empresas “verdadeiramente excelentes” das demais, a Black Rock, maior gestora de recursos do mundo, ressalta ainda outros aspectos relacionados à agenda ESG que valem a pena analisarmos. Destaco aqui três deles: a evolução da relação entre trabalhadores e empresa, o uso de tecnologia e investimentos sustentáveis e, por fim, o papel dos governos.

Com relação ao primeiro ponto, Fink destaca como a relação de trabalhado mudou. Os funcionários esperam mais dos seus empregadores, como maior flexibilidade, trabalhos mais significativos e salários maiores. O assunto saúde mental, por exemplo, antes pouco debatido, hoje é pauta de grandes empresas, como escrevi em outra oportunidade. Apontam-se ainda outros desafios sociais, como a evolução da relação dos funcionários com o local físico de trabalho, promoção da igualdade racial, a necessidade de a empresa ter um olhar sobre cuidados infantis e a lacuna entre as expectativas geracionais. Toda essa demanda social para as empresas, de acordo com Fink, é essencial para um capitalismo eficaz. O CEO da Black Rock indica ainda que empresas que não se adaptarem a essa nova realidade devem observar aumento de rotatividade, levando a maiores despesas, queda na produtividade e prejuízo à cultura e à memória corporativa.

O segundo tópico refere-se à tecnologia. Fink aponta que todos os setores serão transformados por tecnologias novas e sustentáveis e, apesar de o ritmo da mudança ser diferente nos países em desenvolvimento e desenvolvidos, todos os mercados exigirão investimentos sem precedentes em tecnologias de descarbonização. Essa realidade já pode ser observada no grande deslocamento de capital para os investimentos sustentáveis, que atingiram US$ 4 trilhões em 2021. Segundo Fink, este é apenas o começo de um deslocamento que está em aceleração. Nesse sentido, o gestor destaca ainda que os próximos unicórnios serão startups que devem ajudar o mundo a se descarbonizar e a tornar a transição de energia acessível para todos os consumidores, através de tecnologias disruptivas e escaláveis.

Por fim, temos o papel dos governos. Segundo Fink, é preciso que os governos forneçam caminhos claros e uma taxonomia consistente para a política de sustentabilidade, regulamentação e divulgação em todos os mercados para apoiar as empresas privadas nesse caminho.

Fink conclui a carta afirmando que o “capitalismo tem o poder de moldar a sociedade e agir como um poderoso catalisador para a mudança”. Seus posicionamentos, como conselheiro da maior gestora do mundo, têm sido enfáticos ao indicar às empresas em que a gestora aloca capital que demonstrem como “assumirão sua responsabilidade com os acionistas, inclusive por meio de práticas e políticas ambientais, sociais e de governança sólidas”. Tal posicionamento não é exceção no mercado. As tendências ESG vêm sendo observadas amplamente, ainda que em menor grau quando comparado à visão da Black Rock.

*Mariana Palandi Medeiros Pacheco é mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui experiência em estratégia de negócios e finanças corporativas, além de estudar e pesquisar temas relacionados à agenda ESG.

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Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco*

Recentemente escrev i sobre como, já há alguns anos, Larry Fink, presidente do Conselho de Administração e diretor executivo da Black Rock, tem demonstrado preocupação sobre a forma como as empresas lidam com as questões socioambientais. Na Carta Anual aos CEOs de 2022, intitulada O Poder do Capitalismo, Fink apresenta sua percepção sobre como esse tema vem evoluindo.

Além do maior envolvimento dos stakeholders na tomada de decisão como critério para distinguir as empresas “verdadeiramente excelentes” das demais, a Black Rock, maior gestora de recursos do mundo, ressalta ainda outros aspectos relacionados à agenda ESG que valem a pena analisarmos. Destaco aqui três deles: a evolução da relação entre trabalhadores e empresa, o uso de tecnologia e investimentos sustentáveis e, por fim, o papel dos governos.

Com relação ao primeiro ponto, Fink destaca como a relação de trabalhado mudou. Os funcionários esperam mais dos seus empregadores, como maior flexibilidade, trabalhos mais significativos e salários maiores. O assunto saúde mental, por exemplo, antes pouco debatido, hoje é pauta de grandes empresas, como escrevi em outra oportunidade. Apontam-se ainda outros desafios sociais, como a evolução da relação dos funcionários com o local físico de trabalho, promoção da igualdade racial, a necessidade de a empresa ter um olhar sobre cuidados infantis e a lacuna entre as expectativas geracionais. Toda essa demanda social para as empresas, de acordo com Fink, é essencial para um capitalismo eficaz. O CEO da Black Rock indica ainda que empresas que não se adaptarem a essa nova realidade devem observar aumento de rotatividade, levando a maiores despesas, queda na produtividade e prejuízo à cultura e à memória corporativa.

O segundo tópico refere-se à tecnologia. Fink aponta que todos os setores serão transformados por tecnologias novas e sustentáveis e, apesar de o ritmo da mudança ser diferente nos países em desenvolvimento e desenvolvidos, todos os mercados exigirão investimentos sem precedentes em tecnologias de descarbonização. Essa realidade já pode ser observada no grande deslocamento de capital para os investimentos sustentáveis, que atingiram US$ 4 trilhões em 2021. Segundo Fink, este é apenas o começo de um deslocamento que está em aceleração. Nesse sentido, o gestor destaca ainda que os próximos unicórnios serão startups que devem ajudar o mundo a se descarbonizar e a tornar a transição de energia acessível para todos os consumidores, através de tecnologias disruptivas e escaláveis.

Por fim, temos o papel dos governos. Segundo Fink, é preciso que os governos forneçam caminhos claros e uma taxonomia consistente para a política de sustentabilidade, regulamentação e divulgação em todos os mercados para apoiar as empresas privadas nesse caminho.

Fink conclui a carta afirmando que o “capitalismo tem o poder de moldar a sociedade e agir como um poderoso catalisador para a mudança”. Seus posicionamentos, como conselheiro da maior gestora do mundo, têm sido enfáticos ao indicar às empresas em que a gestora aloca capital que demonstrem como “assumirão sua responsabilidade com os acionistas, inclusive por meio de práticas e políticas ambientais, sociais e de governança sólidas”. Tal posicionamento não é exceção no mercado. As tendências ESG vêm sendo observadas amplamente, ainda que em menor grau quando comparado à visão da Black Rock.

*Mariana Palandi Medeiros Pacheco é mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui experiência em estratégia de negócios e finanças corporativas, além de estudar e pesquisar temas relacionados à agenda ESG.

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